Venha ser meu vagão! (por Alva Benigno)

pokemon tricolor

IDA

Telefonei hoje de manhã para minha mona predileta, querendo saber dos bafões tricolores da semana, e tome conversa: Francisco Zanzibar me contou de suas travessuras de quinta, até de um momento de reflexão e ternura, mas as de sempre…

Marcou com Charles De Lausanne para irem ao jogo contra a Chapecoense. Também falou com Mister Filhão, mas este ficou um tanto ressabiado em virtude dos últimos acontecimentos: soltou a língua de pano nas redes antissociais como se fosse o Leão Lobo. Resultado: foi ameaçado de virar sparring de lutadores tricolores com braços nodosos. Nossa! Por isso, MF resolveu ir acompanhado das fiéis escudeiras, as Filhettes, para se resguardar.

Charles estranhou quando Zanzi marcou o encontro na estação Arcoverde do Metrô, aquela que provoca arrepios porque tem um Batman no teto. Ao chegar lá, (quase) entendeu tudo: “Numa noite de insônia saí procurando emoções diferentes! Hoje vamos sentir o calor do pobo, Charly!”. Na verdade não entendeu nada: o esquisitão dispensou o garotão do Uber. Mas por que diabos o mais reacionário e infame dos tricolores iria se misturar à plebe? Ora…:

“Charly, você não acha probocante ter alguém encostando em você com todo mundo vendo? Ah, benino! Kkkkkkkkk!”

“Bom, vamos…”

Chegaram à Central. Lá, uma multidão à espera do trem: trabalhadores e estudantes voltando para suas casas. O Macunaíma Gay não estava nem aí para os suores, os cheiros de perfumes baratos, o calor do povo. Deu uma gostosa banana para seu racismo abjeto. Queria ser roçado, isso estava acima de qualquer coisa. Seus olhos brilhavam. Meneava o cabelo acaju padrão Perucas Lady e sorria. Charly parecia atônito: não entendia o colega reaça colando na massa da gare. Era fácil, da outra vez Chiquinho havia entrado em puro êxtase bancando o Manjílson.

Num momento, tudo mudou: antes do trem partir, percebeu que o vagão estava ocupado por um prócer da política das Laranjeiras: ninguém menos do que P. T. Grau. Imagine quem estava ao lado? Ele mesmo: o street fighting man da voz de trovão de Álvaro Chaves, com sua estampa de tira do Core, A. Gonzalez! Deu pânico na discoteca: inspirando e expirando ódio pelas narinas empoeiradas e cafungantes – sonhando com a grisalha de P. Sim, outro prócer eterno e mentor de Filhão -, Chiquinho bateu pezinho no vagão apertado e perdeu completamente a vontade de ser cortejado por desconhecidos. Seu ódio por AG se mistura com uma imensa vontade de realizar um romance privado e respeitoso mas, sempre esnobado pelo líder político fortão, chega a urrar de raiva por dentro, numa mistura de sentimentos. Mas, para não perder o costume, ele dá uma leve espiadinha em Grau, que conversava com o strong fighter. Há quem diga que Chiquinho, Filhão e Pokémon Tricolor são a mesma pessoa, uma tríade, três espíritos de porco num só corpo safado e, se eu não fosse a autora desta coluna, talvez acreditasse nessa hipótese. Agora, que eles são carne, unha, cutícula e esmalte uns dos outros, ah, isso são…

Pediu licença a Charles e, para abstrair, pegou o fone, pôs nos ouvidos e nunca um vagão de trem ouviu tão alto a canção “You make me feel (mighty real)”, do lendário Sylvester, o artista que inspirou o tricolor Jorge Lafond a criar o personagem “Vera Verão”, de muito sucesso anos atrás na TV. O delicado amigo apenas sorria de canto de boca. A verdade irrefutável é que Chiquinho vê em Gonzalez uma espécie de kriptonita, que o deixa molenga, sem forças e de olhinhos fechados. Com sua trilha sonora, passou a distrair a frustração pela completa impotência para o sexo safado, depois de ver seu sex symbol e nada poder fazer para satisfazer seus desejos homoeróticos.

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Quarenta minutos depois, estava na Baixada. Ao sair da estação, quase desmaiou ao saber do ocorrido que abalara o Brasil: a terrível fatalidade acontecida ao ator Domingos Montaigner, falecido por afogamento. Diz Charles que Chiquinho quase chorou. Por essas e outras é que ainda acredito na recuperação de seu caráter. Subitamente ele resmunga para Charles: “Era um bofe com tudo pela frente!”. É, a vida como ela é.

Chico acertou um trocado com o controle da roleta e, claro, furou a fila de dezenas de tricolores. Certas coisas nunca mudam.

O JOGO

Bofinhos, bofões e bofaços. Chiquinho encontrou com Dani Califórnia, seu velho escudeiro de sauna, sempre de olho nos juvenis e, politiqueiro como nunca, perguntou:

“É verdade que você está apoiando o Silva no Flu?”

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Uma gargalhada e um abraço selaram o encontro de duas bibas admiráveis. Como sempre, Charles só admirou.

No campo, ficou complicado. Depois de um bom primeiro tempo, o Fluminense ficou desfigurado: Levir Culpa parecia uma Filhette no Twitter – só fez besteira -, e o time sofreu a virada da Chapecoense no fim da partida.

Para Chiquinho, só se salvou o rosto do Marquinho, de barba feita e bem gallant. E o Ceifador, que é perna de pau mas tem um olhar misterioso, sexy. Esse nosso Macunaíma é um depravado!

EDSON PASSOS X COPACABANA

Voltando para o trem com Charles, Chiquinho desabafou: “O que me deu azar foi ver aquele maldito do meu coração no trem. Aquilo me desconcertou! Ele me deixa bege! Sabia que ia dar tudo errado hoje: foi só vê-lo que perdi minha zoada no trem, meu ator bofão morreu, meu time perdeu e não encontramos um filhadaputa que nos desse carona! Mas agora a Maria Padilha vai descer, ê, ê!

Adentrando a estação, ele avisa Charles para irem lá para a frente, pegando o primeiro vagão, que nem estava tão cheio. Ao entrarem, a bicha velha perde a linha e Charly fica violeta de vergonha:

– O Flu perdeu mas eu não vou perder não! Quem manda nesse puteiro sou eu, que refundei o club. Eu sou a locomotiva tricolor: quem quiser ser meu vagão que VENHAAAAAAAAAAA!

Dois garotões estilo General Osório riem, levantam-se de seus lugares e começam a papear com Chiquinho, que responde todo sorrisos. Talvez tivessem visto a chance de faturar o troco dos ingressos. Chiquinho puxou o envergonhado Charles e disse:

– Este é Charles de Lausanne, um homem de bem, tricolor de fé e esperança contra a corrupção neste país. Meu nome é Francesco Zanzibar & Zanzibar, mas pode me chamar de Janeiro, ops!, desculpe, Zanzi.

– Muito prazer, Zanzi, eu sou o Lalá e esse é o Mimi.

– Nossa, que nomes engraçados. Vocês vão para o Metrô?

– Sim, Ipanema, Farme de Amoedo.

Chiquinho sorriu. Estava dada a senha. Subitamente deixou de lado a paixão por AG, parou de suspirar por P. Sim. Azar no jogo, sorte no amor…

Até aqui não havia falado de Esmeralda. Parece que ela foi fazer um treinamento físico em Penedo, coordenado pelo seu personal trainer. Nada que uma noite na Farme não faça esquecer. Abaaaaaaaafaaaaaaa, Filhudaaaa!

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Panorama Tricolor

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