Em 1982 – das copas que vi, a que mais reuniu craques em todas as seleções – o lateral esquerdo Júnior lançou um disquinho com a música “Voa, canarinho” que foi um tremendo sucesso. A música tinha no seu refrão: “Voa, canarinho, voa, mostra na Espanha que eu já sei”… e por aí seguia a letra. Uma verdadeira ode à seleção brasileira.

Pois bem: nesse começo de copa claudicante da seleção brasileira, a pergunta que não quer calar é “Vai voar ou não, canarinho”? Ou vai continuar patinando na Copa? Tudo bem que ainda não perdeu. Mas, também ainda não convenceu.

Vejo alguns problemas na seleção brasileira que estão fazendo com ela demore a deslanchar.

O primeiro grande problema é o oba-oba da imprensa brasileira – principalmente da TV Globo – dentro da Granja Comary. Ali é local de trabalho. É para concentrar os jogadores e treiná-los. Mas, em vez disso, é coletiva de imprensa o tempo todo, exclusivas da TV Globo tirando o foco, treinos transmitidos ao vivo, uma verdadeira festa num lugar que deveria ser exclusivamente de trabalho. E essa seleção precisa de muito treino.

Este time foi campeão da Copa das Confederações tendo encaixado seu jogo da terceira partida em diante. O esquema com Neymar e Hulk abertos e Fred centralizado funcionou. Porém, na Copa Hulk não jogou bem o primeiro jogo e no segundo sentiu e não foi a campo. Felipão colocou então Ramires, em tese jogou com três volantes e o que foi ruim no primeiro jogo, desandou. Tentou consertar colocando Bernard aberto no segundo tempo, mas não deu. Custa-me a crer que somos “hulkdependentes”.

Outro problema é que não temos um meia armador passador. Oscar carrega muito a bola, assim como o seu substituto Willian. Não entendo não terem levado um meia atacante clássico como Kaká, Ronaldinho ou Ganso. Mas agora já era. Felipão vai ter que se virar para fazer com que Oscar ou Willian se transformem em passadores

A seleção joga muito espalhada. É preciso compactar esse time até para facilitar a troca de passes.

Não dá para entender o Felipão adotar um centroavante fixo e o esquema não jogar para tal ou não ter jogadas para o centroavante. A bola não chega em Fred nem por um decreto-lei. Inadimissível.

É chegada a hora de um grande esporro no Neymar. Moleque mimado pela mídia com aquele cabelo ridículo e quer jogar todos os holofotes para si. É preciso jogar pro coletivo. Passar a bola para quem estiver melhor colocado. O drible tem que ser a alternativa, não o padrão. Temo ter que depender de um moleque mimado como ele.

Paulinho tá jogando nada. Felipão poderia testar Hernanes no lugar dele.

Daniel Alves, idem. Eu colocaria Maicon no seu lugar.

A hora é essa. Fazer as mudanças agora para entrarmos voando na fase de mata-mata.

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Quem não se encantou com os chilenos? Uma invasão ao Rio de Janeiro. Mais de cinquenta mil. Aliás, não só os chilenos, mais os latino-americanos invadiram o Brasil. Fantástico.

“Yo.. soy chileno… o sentimento… não puede parar… Ole, ole, ole, ola”!

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Mais uma lástima da imprensa essa coisa de defenestrar a seleção espanhola. Caiu numa chave difícil. Jogou mal. Vai voltar pra casa mais cedo. Mas daí a dizer que é uma seleção qualquer, condenar seu jogo e coisa e tal é uma “dor de corno” sem fim. Este time ganhou a Eurocopa e a Copa do Mundo.

Junto com o Barcelona encantou o mundo com seu esquema compacto, de triangulação, sem centroavante e com um volante que sabia sair muito bem.

Encantaram. Ganharam tudo. Mas tudo tem início, meio e fim.

Até a vida.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: pra/rval