Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura, se é verdade, tanto horror perante os céus?! Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus, se eu deliro ou se é verdade, tanto horror perante os céus?! Meu Deus! Meu Deus! mas que bandeira é esta, que imprudente na Gávea tripudia? O tricolor pendão de minha terra, que a brisa do Brasil beija e balança, estandarte que a luz do sol encerra e as promessas divinas da esperança. Tudo se esvai com mais um grito, de horror e covardia contra toda a torcida, levar mais esse que aqui brilha, nas noites, nos gramados, seu sorriso que hoje apaga, por trocados que não pagam nossa dor e desespero, sem saúde e sem tempero, nos conduz ao esquecimento, ao papel de apenas ser lembrado pelos espasmos do passado, hoje sendo atropelado pelos senhores da razão. Esquartejam o futuro, achincalham o passado, ficaremos cada dia mais distante de gritar: é campeão!
Nessa página infeliz – mais uma de tantas – de nossa história, que outrora gloriosa, criaram um rombo na memória das nossas novas gerações. Enquanto latiam nas arquibancadas e mostravam uma letra com as mãos, nossa gente tão distraída, não percebeu que foi subtraída em outra tenebrosa transação. A linda história de um clube saneado, que precisa vender o futuro e a esperança, para pagar a dívida contraída com atletas do passado, que jamais renderão sequer para o auto sustento no curto e médio prazo.
Jogador da base que dribla e escangalha, eu tenho pra vender, quem quer comprar? Moleques jovens, que salvam sempre que os velhos falham, eu tenho pra vender: quem quer comprar? Se for amigo e me ajudar, deixo sair de graça, com apenas uma comissão, crio história, enrolo em coletiva combinada, boto a culpa em gestão passada, fato público e notório, basta ver para comprovar. Se um garoto pede uma chance de atuar, nos gramados por desfilar, ocupados por aqueles que beiram o ocaso, mas entregam os retalhos, então logo respondo: “Moleque sai daqui, me deixa trabalhar”.