Por mais que possa parecer maçante, o assunto Ricardo Drubscky ainda é recorrente no seio da torcida tricolor. Tentei, é verdade, desviar do tema, mas a semana é dele e eu não me conformaria se não expusesse aqui, no Panorama Tricolor, o que penso sobre a sua contratação como técnico do Fluminense.
Nunca acompanhei o trabalho de Ricardo Drubscky e desconheço seus dois livros publicados sobre futebol; enfim, sei pouquíssimo sobre a sua carreira. Treinador de clubes como Atlético Paranaense, Goiás e Vitória, além de outros de menor expressão, e campeão apenas do campeonato paraibano de 2002 e da sére D do Brasileiro em 2011, seria surpreendente se eu, ou qualquer um dos amigos leitores, mortais torcedores, soubéssemos mais sobre o ilustre desconhecido da torcida tricolor.
Exatamente por isso, por não conhecê-lo, qualquer prognóstico sobre a sua futura “experiência” como treinador de um clube da grandeza do Fluminense é temerário e pode até chegar a ser leviano, quando se antecipa a sua incapacidade de dar ao Tricolor o que ele efetivamente merece, um comandante que organize taticamente o time, dê sentido de equipe e, principalmente, ajude a trazer os títulos que a torcida anseia. Essa percepção negativista de grande parte da torcida ao seu anúncio como substituto de Cristóvão Borges se lastreia no seu currículo de mais de vinte anos como treinador, um currículo que, evidentemente, não está à altura de quem se credencia a comandar um grande clube do futebol nacional, mas, sobretudo, em virtude de não ser, quanto à sua reputação futebolística, muito diferente do seu antecessor que não deu certo.
Muito embora seja limitada em expressividade a sua vida profissional como técnico de futebol, não será apenas o seu passado que dirá o que poderá fazer no presente. Se fosse por isso, outros tantos nomes reconhecidos no cenário futebolístico nacional jamais teriam tido a oportunidade de despontar nesse universo. Não se pode antecipar o seu sucesso, tampouco o seu fracasso. Como homem digno que se apresenta, deve-se dar tempo para que desenvolva o seu trabalho e mostre o quanto pode ou não ser útil ao Fluminense, independentemente da sua parca notoriedade como treinador de futebol, o que não significa, necessariamente, que seja incompetente. Talvez seja apenas questão de não ter tido as oportunidades certas.
Isso não quer dizer, contudo, que a diretoria agiu acertadamente ao contratá-lo. Drubscky é um “tiro no escuro”, uma aposta que pode ou não dar certo, enquanto o Fluminense, enorme que é, não deveria mais se submeter ao acaso, sobretudo no que concerne ao comando técnico de seu futebol. Verdade seja dita, o Tricolor não é clube que seja desafio para ninguém, pois desafios sugerem incertezas. Quando um novo jogador ou treinador afirma, no momento em que dá a sua primeira entrevista como recém-contratado, que o clube será um desafio em sua carreira, podemos esperar alguém que dará o seu máximo, mas nem sempre esse “máximo” será o suficiente para as expectativas de quem contratou.
O Fluminense, por tudo que representa, sempre deverá procurar os melhores profissionais. Assim como reconheceu a Fred a sua merecida importância, dando-lhe um novo contrato em elevados valores, também deveria reconhecer igual relevância ao técnico de futebol, uma vez que é o estrategista, o organizador, o pensador e, por vezes, até o psicólogo da equipe. E é ele quem, também, indiscutivelmente, perde ou ganha jogos.
Não foi isso, porém, o que aconteceu. A direção tricolor, mesmo após a malsucedida investida em Cristóvão Borges, tornou a acreditar que a solução para os problemas do Flu viria novamente do “bom, bonito e barato”. O que trouxe Drubscky ao Fluminense foi menos o seu perfil de estudioso do futebol do que o seu preço. Isso ficou bastante claro quando foi dito que o treinador se adequava à nova realidade salarial tricolor, o que significa, na prática, que esse profissional fundamental, o verdadeiro comandante do elenco, responsável pela postura tática do time dentro de campo, foi relegado a um segundo plano.
Frise-se que não discuto a capacidade técnica ou a idoneidade profissional de Drubscky, as quais serão submetidas à prova de fogo durante sua permanência no Fluminense. O que eu questiono é o tratamento que a alta administração tricolor deu a um cargo que deveria ser prioritário, escolhendo um nome desconhecido, não porque seja simplesmente desconhecido, mas porque foi apenas barato.
Depois do biênio 2013/2014, fica difícil para a torcida aceitar mais essa imposição elucubrada pelas mentes brilhantes da alta administração tricolor. Drubscky é um tiro no escuro que, para dar certo, precisará acertar pelo menos um alvo: ou a Copa do Brasil ou o Brasileiro; poderá ser tolerado, mesmo que não traga qualquer das taças, se der ao time padrão de jogo e competividade capazes de fazê-lo disputar as competições com chances de vitória o que, no campeonato brasileiro, significaria a vaga na Libertadores.
Afora isso, Drubscky será apenas mais um erro de uma administração que demonstra dia após dia entender menos de futebol do que deveria, o que poderá, se não corrigido a tempo, fulminar as pretensões políticas de Mário Bittencourt e, mais do que isso, frustrar novamente as esperanças da torcida tricolor em ver novamente o Fluminense campeão.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @FFleury
Imagem: lancenet
#SejasóciodoFlu
Apostaram no escuro realmente.. Não quero ser negativa, mas acho que daqui a uns 3 meses ele cai..
Por 100 tinham outros bem melhores, so acho. Mas vamos torcer!
ST
Fleury, concordo com seu texto. Também acredito que para este cargo e, principalmente, para o momento que estamos vivendo de perseguição, etc, o nome para técnico deveria ser peso pesado e, ainda sou da opinião de que seria interessante um supervisor, tipo para-raio, a fim de suportar todo tipo de pressão que virá. Meus nomes seriam Cuca para técnico e Parreira supervisor. Assim como em 1999, não deveríamos medir esforços, sob pena de amargar outro rebaixamento, desta vez imposto pela mídia…
Obrigado, Luiz Sergio. Não diria apenas peso pesado, porque muitos hoje vivem de passado e de nome, mas um treinador que não fosse meramente adequado à realidade financeira do clube, como se afirmou por ocasião de sua contratação. Um técnico barato não significa necessariamente que seja ruim, Drubscky pode provar o contrário, mas entendo que uma seleção mais criteriosa poderia ter sido feita. St
“Bom, bonito e barato” foi um enredo da União da Ilha do Governador que dava uma porrada no gigantismo das escolas de samba. Depois foi usado pejorativamente para o Fluminense pós tricampeonato quando uns senhores que assumiram o clube resolveram que o futebol não era o mais importante.
Pra mim, técnico só tem 20% de responsabilidade num time.
O Fluminense não precisa de medalhões, os poucos tops não virão. Precisamos de trabalho e inteligência. O dinheiro anda curto e não só no Flu.
Concordo. Apenas parece um paradoxo que o Fluminense tenha se desdobrado para manter Fred no elenco – e com toda a justiça – diga-se por sinal, pagando-lhe vultoso salário, mas não tenha tido a mesma preocupação em relação ao cargo de treinador. O que não significa que se devesse contratar um medalhão desses que vivem de nome e do passado, mas não apenas um treinador que apenas se adequasse à realidade financeira do clube, como foi o caso de Drubscky. ST