Vamos fabricar uma crise? (por Zeh Augusto Catalano)

caipiPoucas coisas são mais fáceis de se criar hoje que um caso. O engraçado é que as pessoas, por mais que vejam diariamente as consequências dos atos de outros, persistem nas sandices.

É mole. Basta um cidadão, por exemplo,  mandar a torcida fazer silêncio. Com isso, milhares dos torcedores-testemunhas do malfeito postarão mensagens enfurecidas e você, marrento, por meio de uma personal crise creator, terá sua batata assando feito um bolo de xícara em microondas.

Tá bom… Essa foi fácil. No Maracanã, com todo mundo vendo é mole de criar uma crise. Difícil mesmo é criar uma de dentro de casa. Na privacidade da sua rede social.

Que tal sentar o pau na torcida e ameaçar uma grevezinha? Ninguém vai reparar. Sendo você seguido por uns milhares de torcedores, com a ajuda do algoritmo sem vergonha do tio Zuckerberg certamente só uma meia-dúzia de vagabundos surfistas de redes sociais vai ler isso. Com sorte, ninguém.

Quem teorizou lindamente a privacidade das redes sociais foi a neta do João Havelange. Pensadora moderna, comentou com seu punhado de amigos que já haviam roubado tudo o que podiam na Copa do Mundo. Pra sua surpresa, algum traidor leu e postou pra outros, que contaram pra outros, e outros e outros…

Vergonhoso isso. Onde tá a privacidade nos dias de hoje? Você posta uma besteirinha qualquer pros seus 520 amigos lerem e, em duas horas, aquilo que você comentou na sua redinha de relacionamento online vazou por um ralo qualquer e se esparramou pela web . Irritante!

Viram a infeliz nos estádio do Grêmio? Uma palavrinha. Um xingamentozinho ao goleiro do time adversário e pronto. Olha a desgraça que deu. Que que tinham de estar filmando a moça? Sacanagem.

Dez caipisaquês são suficientes pra causar uma celeuma. Em que mundo vivemos? Cadê minha privacidade?

Felizmente ontem tivemos uma aula de como lidar com uma quase crise. Após uma quizumba até então desconhecida do público, o gerente da seleção brasileira convoca a imprensa para avisar que um dos jogadores tinha acabado de ser defenestrado da seleção por alguma atitude inaceitável, mas que essa já tinha sido tratada internamente e pronto. Pediu inclusive à imprensa que não perguntasse aos outros jogadores o que tinha acontecido. Resolvido o problema. Acabou. Ninguém se interessou mais pelo fato.

Hoje em dia não se pode fazer besteira em canto algum do mundo. Roube um par de skys no Himalaia e você corre o risco de ser filmado e o vídeo ser exibido no Jornal Nacional: “brasileiro rouba sky de sherpa  no himalaia”. Ainda assim, mesmo com o grande irmão olhando tudo por ai, ocorrem episódios obscuros como esse caso Maicon. Ninguém sabe o que ocorreu.

Então, antes que os boatos mais inacreditáveis comecem a ocorrer, convém dar a sua própria versão dos fatos antes que um furacão varra a sua credibilidade embora. Sua, no caso, pode ser a de um cidadão, de um jogador, técnico, dirigente ou clube. Seleção, no caso. Seja lá o que for que tenha acontecido na noite de Miami, ao silenciar, a seleção, Gilmar, Dunga e Maicon viraram passageiros da boataria enlouquecida que circulou na web hoje, na qual a sustância mais inofensiva foi xampu.

Deu alguma cagada? Fale antes. Melhor explicar do que justificar.

Mas acho que não aprendem isso… Dirigente demitido. Dirigente readmitido.

Viva os grandes assessores de imprensa!

abraços

Zeh

Panorama Tricolor

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O ESPÍRITO DA COPA BANNER NOVO

1 Comments

  1. Zeh, sua linha de pensamento me agrada muito. Tem um que sarcasmo e inocência e malandragem. Muito bom!!!!

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