Vendem-se três cores (por Walace Cestari)

três cores

Devo, não nego. Pago quando puder. Depois da saída da Unimed, nossa situação não é das mais confortáveis. Em que pese a velocidade da diretoria em acertar novos patrocinadores e a crise por que todo o país passa, os dias das vacas gordas terminaram de vez. Mesmo se o plano de saúde não houvesse rompido o contrato, os dias não seriam melhores. O fato é que temos problemas: os salários estão atrasados, devemos direitos de imagem e há pendências com premiações e mesmo o 13º salário.

Por outro lado, o que vemos dos jogadores é uma relativa aceitação. Isso ocorre porque, se a diretoria falha na realização financeira e deixa pendências, por outro se mostra transparente e direta com os atletas, o que é positivo.

Óbvio que atrasar salários é uma preocupação, nunca uma desculpa ou justificativa. Não é novidade no futebol brasileiro situações como essa e não se espera nada desse elenco que não seja comprometimento e honra.

Diante desse inquietante quadro, espera-se, claro, que a direção busque soluções e alternativas. De repente, numa dessas jogadas de marketing inacreditáveis, surge a proposta de que o Fluminense “venda” seu mando de campo no jogo contra o Corinthians para o Mané Garrincha. O valor? 850 mil reais em uma tacada só.

Tentador. Um Fausto moderno não resistiria a algo desse tipo. Ainda mais quando secos estão nossos cofres! Mas, qual o verdadeiro preço a se pagar? Sim, a falsa felicidade cobra o preço do eterno servir no inferno.

Trocar o mando de campo por tostões seria abdicar das pretensões esportivas no campeonato. Seria diminuir o tamanho do Gigante Fluminense. Encolher-se diante do cotidiano. Negar suas glórias e tradições. O metal que tilintaria nos cofres – em verdade pouquíssimo tempo lá permaneceria – traria o gosto amargo da pequenez.

E é aí que vem o maior acerto dos últimos tempos desta diretoria. Obrigado, Peter. Não importa o saldo bancário, o vermelho da conta não coloca à venda nossas três cores. Recusar a proposta traz à tona quem somos: candidatos ao título de qualquer competição que disputamos. Podemos não ser favoritos, mas não vamos facilitar contra um rival, pois queremos aquela taça tanto quanto os outros. Ou mais, porque somos o Fluminense.

Essa atitude corajosa de lembrar em alta voz de quem somos nós traz uma obrigação. Sim, eu, você, aquele outro ali… Todos nós, tricolores, vivos e mortos, temos um compromisso na terceira rodada do Brasileirão. Independentemente do resultado deste final de semana, domingo, 24 de maio, nosso lugar é no Maracanã.

Nosso presidente vestiu-se de história para negar o suborno às nossas tradições. Cabe a todos nós, tricolores, mostrar que sua atitude não é ilusão. Os 850 mil não compram o grito de nossa torcida, não compram nosso orgulho, não compram nosso apoio. Juntos, vamos lotar nossa casa.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: pra/guis saint-martin

voleio guis saint martin 27 04 2015

7 Comments

  1. Que vendam jogadores, nossa alma, jamais.
    Parabéns ao presidente pela coragem e pelo respeito a nossa torcida.
    Parabéns Wallace pela crônica, como sempre coerente com nossas tradições.
    S.T.

  2. Veio com mando de outros times. Participei, não estou participando, do sócio tricolor e adivinhem porque. Receber desconto em ingresso para mim??? Desconto na Cerveja???

  3. Caríssimos,

    Algumas considerações:

    1. A Ponte Preta receberá 1 milhão para jogar contra o Palmeiras na Arena Pantanal, mas a proposta para o Flu é de 850 mil? Sério que nosso jogo vale menos que o da Ponte?

    2. Vender o jogo contra o Corinthians é inverter o mando, já que a torcida deles vai, no mínimo, dividir o estádio conosco.

    3. Se a ideia é fazer jogos fora, que não seja contra os rivais, mas contra equipes menores, garantindo que tenhamos a vantagem de jogar com nossa torcida…

    1. Primeiramente, não estou criticando nada e nem ninguem. Concordo que o valor que está sendo oferecido é bem menor do que outros receberam, aliás o Flamerda veio e recebeu 1.200.000 e acho que esse deveria ser o mínimo para ser aceito. Acho, também, que um jogo desse tipo é melhor com casa cheia no maracanã. Porém, estou convicto que o torcedor daqui é torcedor igual o do Rio de Janeiro, e deveria ter um olhar diferenciado dos dirigentes do Flu. O Flu nunca veio aqui quando teve mando de campo.

  4. Olha amigo eu sou a favor da venda do jogo não do mando, pra mim qualquer lugar é casa do Flu … Pra mim foi uma irresponsabilidade do nosso Presidente ceder a pressão da minoria … O Peter continua a ser Banana.

    1. Olha só, concordo em parte com o que diz, mas sou de Brasília e adoraria ver meu time de coração atuar aqui. Gostaria de lembrar que existem tricolores em todas as partes do Brasil e que, por vezes, eles me parecem mais amorosos por nosso time, já que o que ele tem de retorno? se sócio tricolor, o que ganha? a direção do time, o que faz por esses tricolores cidades não cariocas?

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