1
Ao amigo leitor, uma reflexão.
Não há tricolor que não vá torcer para dar tudo certo, contrariando a (volátil) probabilidade de 40% aka Tristão para o Fluminense se classificar às finais deste Carioca 2015.
Nem poderia ser de outra forma.
Por mais que eu considere quase inacreditável a contratação de Drub, por (n – k) + 1 motivos, é ele quem está lá e é por ele que eu vou torcer. Mas nunca esqueço da frase de meu amigo Bruno Saraceni: “É muita vontade de acreditar”.
Um Fla-Flu à frente, quando o Maracanã tenta(rá) ser a sombra do que já foi um dia, tanto em público quanto em campo.
Uma das minhas principais preocupações vai além do clássico da Páscoa.
Reparem que, desde meses incríveis do fim de 2009, quando calamos o mundo, o Fluminense virou um nômade do futebol. Até 2013, vagou pelos campos do Rio de Janeiro. Um ano e meio de relativa paz, agora devastada pelo rubinhismo (ou seria euriquismo) sem a devida réplica.
Isso não o impediu de ganhar dois títulos brasileiros e conquistar respeito na América, fato.
Mas mexe com algo essencial: uma geração de crianças – e outra de pequenos jovens – que desconhece o significado de ver o time do seu coração ao vivo, na arquibancada, de perto.
Se alguém tem dúvidas sobre a importância disso, basta perguntar a qualquer um dos nossos milhares de irmãos tricolores que moram em outras cidades, ou Estados, sobre como se sentem ao não poder acompanhar o Flu de perto regularmente.
Prejuízo incalculável, ora estimulado pela opressão monopolizadora da Globo, ora pela inércia do clube, ora por outros fatores hereditários – se Nelson Rodrigues não resolveu com “Nas situações de rotina, um `pó-de-arroz’ pode ficar em casa abanando-se com a Revista do Rádio. Mas quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas.”, não é este pobre mortal que há de resolver. Mas não custa tentar. Persistir.
Uma turma boa, incluindo os (excelentes) conselheiros Eric Menezes e Ricardo Lafayette, tem se mobilizado para uma ampla discussão que permita reavivar as boas e velhas Laranjeiras, assunto que vai e volta, geralmente ignorado pelos sucessivos governos tricolores, tratado às vezes com desdém injustificado.
Pouca gente se deu conta sobre 2016 ser o ano em que não teremos o Maracanã (fechado para os Jogos Olímpicos) e o Engenhão (pré-fechado pelo faniquito do presidente do Botafogo). Desnecessário falar de São Januário.
Em várias oportunidades nos últimos anos, o Fluminense estreou nas temporadas debaixo dos 55 graus de Moça Bonita. Jogou em Bacaxá praticamente num campo de society. E poderia ter atuado em Los Larios, o que só não aconteceu porque o incrível Carioca do Sr. Rubinho tem suas partidas marcadas pelo “mando de campo da Federassauro”, ou seja, a bel prazer do monarca.
Para jogar nestes estádios, Laranjeiras (ATENÇÃO: com reforma, reforço estrutural e segurança!) funcionaria perfeitamente contra Tigres, Bonsucesso, Nova Iguaçu e mesmo nos “joguinhos gostosos” (aka Mauricio Menezes, o outro) diante de Figueirenses e Joinvilles da vida pelo Brasileiro.
Mais ainda: o retrofit das Laranjeiras não seria nenhum absurdo, pelo contrário: ótimos projetos pululam a granel (um deles, da dupla Caíque Pereira & Ricardo Bittencourt, é de chorar de bom), a iniciativa privada tem interesse, destombar é bem menos difícil do que se se pensa e, muito bem lembrado pelo nosso gueirreiro FluPress da literatura Gustavo Albuquerque, o Fluminense sangrou suas arquibancadas para beneficiar o Rio de Janeiro, na abertura da Pinheiro Machado, sem contrapartida. Que tal uma compensação?
Vai ter gente dizendo que é insanidade, que não tem estacionamento, que não tem condição no entorno. Provavelmente os mesmos que nunca foram ao Independência, ao Morumbi, à Arena da Baixada e até mesmo em São Januário. Porque se tivessem ido, não falariam de insanidade.
