Talvez o Fla x Flu seja algo que está fora do futebol.
Deve significar algo mais do que noventa minutos, do que um ganhador, um perdedor.
É algo que transcende o normal, o habitual, o jogo nosso do dia a dia.
Sempre tive sensações diferentes na véspera.Fico pensando nas hipóteses: da vitória, da derrota. Estranho que a da derrota sempre me perseguiu.
Sempre tive um medo anormal de perder. Mais do que ser reprovado, ser demitido, não sei, talvez de morrer. Por que dou tanta importância?
O Fla x Flu me remete à convivência com meu pai. Era um dia tenso. Café da manhã, Jornal dos Sports, almoço, rádio difícil de sintonizar, mãos suadas, vai começar o jogo. Medo de ligar a TV. Melhor se não gostasse de futebol.
Quando a bola rola, rolava, um transe coletivo.
Se um gol no começo, vão virar; se no fim, vão me matar. Os segundos eram minutos; minutos, horas; parecia uma vida, gerações e gerações vendo esse jogo, que parece único. O antes e o depois sempre foram reais, mas aquela hora e meia está numa dimensão que a ciência ainda nem descobriu.
A possibilidade de, no dia seguinte, encarar o torcedor adversário, seja gente, seja poste, seja pedra, seja areia, quase me paralisa, paralisava.
Geralmente, ganhava. Mais aliviado que feliz.
Não sei porque há, havia essa diferença.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @MauroJacome
Imagem: jam
Pra mim, Mauro, também é algo anormal. Começa muito antes do início da partida (seria 40 minutos antes do nada?) e continua mesmo após o apito final.
Mauro, não nos conhecemos, porem a sensação é a mesma. Sempre. ST