Amigos, amigas, se o jogo do último sábado transcorreu em ritmo de rock and roll, o da noite desta quarta-feira foi em ritmo de valsa. Até a torcida na arquibancada, ainda em êxtase pela conquista do Flamengão 2022, parecia meio blasé. Nada daquela cantoria irada e cheia de gás. A trilha sonora vinha mesmo em ritmo de canção e o Maracanã só incendiou mesmo após o primeiro gol.
Estrear na Sul-Americana não era o mundo sonhado para quem tinha a Libertadores como principal alvo na temporada, mas a teimosia de Abel nos trouxe ao cenário atual e é com ele que teremos que lidar daqui pra frente, pensando em vencer, vencer e vencer.
Aliás, falando em teimosia, a última a ser vencida, no meu entendimento, é a insistência com três zagueiros. Que hoje, aliás, andaram comprometendo em equipe, fazendo com que Fábio acabasse se destacando em uma partida em que o Fluminense poderia ter metido uns seis no valente, porém fraco, Oriente Petrolero.
Que até começou o jogo bem assanhado e em momento algum se encolheu na defesa. Quando isso aconteceu, foi porque foi empurrado pelo volume de jogo do Fluminense, que variava de intensidade de acordo com o momento do jogo.
Já lá pelos dez minutos, o Fluminense criara boa oportunidade com Arias e já pressionava os bolivianos, mas o que levantou a torcida foi um drible desconcertante de Fábio no atacante adversário. O Fluminense comandava as ações, lembrando o Fla-Flu, só que com mais facilidade de ficar com a bola, mas com dificuldades de furar o sistema defensivo boliviano, com Ganso comandando o meio de campo e fazendo o time jogar.
Aos poucos, com rápidas trocas de passes, boas viradas de jogo e deslocamentos inteligentes dos atacantes e laterais, o Fluminense foi encontrando o caminho da área adversária. Até que, aos 29 minutos, Yago domina e arrisca de fora da área. Cris da Moldávia pega o rebote e marca seu primeiro como jogador do Flu. Aos 37 minutos, mais uma bela troca de passes, Ganso faz a jogada e Samuel Xavier deixa Arias em posição de arremate. O goleiro não consegue a defesa e o Flu faz 2 a 0, praticamente liquidando a peleja.
Ganso, que fazia o que queria com a bola, quase marca um golaço logo no início do segundo tempo, obrigando o goleiro boliviano a fazer defesa espetacular. O Fluminense até que começou a segunda etapa enfileirando oportunidades, mas o ritmo caiu e o Oriente Petrolero começou até a se tornar perigoso. Abel, então, trocou Ganso e Árias por Willian e Luiz Henrique.
Com sangue novo no ataque, o Fluminense passou a aproveitar o avanço adversário e usar bem os espaços na defesa boliviana. Cano quase marcou aos 26 minutos em jogada espetacular iniciada por Luiz Henrique. No minuto seguinte, porém, Willian levantou na área e, pressionado, o defensor boliviano cabeceou contra as próprias malhas, encobrindo o goleiro.
Abel ainda fez outras substituições, mas acabou descaracterizando o time. Não fazia mais diferença. Agora era hora de curtir a festa da torcida na arquibancada. Com o empate entre Santa Fé e Junior na argentina o Flu assumiu a liderança do grupo e volta a campo na próxima quarta-feira na Colômbia, contra o Junior.
Antes disso, todos ao Maraca no sábado, porque tem estreia do Brasileiro contra o Santos às 16h30. É o campeonato que devemos perseguir como fosse a Terra Prometida. E Abel precisa dar o último passo, abrindo mão dos três zagueiros, para que a grande sinfonia, comandada pelo maestro Ganso, possa pedir passagem e fazer história.
Abel pode escolher entre Martinelli e Nonato para ser a quarta peça no meio de campo, pois ambos têm entendimento com Ganso e o Flu pode reproduzir suas melhores partidas na temporada. Não que a partida contra o Petrolero não tenha sido agradável. É que podemos fazer mais e, quando isso acontecer, temos que pensar no que é possível fazer para melhorar.
Saudações Tricolores.