Não tem jeito. Podem juntar Fred, Cavalieri, Deco, Jean, Wellington Nem, Mariano, Washington Coração Valente, Thiago Neves, Marcão e até o Thiago Silva que nem assim o grito por eles será igual ao grito por Conca. A torcida clama pela volta do argentino desde o dia em que ele nos deixou e de tempos em tempos seu nome reaparece na imprensa e nas redes sociais. Nem precisa ser durante ou mesmo perto das famosas janelas. Tudo o que o querido pavilhão quer é vê-lo novamente nas Laranjeiras, não importa como, desde que seja pra ontem.

Sua idolatria por grande parte da torcida é um fenômeno e ao mesmo tempo uma grande conquista. O rapaz franzino e tímido, que demorou horrores para conseguir dar uma entrevista com uma frase completa sem olhar para o chão, ganhou em campo os corações tricolores. Jogando sempre com raça e com vontade, além de apresentar um futebol de primeira, é um exemplo vivo de como honrar a camisa.

Há de se lembrar de que boa parte dos corações roubados por ele foi das adolescentes tricolores, fato confirmado, em entrevista para o Panorama, pela própria Kaká Soares, líder da T.O. Flu Mulher.

Guardo na memória o seu último jogo com a camisa tricolor. Foi contra o Atlético Paranaense no Brasileirão de 2011. Durante o dia os boatos rolaram soltos e a torcida ficou apreensiva. Sejamos sinceros: todos sabiam, mas se recusavam a acreditar. Os tricolores torciam mais por uma boa jogada do Conca do que por um gol. Porém, apesar de não ter jogado mal, notava-se seu nervosismo. Conseguiu bons passes e belos dribles, mas, apesar do seu esforço, não conseguiu se focar. Ao fim do jogo, a torcida gritava seu nome quase em desespero e ele, visivelmente aflito, correu para o vestiário.

Era o fim da primeira “Era Conca” e o ídolo se tornou um “negócio da China”.

Não posso falar de ídolo sem me lembrar do Professor Walace Cestari. Para ele (e entendo o raciocínio), não tem dessa de ídolo, de adoração. São todos funcionários do Fluminense e se você torce, torce pelo time. Mas enfim, como eu comentei no início do texto, toda hora é hora para pedir o argentino de volta. Se o moço da banca falou que ficou sabendo de alguma coisa, a notícia logo se espalha e se torna uma verdade descoberta com fontes confiáveis. Amaldiçoado seja aquele que enganar a torcida e iludir os corações tricolores. Brigas se espalham pela internet.

Porém, em meio ao turbilhão no qual está o Brasil, surge a ideia de que ele deve voltar ao fim do contrato, mas com a informação – não confirmada, diga-se de passagem – de que ele exige receber o mesmo que o Fred. Acho justo. Se você estivesse no lugar dele, colocado em um pedestal e ganhando o que ganha na China, não faria o mesmo? Lembrando que ele viria ao fim do contrato, logo, a custo inicial zero.

Agora, para colocar lenha na fogueira, darei uma de advogado do diabo. Alguém sabe quem é o Conca de hoje? Fora vídeos no Youtube, alguém acompanha o futebol chinês? Há um desafio em jogar por lá? Quanto tempo ele precisaria para se reacostumar com o nosso futebol? Ele chegaria prestes a completar 31 anos e apesar de estar em boa forma, seu estilo de jogo necessita de um vigor extra. Seria ele ainda o “nosso” Conca? Por favor, não pensem que sou contra a sua volta. Muito pelo contrário! Apenas coloquei aqui alguns pontos que devemos pensar antes até mesmo de cobrá-lo, caso volte mesmo.

Havia um bochicho que ele seria trazido de volta agora mesmo, caso Deco pendurasse as chuteiras. O que, como todos já sabem, não aconteceu. Agora nos resta esperar. Esperar e torcer para não acontecer aquilo que você mais teme – e eu sei que teme, porque eu também temo – lá dentro, escondido pra ninguém perceber: que ele vá parar no clube de regatas.

Sei que muita gente já viu a imagem que estampa este texto, mas com toda a situação e falando de Conca, não pude evitá-la. A foto foi tirada na segunda-feira, durante a manifestação no Rio de Janeiro. É uma situação muito séria, mas não tem como não admirar a presença de espírito do tricolor. Como comentou Marcus Vinícius Caldeira: “O protesto é plural! Cada um com a sua bandeira de luta!”