Não lembro da última vez que não assisti a um jogo do Fluminense. Ainda mais um Fla x Flu. Até o famoso da Rua Bariri eu vi. E como escrever sem a imagem? Ao vivo, TV? Rádio. Vamos de rádio. Lembro da minha infância. Eu e meu pai no mesmo rádio. Waldir Amaral, Jorge Curi, João Saldanha. Já vão quase cinquenta anos. Ou são passados cinquenta anos mesmo? Muita memória.
Hoje não tem mais pai, mas tem memória. Muita memória. Tem jogo, tem rádio, tem Fla x Flu. Rádio Nacional, Ricardo Mazella. Como se tivesse vendo o jogo. Rádio é assim. A gente cria nosso próprio jogo. Cada um tem seu jogo. Tivesse no Maracanã, veria um jogo de todos de lá. Daqui, vejo meu jogo.
Dez minutos do primeiro tempo, os meninos do Flamengo pressionam. A torcida ao fundo faz aqueles barulhos universais. No Japão, na Indonésia, na Argentina, no Maracanã, no meu jogo. Uhhhh!, Ahhhh! Músicas conhecidas. Os sons das arquibancadas dizem muito. Às vezes, tudo.
Depois de um início complicado, parece que o Fluminense entrou em campo. Quatorze minutos, vai Nenê, é agora! Quase… Passa raspando. Escanteio. Luccas Claro, de cabeça, leva perigo. Contra-ataque rubro-negro. Falta! Todo mundo reclama. O rádio avisa que o juiz errou. Houve falta antes. Começou… Falta perigosa, mas tem Muriel. Tempo técnico. Esperar que o Odair ajeite as coisas.
Entre um erro e outro do Matheus Alessandro, o Fluminense não engrena. Pênalti? VAR… Segue o jogo. Foi? Sem imagem, a gente cria a nossa verdade. Pra mim, foi pênalti. Juiz ladrão. Vamos, Mazella! Faz esse time jogar! No rádio, o narrador é mais importante do que o técnico. Impedimento? Cadê o VAR? O Mazella atendeu e o Fluminense foi pra cima. Não, Digão! Não, Digão! Quem tem Digão não precisa de adversário. 0x0, diabos! E o Palmeiras faz um atrás do outro na TV. Era para o Fla x Flu estar ali, na minha frente.
Trinta e sete. Falta. Nenê corre, bate… NA TRAVE! Meu Deus! E Miguel perde no rebote. O jogo dá uma amornada. Gilberto, Digão, Egídio no modo LAMBANÇA… Os três patetas, Mazella? E a gente volta a respirar. Apneia atrás de apneia. Mais dois, falta um, acabou. Qual é, Odair! Se tivesse vendo o jogo, dava umas dicas. Se o técnico ouvisse a gente…
Um bolo, um suco, uma azia, recomeça. Saída errada, a bola passa na cara de Muriel, quase… Nenê tenta, o goleiro defende, mas estava marcado o impedimento. A coisa não rende. Agora, é o Galo na TV. Nove minutos. O Flamengo chega de novo. Na rede pelo lado de fora. Sentindo que o Fluminense piorou. Felippe Cardoso tá vindo? Não rende, não engrena, um caminhão de passes errados. O Fluminense vai, ganha escanteio. Gilberto, de cabeça, perigo, raspa a trave. Zero no placar. Medo da bola vadia. Sem a imagem, todas são vadias.
Dezoito minutos. Lucas Barcellos entra, Matheus Alessandro fora. Será que vai? Tempo técnico. O jogo segue devagar. Pego o celular, navego. Dou uma espiada em Araraquara. Ferroviária marca, São Paulo empata.
Vinte e seis minutos. O Fluminense vai subindo. Sai o cruzamento, fura daqui, fura dali. Antes do Mazella gritar “Que Delícia!” ouvi um calcanhar. De placa? O gol mais lindo da história do Maracanã. No meu jogo vale tudo. Daqui a pouco devolvo a justiça ao Rivelino, ao Assis, ao Edinho, ao Fred, ao Romário, a Didi, ao Ademir. Agora, vem o Felippe Cardoso. O juiz continua complicando. Como sempre…
Entrou o Dodi. O pequeno Dodi melhorou. Detestava quando o via no campo ou à beira. Na reta final do Brasileiro do ano passado e neste início de ano, vem mostrando que pode reverter a nossa desconfiança. Mais de quarenta e seis mil no Maracanã. Muito bom. Dizem que a esmagadora maioria era de rubro-negros. Tem sido assim. E a gente esperando as coisas mudarem.
Lambança atrás. Lembram do Fernando Diniz. Me dá arrepios. Muriel, Muriel, Muriel. Salva o goleiro. As mãos suam. Flamengo vai pra cima. Penso naquele gol no finalzinho. Contra-ataque, Nenê vai marcar, foi puxado. Pênalti. Vantagem? Como assim? Ladrão. Mazella reclama da cera do Fluminense contra o sub do Flamengo.
Acabou! Acabou! Acabou! Fluminense ganha o Fla x Flu. A taquicardia ainda rende. Quatro jogos, quatro vitórias, 100%. Todas as sensações estranhas de um jogo estranho pairam no ar.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
#credibilidade
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deve ter sido bom ouvir pelo rádio, no campo foi uma pelada bravíssima
SEGUE O LÍDER
E alguém um dia inventou que escrever com letra maiúscula um título ou texto queria significar que algo era mau ,negativo????
AZAR DE QUEM INVENTOU EU NÃO SIGO ESTA IDÉIA E VIVA NOSSO FLUZÃO DO PATRIARCA NENÊ E DO SIMPÁTICO ACADÊMICO MURIEL E DESTA BELA MESCLA DE XEREM E O TOMBADO ÁLVARO CHAVES DE NENÊ E SUA TURMA
ESTE JOGO FOI UM FLUFLA COM SUB,SOBE ,E LETRA MAIÚSCULA SIM