“São os assuntos da nação: o preço da carne, do café, do açúcar e do pão. O frio e o calor, quando forte estão”.
Assim dizia um poema antigo, dito por este que vos escreve lá nos idos do início dos anos 2000 ou fim da era de 1990, não me lembro com absolutismo.
Aliás, esse modo de poder é o que vem sendo utilizado ano após ano pelos mandatários do feudo tricolor, cujo modelo presidencialista se confunde com personalista, individualista, centralizador, absolutista. Tanto na forma quanto no conteúdo.
Não importa o resultado final, mas sim a narrativa que se constrói pelo caminho, sendo ele exitoso ou fracassado. Tanto importa se o método condiz com dados da realidade, já consolidado em experiências pretéritas ou se apenas crendices, ou simplesmente o velho modelo: faz aquilo que já é sabido ser errado, mas que gera valor para os amigos e para si próprio, garantindo que a narrativa dê conta do recado.
Retomando a citação poética do início, é dado ao reles mortal apenas o sabor ou dissabor dos acontecimentos, como se fosse impossível intervir e interferir nas coisas, sejam elas públicas ou privadas. Assim se mantêm as massas adormecidas, nossa gente apartada das tomadas de decisões, excluídas do senso crítico, alijadas do que realmente importa.
Bem como a Democracia grega, que contemplava somente os afortunados, enquanto o povo, que era suma maioria escravizada e apenas fazedora de suas tarefas, que eram determinadas por sua elite. Assim é no universo do Fluminense: os barões da pisadinha, contumazes e assíduos na sauna e clube do uísque (com Coca-cola ou Guaraná), são os que dão as cartas, dão dois ou mais treinos, assinam os cheques. O resto? Que seja sócio, vá aos jogos e viva sempre a dizer: muito obrigado.
O scout à tricolore quer enraizar uma nova vertente, de sua verve mais vil: fazer crer que, jogadores formados na casa, com dezoito, dezenove, vinte anos, não servem se não para fazer fluxo de caixa e, quando jogam mal, viram perebas invertebrados de imediato, enquanto jogadores velhos e medíocres a vida inteira devam gozar de paciência e que, quando estão mal, trata-se apenas de uma fase ruim – logo, com treinamento e carinho, vão melhorar. As faces nem coram, e logo o exército de fofoqueiras de internet e robôs pagos para comentar saem em cavalaria a repetir, tal qual os agentes Smithies do filme Matrix.
Resumindo: contratemos todos os perebas e jogadores ruins dos Brasileirões. Se continuarem não dando certo, a culpa é do torcedor que não acreditou, que não torceu, que não foi ao estádio, que não pagou suas taxas no clube.
E não reclame: fique sócio.