Viva o futebol carioca! (da Redação)

rubens lopes 2014

A aclamação do nome de Rubens Lopes como presidente da FERJ ontem – até 2018 – chama atenção.

No minguado futebol do Rio de Janeiro ninguém se interessa em trazer alternativas ao modelo vigente. Incrível! Uma coincidência enorme.

Há descontentes, supostamente Fluminense, Vasco e Flamengo, tendo em vista a carta enviada à Federação. Ou realmente, nunca é fácil falar. Na hora H, mais uma vez o Tricolor se viu sozinho.

Todos sabem que nada no futebol se resolve hoje sem os clubes, as federações e a televisão – e essa dita as regras: assim não fosse, os clássicos do Maracanã não teriam passado a ser disputados às quatro da tarde para atender a “praça paulista”, nem dez da noite – com pleno prejuízo dos torcedores, sempre os sacrificados.

Cada clube grande recebeu 5 milhões para disputar o Carioca 2014. Duzentos e sessenta e três mil por jogo. Fazendo o ingresso médio a 15 reais (N carteirinhas com desconto), equivalente a hipotéticos 17.500 pagantes por partida – o que só é possível jogando no Maracanã ou num lotado São Januário, já que nenhum outro estádio da competição tem tamanha capacidade de público.

E justamente pela mentalidade fraca de que o campeonato “já está pago”, é sabido que os clubes têm relaxado na competição local há tempos, principalmente quando possuem outra disputa paralela. Não é o caso do Fluminense, mas ainda assim entra com os reservas. Vá entender.

Arroubos como o extorsivo preço de cem reais por uma arquibancada espantaram a torcida do Flu no jogo contra seu tradicional rival. Um jogo para ninguém, assim como foi Botafogo x Flamengo domingo passado. Equipes centenárias jogando para trezentas pessoas. Arroubos como o de um time ser muito mais transmitido na TV aberta do que os demais.

Por outro lado, um dos estádios mais utilizados nos últimos campeonatos cariocas é o de Moça Bonita. Quem já foi, sabe o que é: sessenta graus à cabeça, nenhuma área de sombra, um verdadeiro martírio. Seria pouco menos pior se tivesse jogos à noite, mas os refletores não funcionam mais. Nem pensar.

A Federação recebe 10%. Sem piadas.

Os clubes adiantaram cotas da TV até 2016.

As declarações de Rubens Lopes são incisivas: “Dizer que hoje estamos satisfeitos com o campeonato, evidente que não. O que me irrita é querer atribuir ao presidente da federação o resultado do campeonato, a expectativa de público. Primeiro que não é a federação que marca jogo para quarta-feira de cinzas às 22h em Volta Redonda, não é a federação que diz que vai escalar time reserva, não é a federação que estabeleceu a fórmula do campeonato, não foi a federação que estabeleceu nada referente a esse campeonato. É a escassez de talentos, horários inadequados, dias inadequados, sem contar o fator segurança e a grande concorrência que a oferta de lazer compete bastante nessa época com o futebol… Concordo que o campeonato precisa ser estudado, revisto, discutido. A Federação apenas cumpre a vontade dos clubes”.

Afinal, então para que serve a Federação mesmo?

Estão destruindo de vez o campeonato que moldou o futebol no Brasil. O mais conhecido, o mais charmoso, outrora mais valorizado que todas as outras competições hoje tão louvadas.

Rubens Lopes é Bangu de corpo e alma. Não foram poucas as vezes em que chegou a ofender o Fluminense, sem maiores reações das Laranjeiras e com o apoio vibrante de boa parte da imprensa esportiva carioca.

Se o campeonato é feito pelos clubes e a Federação não tem qualquer participação na condução do processo do campeonato carioca, aí os 10% passam a ser bastante caros.

Oxalá algum dirigente alvirrubro tenha vontade de providenciar refletores e alguma sombra para os heróis que estarão em Moça Bonita 2015.

Desde 2007, nada.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: GE