Vaiemos quem merece (por Felipe Fleury)

Antes da segunda partida final contra o Flamengo, na decisão do campeonato carioca, eu havia dito que, independentemente do resultado, o time do Fluminense deveria ser enaltecido. Por quê? Porque é uma equipe que, embora no todo seja limitada tecnicamente, supera-se em brio e atitude dentro de campo, deixando do lado de fora, inclusive, atrasos de salários, algo que não víamos no Fluminense dos últimos anos, quando, até por motivos menos nobres, tinha-se um time que se arrastava em campo, protagonizando episódios vexaminosos que beiravam, verdadeiramente, a indecência.

Hoje, não. Vemos uma equipe que, mesmo com suas limitações, luta, honrando a camisa e o torcedor tricolor. É o que temos, pois foi isso o que o Abel prometeu. Diante de tantos desfalques – em peças importantes – fica difícil manter a regularidade e o Flu tem sido abaixo, bem abaixo do que pode ser, porque só funciona, como vimos nos seus melhores momentos, quando toda a engrenagem está perfeita.

Portanto, absolutamente correta a atitude da torcida no jogo contra o Grêmio, uma partida que durou exatos quatro minutos, de, mesmo sabedora de que uma classificação, que já era difícil, se tornara impossível, apoiar a equipe cantando a plenos pulmões seu amor pelo clube. Não era momento para vaias. Não havia ninguém fazendo “corpo mole” em campo, ao contrário, com um a menos, o time se desdobrou para dignificar a nossa camisa e tentar um gol de honra que, se ocorresse, tenho certeza, faria explodir a torcida tricolor.

Na verdade, após os quatro minutos, tudo o que a torcida queria era a oportunidade de comemorar um único gol, recompensa ao time, que não se entregara, e a ela mesma, que teve a sua esperança ceifada por um árbitro criminoso, mas que não merecia sair do estádio sem comemorar um gol de seu clube amado.

Jamais fui contra a vaia. É um direito legítimo do torcedor, mas deve ser aplicada no momento certo e contra a pessoa certa, aquela que desonra o nome do Fluminense. Enquanto os jogadores estiverem em campo dando a vida pelo clube, devem ser enaltecidos. Não pode ser uma falha, uma desatenção a motivar a torcida contra um ou outro atleta, é preciso mais. A vaia é um castigo grave, que pode até inibir o jogador dentro de campo, piorando sua atuação e, consequentemente a da equipe.

Eu vaiaria, por exemplo, quem deixou o Fluminense nessa situação de quase penúria, que contratou jogadores de péssima qualidade técnica a preços altíssimos e não quem, com honra e brio, dentro e fora de campo, está tentando tirar o Tricolor dessa periclitante situação.

Vaiar é legítimo, mas vaiemos quem merece. O Flu tem se desdobrado para dar alegrias ao seu torcedor, portanto sejamos pacientes com quem está lutando por isso e cobremos daqueles que tem o dever de cuidar dos interesses extra-campo. Tudo tem a sua hora, o apoio ao time, incondicional, pleno, a cobrança, no momento certo, contra as pessoas certas.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

Imagem: f2

1 Comments

  1. O problema é que a torcida do Fluminense não vaia ninguém hoje em dia. Nem quem merece, nem quem não merece. Pelo contrário, elege um “presidente” oriundo do mesmo grupo político do anterior, o qual deixou o clube nessa penúria.

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