Amigos, amigas, o Sport vem se notabilizando por apresentar equipes muito ruins nas últimas temporadas. Mesmo assim, o Sport, na mesma 11ª rodada do campeonato passado, quando o Fluminense era ainda comandado por Odair Hellmann, venceu o Fluminense por 1 a 0, também com um gol de pênalti, em meio a uma enxurrada de escolhas equivocadas do então treinador tricolor.
Para o bem dos nossos 40 milhões de torcedores espalhados por todo o Sistema Solar, as coincidências param por aqui. Na verdade, as coincidências não voltaram do vestiário para a segunda etapa e o Fluminense voltou para casa com uma vitória de virada, com duas assistências de Danilo Barcelos para dois gols de Lucca.
Não, acredite você que não viu o jogo e está se atualizando por aqui, não é pegadinha. Foi exatamente isso que você acabou de ler. Duas assistências de Danilo Barcelos e dois gols de Lucca, mas vamos voltar ao começo desse curioso e, no final, saboroso episódio da jornada tricolor no Campeonato Brasileiro de 2021.
A escalação anunciada pelos veículos jornalísticos já causava certo mal estar. Nenê e Cazares atuando juntos significa repetir o velho erro de dar vantagem física ao adversário desde o primeiro minuto de jogo. Além disso, tínhamos Wellington, Danilo Barcelos, a zaga reserva e Lucca no comando do ataque. Quem viu essa escalação deve ter tido, como eu, a visão perfeita do inferno. Mas eis que o Roger, a título de nos pregar uma peça, conseguiu piorar ainda mais o que já era assustadoramente ruim. Roger entra com Ganso no lugar de Lucca.
Amigas, amigos, se o Fluminense já dava vantagem física para o Sport com Wellington, Nenê e Cazares, o que dizer sobre Roger ainda acrescentar Ganso a essa estranha receita. Só que sempre pode ser pior, porque Roger transformou Ganso em menos um em campo, colocando-o de falso nove. Dá para imaginar um time desses vencendo alguém?
Pois o Fluminense, com menos de dez minutos de jogo, já fizera o goleiro do Sport operar duas grandes defesas, mas esse enredo já é conhecido, não é? Todo o resto do primeiro tempo foi marcado por um único lance ofensivo do Fluminense digno de registro, quando Luis Henrique mandou uma batata quente de fora da área, mas que teve a direção das mãos do arqueiro pernambucano.
O Sport, ruim que só, logo percebeu que dava para tomar conta do jogo e foi se chegando como quem não quer nada, criando duas ou três boas oportunidades, até que David Brás tentou interceptar a bola com os braços abertos dentro da área. Pênalti, que André, aquele mesmo que tem como principal hobby na vida fazer gols em jogos contra o Fluminense, cobrou mal pra burro, mas como era o André e o Fluminense Muriel atrasou demais o salto e não chegou na bola.
Amigos, amigas, antes de descerrarmos as cortinas do segundo tempo, vale aqui elogiar a decisão de Roger de poupar os titulares, que, certamente, ganharam um dia a mais de treino, algo vital e raro nessa altura da temporada. Na verdade, ao não atuarem, os titulares ganharam até dois dias de treino.
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E falando em decisões acertadas, Roger fez uma única troca no intervalo que endireitou o time taticamente. Tirou Nenê, que é peça importante para o jogo de terça, e pode até mesmo ser titular, mas que não estava jogando nada, e colocou Lucca. Ali Roger nem sabia o quanto estava mudando a história do jogo. O que o nosso aprendiz de feiticeiro sabia é que fazer o óbvio de vez em quando também pode produzir bons resultados. Passamos a ter um atacante de verdade e, ao mesmo tempo, melhorou o nosso volume de jogo no meio de campo.
Apesar da melhora tática, o Fluminense reproduzia erros técnicos e não criava oportunidades claras de gol, mas de tanto rondar a área do Sport, que ia recuando para as cordas na medida em que o tempo passava, acabou encontrando o gol, numa ultrapassagem de Danilo Barcelos pela esquerda para cruzar rasteiro, de primeiro, e encontrar o pé de Lucca na pequena área.
Gol de empate do Flu e Roger já conhecia o caminho da vitória cada vez mais evidente. Na sequência, aos 23 minutos, tirou Cazares e colocou Matheus Martins. O Fluminense aumentou a rotação e a virada era questão de tempo. Matheus Martins quase marca um belo gol, mas o arqueiro do Sport mergulhou para dar um tapa na bola. O Fluminense seguiu pressionando, até que Danilo Barcelos cobrou escanteio na cabeça de Lucca, que não deu qualquer chance para o goleiro rubro-negro.
Martinelli desperdiçou grande chance, quando, livre na área, encheu o pé, mas bateu em cima do goleiro. Matheus Martins, para compensar, criou grande oportunidade para o Sport ao tentar sair driblando da nossa área, se enrolar todo e perder a bola para o ataque rubro-negro. O árbitro levou o jogo aos 52 minutos, mas dificilmente o Sport conseguiria empatar ainda que houvesse levado aos cem. Mais um ano de muita reza e muita promessa para permanecer na Série A.
O que me preocupa com relação ao jogo deste domingo é que, por causa das escalações sem pé nem cabeça, o Fluminense deixou escapar o título brasileiro no ano passado. Eu sempre falo isso e as pessoas acham que é brincadeira. Contra o mesmo Sport, na mesma 11ª rodada, Odair escalou o time com três volantes, deixando no banco Ganso e Miguel. Ainda deixou Marcos Paulo no banco para escalar Wellington Silva. Só nos 20 minutos finais, Odair colocou Marcos Paulo, Ganso e Miguel em campo. O Fluminense, que, por razões óbvias, sequer chutara a gol, encurralou o Sport e criou quatro ou cinco grandes oportunidades, mas a solução tardia acabou custando três pontos óbvios, que fizeram falta no final.
Roger precisa entender que o Fluminense não conquista um título brasileiro há nove anos. Acreditemos ou não na conquista, o Fluminense tem que lutar por ela com todas as suas armas. Perder e empatar faz parte do jogo, o que não pode é convidar a derrota para entrar.
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Duas excelentes notícias: John Kennedy e Wallace. Ao que tudo indica, ambos viajarão para o Paraguai para o jogo de terça. É muito prematuro dizer que Wallace será a solução para a nossa posição problema, que é o meia que joga entre os volantes e o ataque, mas é uma possibilidade que deve ser tentada, embora eu ainda ache que Ganso pode ser esse homem, mas, claro, com Wallace ganharíamos em intensidade.
Quanto a John Kennedy, eu tenho poucas dúvidas de que é o mais qualificado para ser nosso centroavante titular. Parece que vamos ganhando reforços, sem gastar nenhum tostão, na hora certa.
Saudações Tricolores!