Uma filha, mãe botafoguense, portanto introspectiva, que só avisa o gol quando termina o jogo.
Um pai FLAMENGUISTA, então espaçoso, letras maiúsculas, que antes do jogo já vence o campeonato todo.
Uma avó tricolor, consequentemente humorada, elegante por tradição, que torce mesmo sem gol.
E um filho e neto libriano; logo, paz que balança, crescendo brincando e comendo futebol.
Seu time: “Sou BotaFla e torço sempre pelo empate”.
Tudo bem e vida que segue… o Flu calado respeitando este 0 a 0.
Numa linda tarde de domingo verão e Planetário, um simples passeio de neto com uns seis anos e vó da mesma idade, pois é assim que se forma esta relação, a conversa se põe:
-Bernardo, vamos tomar um suco e aproveitamos para ver no Premiere do bar o jogo que é Flamengo e Botafogo.
O Neto me olha sabendo que eu sabia, mas talvez não me lembrasse de que se tratava do caminho da final.
Aqui um parêntese: como meu FLU estava fora do páreo, eu realmente não gravei este jogo. Coisas sem sentido, diante de nossa paixão pelo esporte bretão. Apressei a lhe dar razão, somente explicando que eu não tinha este problema pois, sendo tricolor, podia escolher e que “era Botafogo desde criancinha”.
E o jogo aconteceu, mas entre nós não rolou, fomos à praia e nada se conversou. O Mengo acabou campeão, mas este fato nada tem a ver com a história nossa. O tempo passa e o tempo passou… Um dia, uns quatro meses depois, Bernardo me telefonou e disse:
– AGUARDE SÓ! Vó Thereza, você vai ter a alegria da sua vida!
Deus dos Maracas que será isto? Será que ele vai ficar noivo, não com seis anos, mas sei lá o tempo de hoje! Será que ia ter um filho? Não com seis anos?
Sei lá hoje!
SERÁ QUE PASSOU DE ANO? NÃO, ISTO EU JÁ SABIA, ELE ADORA ESTUDAR….será ? será? o que será?
AÍ VEIO…:
– VÓ, EU SOU TRICOLOR!
– Bernardo, com coração de vó não se brinca, ô!
– Ele, com calma, falou baixinho: “Vó, eu sou Tricolor”.
Meu coração TRICOLOR CHOROU de emoção e cantou ” Vamos pra cima Fluzão/ quero gritar campeão”.
Na segunda-feira passada, dia 3 de outubro, Bernardo completou 16 anos e 10 de alegria por ser TRICOLOR.
OBSERVAÇÕES: Bernardo, com esta escolha resolveu todos os problemas futuros. Rafaela, minha filha Botafogo, ficou feliz de não ter um filho Flamengo. Marcos Flamengo, meu amigo e pai, adorou um filho que Botafogo não fosse. E eu, bem… eu tive a definição de felicidade de ter um neto Tricolor!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: teb
Só quem tem um neto que diz: “Eu sou FLUMINENSE por causa do meu vô! Eu gosto de futebol por causa do meu vô!”, sente no coração essa crônica!
SSTT4!!!!