O “profissa”
“Fala dele agora!”, ironizou o diretor de futebol do Fluminense, Fernando Simone, sobre a atuação muito boa do Diego Souza na vitória sobre o Tigres, pelo Carioca.
Mas não pense que Simone respondia aos históricos jornalistas, que nutrem má vontade com o Flu, ou a torcedores adversários não. Ele respondia aos tricolores, razão de existir (ainda) da instituição que lhe paga o salário.
É impressionante o seu despreparo em certos sentidos: de análise de time, jogo, até de comportamento e relação com o principal patrimônio de qualquer clube: sua torcida. Escrevi minhas impressões sobre os gestores do futebol do clube no último domingo e o convido à leitura: “A cartolagem do Flu. Ou: Os “profissas” do Peter”
A maioria dos nossos dirigentes age assim, talvez entorpecidos pela rotina enlouquecedora de administrar os vários interesses de jogadores e empresários que circundam o cargo. Ultimamente, parecem valorizar somente estas relações, se esquecendo do torcedor, que consome, inclusive, toda a porcaria do atual futebol brasileiro.
Há quatorze meses no departamento profissional do Fluminense, Simone deveria, ao menos, se dedicar à sua melhoria nessa questão. Um profissional que se preze, sabe lidar com críticas. Ainda mais num meio que exige alto rendimento e mexe com a paixão de milhões de pessoas. Ao invés disso, ele se esconde sob uma carcaça do injustiçado por torcedores “sem noção”.
O único “sem noção” nessa história está longe, muito longe de ser o torcedor do Fluminense.
O problema
Aliviado com a vitória e contente com a boa atuação do Fluminense, domingo passado, nosso comandante ignorou a fraqueza do oponente para ilustrar o que para ele foi bom.
Quem me acompanha por aqui no Panorama deve lembrar que apostei num bom trabalho do Eduardo Baptista. Eu ainda o acho mil vezes melhor, ou menos pior, que seus três antecessores, por exemplo. Mas esperava mais acerca do seu repertório tático.
Em regra, os técnicos brasileiros sabem treinar, se isso, num esquema só. Imaginei que Baptista fosse capaz de, em atuações calamitosas como as que temos tendo, buscar outras variações para encaixar o time.
Ledo engano. Sua tática é o 4-4-2. Disse que, com Marcos Jr, variou para o 4-2-3-1, mas no campo, não foi assim. Vimos um estático 4-4-1-1: com as duas “malditas” linhas de quatro, um meia que entra na área (Diego Souza) e um atacante (Fred).
Levei um susto, inclusive, quando o técnico usou os oito gols em dois jogos contra Bonsucesso e Tigres como prova do poder de fogo ofensivo da equipe: “São três jogos e 11 gols. É um time que faz gol, vem criando, fora as oportunidades perdidas.”
Não, Eduardo. Não é um time que cria. Cerca de 90% dos gols vieram de bolas paradas ou chuveirinho na área. Somos um time sem criatividade, repertório ou volume de jogo. Sequer vemos os goleiros adversários fazendo defesas, trabalhando. Apenas contra o Tigres se viu um time mais disposto, mais agressivo, mas apenas em alguns momentos.
Espero que o resultado da última partida sirva para dar confiança. Mas tenho a certeza de que Cruzeiro (hoje) e Flamengo (domingo) não irão cometer a quantidade de falhas que, especialmente, Bonsucesso e Tigres, cometeram.
Com a ausência de Fred, o nosso treinador escolheu adiantar Cícero. Como fã da categoria do camisa 7 tricolor, tenho certeza que sua técnica é maior e melhor na definição da jogada do que da maioria dos atacantes que atuam no país.
O problema é que não há jogada. Numa partida que o próprio Baptista afirmou que haverá mais espaços para o contragolpe, Osvaldo e Marcos JR, pela velocidade, deveriam formar o ataque, usando a qualidade do Cícero na função mais difícil no futebol: a criação.
Eduardo é uma decepção até aqui, especialmente para quem (eu) chegou a apostar que ele tinha conhecimento e inteligência para vir a ser uma espécie de Tite, no Fluminense. Ainda poderá ser pelo estilo sóbrio. Só não sei se no Flu.
O parabéns
Parabéns ao Santos FC pela ousadia de romper com a Rede Globo e assinar com a Esporte Interativo.
Abraços,
Panorama Tricolor
@Panoramatri @CrysBrunoFlu
Imagem: CB / PRA
Excelente texto!
Saudações Tricolores