Podemos separar o clássico de domingo em duas etapas bem distintas ao analisarmos o jogo do Fluminense.
Na etapa inicial, o Tricolor simplesmente não entrou em campo e aceitou passivamente a volúpia e a pressão vascaína, muito bem montada para ceifar a saída de bola no chão como preza Fernando Diniz. Apesar de atuar no 4-2-3-1, Barbieri montou uma estratégia interessante ao subir a marcação. Pedro Raul foi alocado em cima de Nino e uma linha de quatro homens atacava a bola em velocidade, ficando somente David Braz livre para tentar sair com a bola no chão.
Abaixo o campo tático que demonstra a estratégia de compactação e de pressão vascaína que engoliu o trato de bola do Flu.
No primeiro tempo, tivemos o Fluminense acuado, espaçado e sem inspiração. Com a ausência de Ganso, não relacionado por causa de uma lesão na coxa, Arthur foi o escolhido por Diniz para ser o meia de criação do 4-2-3-1 do Flu. Infelizmente o garoto de 17 anos sentiu o peso do clássico e foi um a menos no setor de meio.
Para a etapa final, Diniz lançou Lima no lugar de Arthur e o Tricolor finalmente entrou em campo. Concentrando pela direita com Lima, Árias e Martinelli, que fez grande partida jogando mais adiantado, sobrou campo para Cano ficar com mais espaço no lado posterior e, no mano a mano, decidir a partida fazendo dois gols.
Abaixo o campo tático da etapa derradeira que consagrou o êxito Tricolor.
A vitória no clássico não pode mascarar as deficiências do time, sobretudo no aspecto defensivo. O Fluminense continua frágil na bola aérea e falta compactação para evitar a concessão de espaços para o adversário trabalhar a bola e evoluir em velocidade na transição ofensiva. No domingo, Fábio trabalhou bem, mas o acaso nem sempre vai salvar o Flu.
Ficou bem claro que o elenco precisa de reforços, sobretudo para a zaga, para o meio e para as pontas. Com o banco cheio de reservas inúteis como Braz, Bigode e Marrony, o Flu sentiu muito a falta de Ganso e Manoel. Se a intenção é vencer e não apenas disputar os títulos, o Tricolor vai ter que ir ao mercado e utilizar a base de forma racional.
Por fim, dedico esse parágrafo final para o artilheiro German Cano. Além de marcar os gols que decidiram a partida, anotou um tento histórico, antológico, mágico. Que seja providenciada a placa no Maracanã, afinal foi um dos gols mais bonitos da história do mítico estádio.
Jogador decisivo é aquele que aparece no momento de dificuldade e Cano não foge da luta. Quando o Flu saía para o jogo e equilibrava a partida na vontade, ele mais uma vez foi letal e massacrou seu ex-clube. O primeiro gol foi uma batida seca de primeira e o segundo estará sempre na galeria dos gols mais bonitos do clássico e do Maracanã. L de Letal! Salve o Tricolor!