Vitória 2 x 2 Fluminense (por Paulo-Roberto Andel)

I

Se Aracy de Almeida, a mitológica cantora e jurada de calouros, estivesse no Barradão para dar seus pitacos ao término do primeiro tempo, gravaria: “Não gostei. Dez mangos”. Nem ela, nem eu.

Ainda que o jogo tenha sido nivelado por baixo, o fato é que o Vitória anulou o Fluminense: brecou sua saída de bola, não lhe concedeu espaços e atacou – mesmo sem precisão – com velocidade. Nosso time, sem soluções criativas, com pouquíssima inspiração, só foi chutar uma bola em gol depois dos 25 minutos de partida, com Douglas – que voltou acertando e errando. Em alguns momentos, o preciosismo de Wellington Silva e Orejuela irritou, quase custando caro. E, definitivamente, ligação direta não é o forte do Flu no século XXI, quase sem registros positivos neste quesito.

Com tudo isso, ainda teria sido possível descer para o vestiário com o empate, mas o problema crônico de marcação e cobertura da nossa defesa resultou na liberdade para o jogador mais talentoso do Vitória, Neílton, cara a cara. Bola no canto esquerdo, zagueiros desolados e a inevitável pergunta: se a Primeira Liga era um estorvo para o Flu, onde estava o resultado de dez dias de preparação? Cartas e créditos para o Abelão, depois do intervalo. PS: é certo que o Vitória melhorou e marcou muito bem, mas o Tricolor jogou bem pouco nos primeiros 45 minutos.

II

Sornoza de volta para o segundo tempo, no lugar do apagadíssimo Scarpa.

Mal deu tempo de testar a nova formação e o Fluminense empatou, com Wendel complementando o rebote do bom goleiro Fernando, depois do chute diagonal de Dourado. Ufa! A entrada de Sornoza oxigenou o meio e abriu espaços, já que o colombiano era perseguido por dois ou três rubro-negros, além de afastar a bola da defesa tricolor. Contudo, tecnicamente o jogo não ganhou progresso técnico, mas empolgação sim.

Aos 20 minutos, Wendel cortou pela esquerda e chutou para excelente defesa de Fernando. Kieza, ele mesmo, cabeceou livre para fora aos 23. E Caique Sá, também de cabeça, perdeu aos 25. Emoções lá e cá. Abel resolveu dar uma cartada com a estreia de Robinho, saindo Douglas. Resolveu partir para cima. Pfffff… Com um minuto de jogo, o estreante foi expulso após solar o adversário. Drama à vista outra vez? Nunca se sabe. Para nossa sorte, Patric perdeu um gol inacreditável aos 34. E tome aquecimento de Marcos Jr… em vão: Nogueira precisou entrar no lugar de Henrique.

Susto aos 41: cabeçada de Kanu na trave esquerda. O Vitória, com mais vocação do que talento, tentava ganhar o jogo. Mas aí aos 42, em sua única arrancada na partida – e momento de brilho idem -, Wellington Silva foi derrubado por Talysson. Pênalti cobrado com a categoria de sempre por Henrique Dourado, canto direito do goleiro. Quando tudo parecia salvo e se desenhava uma gigantesca – e até inesperada – virada tricolor, a instabilidade prevaleceu e Kanu empatou de cabeça aos 49 minutos. Que maldição!

Fica novamente a clara frustração de um avião que insiste em não decolar no Brasileirão, mas também a certeza de que é possível reverter o mau sentimento dentro de quatro dias: LDU no Maracanã. É o que temos pela frente, é o caminho. Só nos resta acreditar, é o que a história tem nos ensinado.

Por enquanto não gostei, dez mangos, mas na quinta há de ser diferente – e melhor!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: cesar guedes

1 Comments

  1. A estreia de Robinho foi a estreia mais inesperada da historia do futebol. O camarada deveria pedir perdao publico nao so ao clube, mas ao futebol por tal acontecimento.

Comments are closed.