Tricolores de sangue grená, como é bom ver o Fluminense perto do topo, não é? Nossa vitória contra o Fortaleza, em que pese não termos apresentado um futebol vistoso, foi extremamente importante. Primeiro, por conta dos desfalques que tínhamos; segundo, por conta da escalação inicial, com algumas peças que, sabemos, não têm bola para a titularidade, mesmo que dispuséssemos de nomes melhores no banco; e, por último, porque nos deixa muito próximos da pontuação que nos garante na Série A, permitindo que possamos planejar voos maiores. Mas pretendo tratar do que esperar no returno na próxima coluna, pois é o momento de continuar a falar a respeito das promessas de campanha da atual gestão na época da eleição. Novamente, utilizarei as informações do folheto da própria campanha e os analisarei como torcedor, com as informações das quais disponho. Continuemos:
– Ídolos
Por mais que eu tenha entendido a ideia de trazer o Fred, não seria mais importante tentarmos focar na formação de novos ídolos, ou de pelo menos jogadores que não queiram pular da nossa base diretamente pros nossos rivais? Cadê a identidade tricolor nessa molecada? Quando voltaremos a formar ídolos que realmente virão da nossa base e farão carreira aqui? Nunca mais? Os caras hoje chegam, treinam no CT, nunca visitam Laranjeiras ou se interessam em saber da nossa história. Não fazem a menor ideia do que é o Fluminense. A entrevista ridícula do Danilo Barcelos após o empate com o Ceará só corrobora com o meu ponto de vista. Isso sem falar, é claro, no tratamento dispensado a alguns ídolos, como Gum, que foi obrigado a entrar na justiça para poder receber o que o Fluminense lhe deve, mesmo tentando negociar várias vezes.
– Futebol Profissional
Não sei se o CIFF foi criado, mas o CT até hoje não foi concluído. Começamos bem a recuperação da hegemonia carioca conseguindo mais um vice e nos distanciando mais um ano deste objetivo. Disputamos a Copa Sul-Americana apenas na primeira fase e estamos lutando pra conseguir disputar a Libertadores ano que vem. Thumbs up. Se conseguirmos o título, aí sim baterei palmas.
– Sócio Futebol
Cadê o programa de pontuação? Aliás, cadê um programa de sócio popular DE VERDADE, que democratize o Fluminense para o povão? Quarenta reais? Acham que o torcedor humilde tem essa grana pra torrar todo mês e nem saber direito no que está sendo utilizada? Acordem!
– Marketing e Comunicação
A relação com o torcedor está completamente desvalorizada, somos tratados como lixo ou ignorados. Os departamentos de marketing e comunicação são fraquíssimos e não contribuem para uma aproximação com a torcida, mesmo com as redes sociais bombando nos dias de hoje. O que parece é que não há mesmo interesse. A megaloja física oficial vai existir? Sabiam que ela está contemplada no projeto de restauração de Laranjeiras que mencionei na coluna da semana passada? E os tais novos canais de transmissão? Já existem, ou será só a FluTV com narração de jogos, coletivas e bastidores (em que pese o novo “Giro do Flu”, que está longe de ser suficiente)? Onde está a defesa institucional adequada da marca Fluminense? O que tenho visto é cada vez mais o envolvimento do Fluminense nas páginas policiais, e certamente isso não valoriza a marca. O projeto Casa Fluminense foi criado?
– Ouvidoria
Essa promessa de campanha já era elitista desde então. Só sócios, conselheiros e diretores podem falar com o presidente? Democratizar é isso? Cadê um canal pra que a torcida comum se comunique diretamente com o presidente do clube?
– Relacionamento
Sou sócio há quase oito anos, e a única experiência boa que tive foi na marcação de jogos e na entrada rápida. Acho bem pouco para quem quer elevar os números. A última campanha de associação foi puxada pela torcida. E, mesmo assim, não basta só nos associarmos, é necessário democratizar de fato o Fluminense. Reuniões do Conselho Deliberativo, por exemplo, poderiam ser transmitidas pelos canais digitais do clube, como a própria FluTV. Se o estatuto não permitir isso, que se mude o estatuto. O sócio, não importa qual o seu plano, precisa se sentir realmente parte do Fluminense. Precisa haver uma sensação de pertencimento. Mas se ele sempre está longe do que acontece no clube, como fazê-lo? Sócio não pode servir só pra votar em cada pleito!
– Defesa institucional
Continuamos sendo sacaneados pela FFERJ como acontece já há 34 anos (cheguei a falar sobre uma possível desfiliação e mudança para a federação capixaba, mas ninguém deu bola) e a CBF vive nos tirando jogadores com convocações estapafúrdias quando eles estão em seu melhor momento ou quando precisamos muito deles, fora as garfadinhas aqui e ali do VAR (que ano passado foram absurdas). Vamos ver se a visita do presidente da CBF a Laranjeiras muda um pouco esse quadro. A representação junto aos meios de comunicação também parece inexistir (exceto na TV Bandeirantes, onde nosso presidente tem cadeira cativa). Se você passar um dia inteiro ouvindo qualquer rádio que fale de esportes e que vá falar de qualquer coisa relacionada ao Fluminense, a chance de você se irritar ou ouvir besteiras (ou ambos) é imensa. Narrações de jogos e comentários, então, nem se fala. Se eu fosse presidente, acho que toda semana teria que colocar esses pretensos radialistas e jornalistas em seus respectivos lugares.
Bem, é isso. Espero que minhas ponderações tenham ficado claras e que sejam encaradas como críticas construtivas pelos apoiadores da gestão. O que quero é um Fluminense vencedor, e espero que seja o mesmo que vocês querem.
Curtas:
– Como sempre, mais uma vez os “especialistas” da mídia esportiva decidiram apostar contra o Fluminense e se deram mal. Deviam ter lido minha coluna, uma vez que cravei o placar. Entra ano, sai ano, e não aprendem.
– Muriel, Igor Julião, Hudson, Caio Paulista e Felippe Cardoso. Se conseguirmos que Odair enxergue substitutos para esses jogadores no elenco e que realmente joguem bola, acredito que nosso nível de competitividade subirá. Estamos jogando quase sempre no limite do que podemos fazer, mas pra chegar ao título precisaremos de mais do que isso.
– A novela Dodi está boa de acabar. Se acharem que a valorização pedida é justa, que aceitem a proposta. Se for um absurdo e notarem leilão pelo jogador, dispensem logo o atleta, coloquem-no pra treinar em separado… o de sempre. Não dá é pra ficarmos reféns de um jogador mediano. Dodi não era ninguém antes de chegar ao Fluminense e, analisando o retrospecto dos últimos que saíram pela porta dos fundos, há uma boa chance de ele voltar a ser ninguém em outro clube.
– O Fluminense está chegando, pra desespero dos rivais e da mídia esportiva. Pelo visto, vão ter que nos engolir!
Panorama Tricolor
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