Fernando vem tampando os buracos existentes na montagem do elenco e, com treinamento e propósito de jogo bem definidos, tem colocado o Fluminense nos trilhos. A cada buraco que ele tampa na estrada do Flu, vai se abrindo espaço para a implementação de seus preceitos táticos. A missão do treinador vai além do campo e bola e ele tem se saído bem nesta empreitada mais complexa. Desta forma, o Tricolor vem elevando seu nível de competitividade a cada jogo que passa.
Primeiramente, Fernando ajustou a zaga. Nino, zagueiro extremamente técnico e veloz, precisava de um companheiro aguerrido e em boa fase para ajudá-lo no controle da linha defensiva que, diante da postura dominante do time, atua grande parte praticamente no campo do adversário. Nas laterais, Cris, Pineida e Calegari perderam totalmente o espaço. Diniz conseguiu recuperar a confiança de Samuel Xavier e Caio Paulista, por incrível que pareça, está evoluindo na lateral esquerda. Mesmo errando muito, pelo menos ainda não comprometeu.
Na meiuca, Fernando entendeu que para o funcionamento de seu propósito tático, jamais poderia abrir mão de André como primeiro volante. Assim, retirou o espaço outrora concedido a Wellington e Felipe Melo. Este, se transformou em reserva de luxo, cargo que tinha no Palmeiras. Para segundo volante, a decisão foi por um atleta técnico e de bom passe, que consiga picotar o jogo e ajudar na manutenção qualitativa da posse. Atualmente, Nonato e Martinelli brigam pela posição e Yago, jogador de passe menos qualificado, perdeu espaço.
No ataque, o treinador entendeu que Bigode não possui mais condições e Árias, jogador essencial desde o início da temporada, assumiu de vez a titularidade e o protagonismo merecido há tempos. Ao perder Luiz Henrique, Fernando logo fez a substituição por outro garoto de Xerém para que não houvesse descaracterização do trabalho que vem sendo costurado desde a sua chegada. Mesmo com características diferentes, com Matheus Martins se manteve a intensidade nas fases do jogo.
O trabalho vem rendendo frutos e Fernando sabe como fazer a colheita. No Brasileiro, o Flu, antes ignorado e relegado à luta de meio de tabela, agora é colocado como favorito pela mídia esportiva. E isso não está ocorrendo apenas pelos resultados, mas, principalmente, pelo desempenho coletivo e afinado que o time vem desfilando pelos gramados. Já na Copa do Brasil, era preciso classificar diante de um adversário atualmente mais frágil, apesar de tradicional, para consolidar ainda mais essa evolução.
Evoluir também passa por superação, sobretudo nas adversidades. Diante do Cruzeiro, time aguerrido, bem treinado e copeiro, o Tricolor mostrou estar subindo os degraus de acordo com a realidade proposta, ou seja, não se atendo apenas a uma forma de deliberar seu estilo de jogo. Na etapa inicial, o Flu sofreu com o rival subindo as linhas e concentrando a marcação no enxame que Fernando cria para atrair seus adversários. Com a saída de três e alas jogando alto, o Cruzeiro prendeu os ponteiros do Flu e esvaziou o corredor central tricolor.
Na etapa derradeira, o Fluminense soube sofrer. Fernando não é mais voraz no que concerne ao posicionamento das linhas. Sabendo do ímpeto do adversário e com a vantagem conquistada no Rio, ele desceu as linhas e, com o time organizado em seu campo defensivo, deixou o adversário afogar em seu cansaço para exercer o domínio que treina diariamente, no campo e na mente dos atletas. A entrada de Martinelli proporcionou acelerar a transição para o ataque e o meia, que tem a propriedade de carregar a bola e distribuir com qualidade, achou o espaço necessário para exercer suas qualidades.
Mais uma goleada, mais um degrau e vários sinais de amadurecimento, tanto da equipe quanto do treinador. Mais calculista do que impulsivo, Fernando continua mantendo sua essência, mas a exala com a parcimônia de quem procura efetivar sua capacidade. Quem ganha é o Fluminense e sua torcida. O torcedor tricolor, durante o processo histórico, acostumou a ver o Flu dominante e criativo no campo de ataque. Esse comportamento ofensivo e técnico do time faz parte do DNA das três cores que traduzem a tradição. Que continue assim. Salve o Tricolor!