O futebol, nas últimas semanas, não me trouxe alegria alguma (parabéns, tricolores!)… Mas os reveses das semanas passadas, com seis derrotas seguidas, não são a razão da tristeza dos vascaínos. Politicagem mesquinha, crise, notícias financeiras que nada tem a ver com o futebol em si e que são veiculadas a cada 15 minutos, muito mais do que o que acontece em campo.
Ok, tragédias econômicas são notícia.
Falta d’água é notícia.
Corte de luz é notícia.
Noitadas também o são. Mas dentro de determinados limites.
Quando a imprensa esportiva resolve suprimir a realidade esportiva em detrimento das mazelas extra-campo, esta não está prestando um serviço aos clubes. Não tem a intenção de resolver ou melhorar absolutamente nada. Não notam que estão matando a própria galinha dos ovos de ouro. É tanta notícia ruim, é tanto disse me disse, que o torcedor cansa.
E não quer mais saber.
Desiste de se aborrecer com algo que deveria trazer alegrias e tristezas “normais” para se tornar um fardo, uma espécie de dívida que o torcedor não pode pagar. Não conheço nada mais desestimulante para o torcedor comum. Engraçado que as notícias policiais que chegam de determinado clube são rapidamente suplantadas por suas grandes vitórias ou derrotas honrosas.
Encontrei-me na quinta-feira passada com dois outros colunistas do Panorama para um bate papo regado a cervejas e comida árabe.
Como é bom poder sentar e conversar sobre futebol com adversários sem reservas.
Como seria bom poder assistir a alguns jogos com amigos sem a preocupação de estar cada um em sua torcida.
Desde a malfadada reforma que dividiu fisicamente o anel do Maracanã em 6 gomos, o estádio, além de ter encolhido, aumentou a separação entre as torcidas. Ao invés de se coibir a violência prendendo os responsáveis, minoria na multidão, isola-se as torcidas como se fossem (são?) tribos rivais distintas dispostas a se matarem. Espero que este cenário mude no novo Maraca.
Anel livre.
Divisões físicas, não!
José Augusto Catalano
Panorama Tricolor/ FluNews
@PanoramaTri
Contato: Vitor Franklin
Excelente! É possível fazer um futebol saudável, basta compromisso. No entanto, a visão pequena de quem noticia somada à visão pequena de quem lê, vê e ouve, vai transformando, lentamente, num esporte televisivo.
Só lamento nessa história triste do Vasco a acusação ao Dinamite, um dos atletas mais decentes do futebol brasileiro. Sempre fui fã do Roberto e uma vez, encontrando-me com ele num vôo para SP, falei que admirei muito o seu futebol e o seu amor pelo Vasco, mas tinha uma mágoa: por que tantos gols contra o meu Flu? Ele sorriu e disse: é a vida. Grande camarada, não merece a reação da torcida, principalmente considerando o seu passado e a situação que encontrou o Vasco, dilapidado pelo E.M. Já, já volta aos dias de glória, isso é passageiro.