Cavalieri, Wellington Silva, Gum, Marlon e Giovanni; Edson, Jean, Wagner e Gerson; Kenedy e Fred. Para completar o Estadual, o time é esse. Se der certo, inicia o Brasileiro. Se der certo, talvez jogue até a Libertadores do ano que vem. Mas tem de dar certo logo, agora, como deu domingo.
Quem já se arriscou em algum esporte, quem já competiu, sabe que há duas coisas indispensáveis para o sucesso: confiança e treino. Creio que a vitória contra o Botafogo tenha dado confiança ao time, pois envolveu não apenas um futebol razoável, boas atuações individuais (sobretudo de Edson, Fred, Kenedy e Gerson), mas também uma raça que não víamos na equipe há séculos. O time estava quente, ligado, com sangue nos olhos e não se deixou intimidar nem no pequeno trecho do jogo em que o adversário deu as cartas. Com a confiança conquistada, a questão agora é treinar.
Aí é que mora o perigo. Não sou apenas eu quem tem a impressão de que nosso time treina pouco. Praticamente todos os que acompanham o Fluminense têm a mesma impressão. Aliás, não é uma impressão, mas uma constatação, bastando para isso observar a programação de treinos que o clube divulga toda a semana. Na maioria dos dias de trabalho, a programação aponta treinos em um mísero período, começando 16h. São raríssimos os chamados treinos em período integral e, pior, não há coletivos, aparentemente por conta da filosofia do treinador.
Eu gostaria de entender por que isso acontece. Creio que todos saibam que teríamos de treinar mais. “Todos” aqui quer dizer: Peter, Bittencourt, Simone e mesmo o Cristóvão. Estes senhores acompanham esportes e não são idiotas ou burros. Também não acredito que os jogadores, como funcionários do clube que são, tenham poder para decidir não trabalhar no horário de trabalho. A razão de fundo é outra e, como não sei qual é, só posso especular: trata-se de um problema com as Laranjeiras. Para ser específico, o problema é a falta de local para os jogadores descansarem entre o treinamento da manhã e o da tarde.
Ora, se é esse o problema, vai lá a solução: ou arrumem duas dúzias de camas e enfiem em algum lugar nas Laranjeiras, ou desloquem os treinamentos para Xerém. O que não dá é para ficar sem treinar, perdendo a oportunidade de exercitar coisas básicas, como cobranças de falta (quem cobra neste time?), jogadas de escanteio, a posição dos laterais e dos volantes etc. etc. etc. O time jogou bem no domingo, mas também apresentou muitas falhas básicas, que seriam facilmente resolvidas com exercícios de repetição.
Agora, pensemos bem. O material humano que temos é de razoável qualidade, principalmente considerando a qualidade depauperada do futebol no Brasil e no mundo. Quantos times vencedores, inclusive nossos, tinham um material humano pior do que esse? Eu me lembro de alguns e posso de cara citar nosso time de 1995, campeão estadual e semifinalista do Brasileiro. Aquele time era pior do que esse de agora, embora também tivesse qualidade (Lira, Renato, Djair, por exemplo). Mas nitidamente tinha um bom preparo físico, técnico e tático, preparo esse que o tornava competitivo.
Antes que alguém pense que acho que nossa equipe é perfeita, faço aqui a ressalva de que a julgo bem abaixo do que merece o Fluminense e a torcida tricolor. Poderíamos ter um time ainda melhor, bem melhor. Mas tudo tem um custo e nosso orçamento não é o dos queridinhos do Sistema Globo de Televisão. Ou seja, é apertado. Dadas as limitações orçamentárias, acho que está de bom tamanho ter um time que seja competitivo e, sendo assim, possa até beliscar uma taça. Taça traz taça e traz também dinheiro. O diabo é ganhar a primeira.
A maior chance é justamente a taça do Estadual, que tantas vezes já conquistamos. Nós podemos roubá-la de quem não quer entregá-la para nós. Em 2012, nós fizemos isso. Às turras com a Federação, jogamos um futebol tão forte, tão competitivo que não havia jeito de não sair vitoriosos. Lembram-se das finais? O Fluminense atropelou o Botafogo de uma forma tal que nenhum juiz conseguiria inverter o resultado. Não dava, como não deu no último domingo. Possível é. Mas temos de fazer por onde.
Panorama Tricolor
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Imagem: globoesporte/alenxandre cassiano
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