A incrível surpresa tricolor no Brasileirão (por Paulo-Roberto Andel)

Não há torcedor tricolor que não esteja satisfeito com a possibilidade real do Fluminense disputar a Copa Libertadores de 2021, oito anos depois de sua última participação. E é preciso reconhecer que a pontuação tricolor no Brasileirão já ultrapassou todas as expectativas.

Contudo, o atual momento vira terreno fértil para os tradicionais “cientistas pós-jogo” que, depois dos resultados, passam a se vangloriar das previsões feitas a respeito do sucesso do Fluminense na competição nacional.

Vamos à verdade dos fatos: ninguém acreditava que o time tricolor, montado da maneira que foi, com tantas atuações bisonhas e há algum tempo com um treinador de validade limitada, pudesse chegar tão longe na tabela de classificação. Basta dizer que a boa vitória sobre o Goiás, com uma atuação convincente apesar da fragilidade do adversário, foi a quarta exibição de qualidade do Flu em 33 jogos. No resto, muitos pontos em partidas medíocres. Isso não tira o mérito da pontuação de forma alguma – se o Fluminense ganhou ou empatou jogando mal, azar dos adversários – mas nos faz refletir sobre os próximos e emocionantes capítulos.

A se confirmar a vaga na Libertadores – e tudo indica que ela se confirmará -, não haverá tempo hábil para qualquer mudança, no máximo a do treinador. O time é esse, sem tirar nem por, e vai do jeito que está, fato que alimenta muitas dúvidas. Minha opinião é simples: uma boa colocação no Campeonato Brasileiro é mais difícil do que no principal certame continental. E, se o Fluminense entrar como quinto, sétimo e até oitavo na tabela de classificação, vai à festa do mesmo jeito que o campeão, o vice ou o terceiro colocado.

No mais, a direção tricolor e seu séquito de guardiões precisam entender que ninguém deixa de torcer para o Fluminense por ter senso crítico mais apurado. É sempre melhor vencer do que perder, mas se aprimorar é uma meta sempre possível no esporte e o futebol não foge à regra. Ninguém é obrigado a aplaudir exibições horríveis, independentemente do resultado. Não é porque o Flu vive um grande momento na tabela que nomes como Egídio, Hudson, Caio Paulista e Felippe Uruboso possuem aprovação automática, nem que Marcão seja o novo Rinus Michels ou Gentil Cardoso. E a aplaudida vitória sobre o Goiás não deixa dúvidas: quando o time joga bem, a torcida reconhece e aplaude sem problemas.

Não tivesse tido tantos percalços, com pontos perdidos no meio do caminho, talvez o Fluminense tivesse até alcançado seu objetivo natural, que era disputar o título brasileiro. Porém, o time engasgou em todas as vezes que tinha condições de engrenar no campeonato. O Flu vacilou e não se consolidou na dianteira em momento algum, mesmo quando as chances foram claras. Agora sim tem tudo para confirmar uma campanha digna e isso sempre será bom, independentemente de quem ocupe a cadeira da presidência ou as papagaiadas de dirigentes no vestiário.

Que venha uma grande vitória sobre o Bahia logo mais.

##########

Enquete realizada pelo Canal FluNews nesta terça-feira na rede social Twitter aponta grande desaprovação da gestão do Fluminense, conforme a amostra aleatória simples coletada.

Como se vê, uma parcela da torcida tricolor não confunde a boa pontuação no Brasileiro com o desempenho dos dirigentes, em especial do presidente. E se ele priorizar a lucidez e a humildade, certamente os resultados da enquete lhe servirão de autocrítica.

Que assim seja.