Luxemburgo treinou com Felipe, mas quem entrou foi Diguinho. Não foi uma simples troca de nomes no meio-campo. Analogamente, foi uma mudança na configuração do videogame de “profissional” para o nível “iniciante”. Não que o Surfista tenha complicado como nas partidas anteriores, mas tudo fica óbvio. Qualquer criança prevê os movimentos do jogo. E mais, o Surfista não fechou a entrada da área.
Outra alteração foi Biro Biro, aberto pela esquerda, no lugar de Wagner e Rhayner pela direita. O garoto deu trabalho aos defensores, mas não tinha com quem dialogar. Passava por um, dois, mas e aí? Ou voltava a bola para o meio-campo, ou encarava mais um e perdia. O Aloprado Rhayner, tentando um novo perfil, de alguém com menos ímpeto e mais inteligência, não conseguiu criar nada pelo lado direito, nem fechou a meia-direita da defesa tricolor. Ou seja, melhor voltar com o estilo tresloucado, mas saindo do banco na metade do segundo tempo para colocar fogo no jogo e não começando. E olhe lá.
O primeiro tempo foi arrastado. Do lado tricolor, a bola rolou com lentidão. As jogadas que levaram mais perigo foram por intermédio de Bruno. O lateral foi algumas vezes ao fundo, mas na hora do cruzamento… Não foi só culpa sua: Rafael Sobis não tem um bom jogo aéreo e o Biro Biro mal consegue subir um meio fio sem um banquinho. Portanto, a defesa do Goiás conseguiu anular essa jogada com tranquilidade. Na marcação, o Fluminense fechou bem a sua intermediária até os 30’. A partir daí, inexplicavelmente, passou a dar espaços e o time goiano conseguiu, seguidamente, levar perigo à meta tricolor. Na primeira chegada mais forte do Goiás, Cavalieri fez uma defesa espetacular. Pouco tempo depois, aos 36’, numa bobeira do trio Rhayner-Bruno-Gum, William Matheus marcou. O gol atingiu a tranquilidade do time. Passes errados e indecisões na marcação foram a tônica até o fim da primeira metade de jogo.
Virou moda: a volta do intervalo foi cheia de novidades. Eduardo no lugar de Diguinho e Igor Julião no de Bruno. Atrás do placar, o Fluminense apossou-se da intermediária do Goiás à procura do empate. Logo no começo, 7’, saiu o primeiro gol tricolor. Numa bola lançada na área, Sobis, mesmo desequilibrado, conseguiu escorar para Jean. O meia comemorou o retorno ao time titular com uma pancada rasteira. A bola bateu na trave, nas costas de Renan e morreu no fundo das redes. Lembrou o gol do próprio Goiás contra o São Paulo na rodada anterior.
Depois de um período de equilíbrio e jogo restrito ao meio-campo, o Fluminense recuou e apostou no contra-ataque. Para tal, Felipe entrou no lugar do inútil Rhayner. Assim, o passe melhoraria e Biro Biro seria acionado em melhores condições. De imediato, isso não aconteceu e o Goiás foi para cima. Walter saía da área e, da intermediária, acionava alguém que se lançava. Carlinhos, que ainda parece cansado, sofreu com os seguidos ataques pelo seu lado.
A pressão continuava, mas a defesa se virava como podia e Cavalieri, o Homem de Gelo, salvava quando era preciso. O goleiraço tricolor mostrou porque Felipão conta com ele na Copa do Mundo de 2014. Além das enormes qualidades debaixo das traves, no jogo de ontem, mostrou que sabe puxar um contra-ataque. Aos 40’, percebeu Felipe livre na intermediária e passou-lhe a bola. O Maestro das Viradas arrancou para o campo inimigo, analisou as possibilidades, esperou o momento certo para que os atacantes alcançassem a última linha da marcação goiana e lançou Biro Biro pela esquerda. A Flechinha Vesga arrancou e nem dominou a bola. Sabia que Rafael Sobis corria livre no meio da área. Não deu outra. Tocou de primeira para o Roqueiro-Popstar. Gol e mais uma virada.
A partir daí, no campo, o Goiás se lançou com tudo para buscar o empate. Pressão, muita pressão. Nas arquibancadas do Serra Dourada, as camisas alaranjadas, com suas luzes próprias, tomaram conta da atmosfera. E, assim, o Chef tricolor serviu seu prato preferido: Virado à Luxemburgo.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @MauroJacome
Foto: http://lancenet.com.br
Pré-revisão: Rosa Jácome
Espetacular como sempre. Um texto bem temperado, tal qual as iguarias que vimos em campo!!!
Valeu, Professor!
Análise perfeita!
Abraço, Mauro!
Obrigado, Fabrício. Tamo junto pelo Fluzão, camarada.
Semana passada, eu avisei que ia dar Fluzão…..quarta feira é dia de mais correria contra o cavalo paraguaio que já está com a língua de fora!
Então, Biro Biro neles.