Vai ter gente dizendo que em Laranjeiras o Fluminense se apequenaria. Provavelmente os que consideram como “terríveis” os anos entre 1986 e 1994 pela falta de títulos, só superada pela “seca” dos anos 20 do século passado. Também provavelmente os que desconsideraram que, naquele período, o Flu chegou a duas semifinais de Brasileiros, uma final de Copa do Brasil e duas do Carioca. A “seca” tem muito mais a ver com os árbitros Cerdeira 1991, José Aparecido 1992 e Pomeroy 1993 do que qualquer outra coisa. Importante lembrar: em caso de retrofit, qualquer estádio na casa dos 20 mil lugares abrigaria qualquer público do Fluminense, excetuando-se jogos decisivos, desde trocentos anos atrás. Há os que amaldiçoam Laranjeiras por 1996, como se o palco sagrado de Preguinho, Didi, Castilho, Telê e Assis tivesse culpa dos Baratas e Ruys Barbosas da vida.
Enquanto não se dialoga e se chama a questão para a torcida, base da existência do Flu, pedras virtuais são arremessadas em nome da “lógica” e do “bom senso” enquanto o tempo passa e… nada acontece de útil a respeito. Caciques, caciques, muitos caciques para pouca tribo. E a oca maior do futebol brasileiro, berço do esporte maior neste país, maternidade da Seleção Brasileira, ao léu.
O Maracanã continuaria desde sempre como a nossa casa também, obviamente. O contrato firme, de 35 anos, deixando claro que, quando jogamos para menos de 25 mil pessoas, acontece o déficit financeiro para o “maravilhoso” Consórcio.
É nossa casa, mas tem que ser bancada. E quando fecha sem que tenhamos nos precavido, é sentar e chorar.
Já falei sobre isso noutra oportunidade em 2012 em http://www.panoramatricolor.com.br/estadio-e-claro-que-pode-por-paulo-roberto-andel/ e, sem a petulância oca de indicar o “caminho certo”, aqui espero apenas ampliar os debates.
Por que não DIALOGAR a respeito? Tudo bem que diálogo é uma coisa difícil em tudo que cerca o Fluminense ultimamente. Vamos tentando com a mais digna das armas: a palavra respeitosa.
2
Domingo passado, dez da manhã, no Museu da República no Catete, um dos maiores gênios da música popular brasileira desfilava gratuitamente seu arsenal de talento ao violão, diante de uma plateia de cerca de cem pessoas.
Turíbio Santos.
Basta dizer que monstros sagrados como Yamandu Costa e Diego Figueiredo tiram o chapéu para cumprimentá-lo.
Depois de um show sensacional, Turíbio fez questão de cumprimentar com enorme educação a todos os expectadores que o procuraram ao lado do palco. Deu dezenas de autógrafos.
Um de nossos artistas mais brilhantes, reconhecido mundialmente (Chevalier de la Légion d’honneur pelo Governo Francês em 1985), aos 71 anos, em plena forma e atividade.
O que Turíbio Santos tem a ver com o Fluminense?
Talento, charme, elegância, fidalguia, simpatia, diálogo, atenciosidade.
Se você anda sentindo falta de tais predicados em nosso universo cotidiano de três cores, muito obrigado pela compreensão.
3
Saíram os novos planos de associação.
Resta saber se o Fluminense tem interesse em atender um sócio que, há dez meses, mesmo com suas mensalidades pagas antecipadamente, não consegue fazer opt in por causa do Consórcio Maracanassauro, com a leniência das Laranjeiras.
Estou aqui.
Um abraçaço,
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: google/pra
Só pra concluir o comentário anterior. Falta de incentivos financeiros não faltarão, isso já está evidente. O apoio da torcida tb nem precisa ser questionado. As burocracias podem ser resolvidas. Enfim, basta ter apenas VONTADE de fazer. Só isso, vontade. E aos “anti” (tricolebas mesmo) q bradam q o projeto é inviável, basta apenas dar um Google nos exemplos de outras cidades citados.
Andel, sempre perfeito nas suas colocações. Sobre Laranjeiras, concordo em 193% com vc. Tb não entendo essa resistência para o diálogo da diretoria em relação a esse assunto. Seus exemplos são perfeitos e acrescento outros. Fonte Nova e Pituaçu em SSA são fincados no meio de bairros movimentadíssimos. O Engenhão, ora bolas!!! E ainda temos vantagens como: áreas de escapes como Enseada de Botafogo e Aterro. 3 estações de metrô próximas. E ônibus para diversos bairros e até outros municípios.