Amigos, amigas, vivemos na noite de terça-feira um namoro intenso e promissor com o desastre. Terminado o primeiro tempo no Maracanã, contabilizávamos duas oportunidades de gol para o Argentinos Juniors e uma, muito mal aproveitada por Cano, para o Fluminense.
No cômputo geral, foram quatro oportunidades para cada lado. As nossas duas últimas ocorreram a partir dos 41 minutos da segunda etapa e foram as que nos deram, com ou sem mérito, os dois gols salvadores e a vaga nas quartas da Libertadores.
Tivemos em André um risco ambulante. Nosso melhor volante do Brasil andou perdendo bola que quase vira gol, se arriscando em lance que quase vira pênalti e fazendo falta severa que quase vira expulsão.
Lima e Ganso no meio de campo foram improdutivos na tarefa de coordenar, ocupar espaços e criar. Cano pouco apareceu e Keno produziu uma única jogada, que quase termina em gol de cabeça do argentino.
Coube a Jhon Arias ser o único produtivo do meio para a frente, nos dando a impressão de jogar sozinho, mas, como uma andorinha só não faz verão, nossa improdutividade ofensiva foi de comprometer o estado de saúde de qualquer tricolor.
O jogo do Fluminense consistia em tocar bolas com muita dificuldade de furar as linhas inimigas, até que a bola chegava ao colombiano, que era quem tentava fazer alguma coisa produtiva. Foi, aliás, de uma jogada sua, buscando a linha de fundo pela esquerda, após vencer o adversário, que saiu o nosso gol salvador, marcado por Samuel Xavier.
Aliás, vamos destacar a produtividade de Samuel Xavier, com dois gols, nas partidas na Argentina e no Maracanã, que podem se tornar históricos. E a de Jhon Kenedy, que foi protagonista nas duas últimas partidas, com dois gols, uma assistência e um pênalti sofrido. Menção honrosa a Daniel pela assistência espetacular para Jk no segundo gol.
Nada que sinalize sermos capazes de evitar um fracasso na próxima fase, que é o que se desenha se o Fluminense continuar a jogar esse futebol. Com Diniz se reproduzindo em suas convicções descabidas, que nos brindam com um time titular que atua com seis jogadores com mais de 33 anos. E isso só porque Marcelo estava suspenso. Se alguém conhece algum caso de sucesso com tal faixa etária no futebol de alto rendimento e padrão, que nos ilumine o verde da esperança, que mais sobrevive da obstinação, ou estaria desbotado como uma folha que despenca amarela do alto de uma árvore num fim de tarde cinzento de outono.
Para não me alongar muito, Diniz tem dois jogos pelo Campeonato Brasileiro até o primeiro jogo das quartas de final da Libertadores. Urge que reveja sua ideia de time titular e a coloque em prática imediatamente, para que possamos jogar e treinar de acordo com uma proposta razoável, que nos leve a poder contar com mais que a fé para acreditarmos na agora chamada “Glória Eterna”.
Que horror foi o jogo de terça no Maracanã, mas com final de filme de terror em que a mocinha mata o vilão no final. Mata? A julgar pelas tendências, parece que estamos mais diante de episódios de “Sexta-feira Treze” ou de “A Hora do Pesadelo”, em que o vilão nunca morre de verdade e sempre volta no episódio seguinte para nos assombrar.
Ainda que haja o desconsolo de ter que assistir a mais um episódio de filme de terror, quando ansiamos por espetáculos da Broadway, estou feliz com a vitória. Aliás, bota felicidade nisso, mas não suficiente para apagar a má impressão e o desespero perante a já enfadonha cultura tricolor de correr para não chegar.
Tudo bem, eu sei que vocês querem uma solução com nomes, mas eu acho que as amigas e amigos já os tem. Pega o time de ontem e coloca Marlon no lugar de Felipe Melo. Martinelli no lugar de Lima e JK no de Keno. É quase como roubar doce da mão de criança, mas olho também no Ganso, que precisa parar de confundir futebol com balé e começar a pelo menos acertar os passes, mas, pelo potencial que tem, eu não descartaria ainda, embora com os olhos atentos ao futebol de Daniel.
Imagino que vocês queiram saber onde fica Leo Fernández nessa equação. Não acho que seja o substituto de Ganso, mas de Arias, que só tem permissão para não jogar mediante apresentação de atestado de óbito. Outra opção para usar o uruguaio seria no lugar de um dos atacantes (Cano ou JK) mudando o desenho tático do 4-3-1-2 para o 4-3-2-1, com maior aproximação de Arias do comandante de ataque que restou e maior liberdade para Leo.
Eu prefiro ficar com o sabor da classificação do que com a lição do fracasso, até porque Diniz parece resolvido a não aprender, ou a fingir que não. Tomara que isso mude enquanto é tempo.
Saudações Tricolores!