Chega de tapar o sol com a peneira no Fluminense! (por Paulo-Roberto Andel)

Consolidado o esperado fracasso do Fluminense na Libertadores, imediatamente começaram a surgir as cortinas de fumaça. “Jogamos no limite”, “Fizemos de tudo”, “Veja como os jogadores estão desgastados”, “Faltou Caio Paulista” e outras quinquilharias da indigência mental pulularam na internet e, claro, o único objetivo disso é aliviar politicamente a imagem da gestão grotesca do clube. Parte dos torcedores não é trouxa e sabe muito bem de onde vêm matérias favoráveis à direção, tanto da mídia convencional quanto de vergonhosos baba-ovo$ na imprensa segmentada tricolor.

O momento é tão descalibrado nas Laranjeiras que até Fred, maior ídolo do clube no século XXI e um de seus maiores artilheiros históricos, reproduziu essa conversa para boi dormir. “Não há tempo para lamentar, vamos focar em outras competições”.

Vamos parar de tapar o sol com a peneira! Embora esperada por conta de todos os desacertos cometidos nos últimos meses, que vão da supervalorização de um time mediano a contratações muito contestáveis, passando por um treinador com conceitos extraterrestres, a eliminação do Fluminense foi um desastre sim e não há por que se aliviar isso. Desastre esportivo, financeiro e institucional, consolidado diante de um adversário limitado que tem sete vezes menos investimento do que o Tricolor.

Durante anos, injetou-se em parte da torcida do Fluminense o conceito medíocre de que “só a Libertadores interessa, o resto não vale nada”. Assim, 119 anos de história foram postos no lixo em nome do “sonho” da Libertadores que, por sinal, nunca esteve próximo da realidade prática se avaliarmos as partidas e a campanha. Salvo a grande vitória sobre o River Plate, obtida contra um time que vinha de 15 jogadores em recuperação de covid19, em que momento o Fluminense brilhou na Libertadores? NENHUM. Da mesma forma quando, na temporada passada, conquistou a vaga para a competição continental mas JAMAIS esteve na luta pelo título brasileiro, por uma rodada que fosse. A coluna do Aloisio sobre o Fluham, publicada neste domingo no PANORAMA, é um excelente estimador da situação atual do Flu.

O que sobrou dos escombros da pantomina? Encarar o Atlético Mineiro na Copa do Brasil, que é dez vezes melhor do que o Barcelona de Guaiaquil, e, pela sexta vez em oito anos, ligar o sinal de alerta para se afastar da zona de rebaixamento. Ou seja, no tabuleiro da temporada o Fluminense está em xeque.

É claro que Roger tinha que sair, mas saiu com três meses de atraso e, por isso, pagamos com mais uma temporada destroçada e alguns milhões de rescisão contratual insana. Quem paga a conta dessa barbaridade? Teremos que ver Roger pedir 10 milhões na Justiça daqui a alguns anos, como acontece semanalmente no Fluminense (e tem gente que acha normal…)? Certamente quem paga a conta não é o diretor pateta que disse que a torcida não assinava cheques… Somos nós, torcedores e sócios. Precisou a torcida se desesperar, e termos até uma ótima live que só sairia do ar quando Roger saísse, para que a insossa e prepotente direção do clube agisse.

O regime do Fluminense é presidencialista e seu atual mandatário exerce o poder de forma absoluta. Ele é o principal culpado pela situação em que estamos, não adianta mais o velho modelo de terceirizar culpas. Ele é quem decidiu por Roger, mantém seu padrinho de casamento à frente do futebol(?) e assinou os contratos da barangada que hoje incha o elenco do clube. E chega dessa conversa fiada de ataques pessoais: aqui a crítica é INSTITUCIONAL.

Ninguém foi enganado, só quem quis. O Fluminense já tinha sido desastroso em 2015, repetindo o “feito” em 2019. Tomara que o cenário mude logo, mas há cheiro no ar de que 2020 foi exceção e longe da regra. Torçamos muito, porque é o que nos resta nesse ano. E que em 2022 o Flu seja libertado dessa desgraça política que domina o clube há mais de dez anos.

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