Torcer ou torcer (por Paulo-Roberto Andel)

Dia desses, num dos encontros que antecedem as sessões do Cineclube Cinefoot, nas belas instalações do Centro Cultural da Justiça Federal, eu conversava com o amigo Antonio Leal a respeito de futebol em geral. O sentimento das torcidas. Aquela velha reação de alguns ao abandonarem seus times ao primeiro revés ou insucesso. Imediatamente o amigo me perguntou: “Será que gostamos mais dos nossos times, do futebol ou propriamente de vencer?”.

Belo achado, a ser analisado de acordo com a época.

Quando o Brasil perdeu a Copa de 1950, penso que se gostava mais do futebol do que da vitória. Tanto é que os clubes cresceram enormemente, as torcidas se multiplicaram e, em pouco mais de dez anos, foi o futebol brasileiro que tomou as rédeas do mundo.

No caso do nosso Fluminense, há um capítulo emblemático, definitivamente bem escrito pelo nosso craque Garcez em seu mais recente livro sobre Dr. Francisco Horta. Para os menos situados, a Máquina Tricolor teria sido limitada por não ter obtido conquistas nacionais. Descontada a inútil polêmica a respeito, basta dizer que aqui falamos de um time formado há 40 anos.

Eu mesmo percebi que o Fluminense era imprescindível em minha vida em dois momentos onde vitórias e títulos estavam em segundo plano: no primeiro, entre 1978 e 1980, quando passei a acompanhar loucamente o time dia e noite. No segundo, em 1999, na tempestade literal da terceira divisão. Ali, entendi que estar ao lado do Flu era muito maior do que seus títulos, craques e vitórias.

Mais recentemente, é possível perceber os torcedores mais apaixonados, aqueles para os quais o Flu é maior do que tudo, assim como outros que condicionam a sua fidelidade nas arquibancadas aos bons resultados. É justo o caráter democrático desta opção.

No entanto, me vem à mente a lembrança de outro comentário que li pelo caminho: torcedor é uma coisa, simpatizante é outra.

“Será que gostamos mais dos nossos times, do futebol ou propriamente vencer?”

Quando se torce para um time acostumado às glórias como o Fluminense, é claro que a vitória é quase um imperativo. No entanto, quando ela não vem, é perseguida jogo a jogo por aqueles que sorriem só de ver o campo, onde as três cores são nome.

Tanto faz se é um clássico abarrotado no Maracanã ou um jogo para poucos debaixo dos 50 graus de Moça Bonita. Importante ou corriqueiro, decisivo ou casual.

Eu gosto mais do Flu do que seus títulos, craques, artilheiros e troféus.

Logo, continuarei torcendo.

Feliz Natal.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

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2 Comments

  1. Gostamos mais do Flu. Boas Festas e feliz 2015 para toda a familia Panorama.

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