A paixão que nutro pelo Fluminense é uma herança paterna. Que saudade eu sinto de debater com meu pai as atuações de nosso time, especificando o desempenho de cada jogador após os embates. E o último a quem me lembro de termos analisado conjuntamente – ele deixou o plano material em novembro de 2008 -, coincidentemente, faz parte do atual elenco tricolor. Trata-se de Cícero.
Concordávamos quanto à dificuldade de apontar a verdadeira posição de Cícero. Seria ele um meia, um volante, um atacante…ou nenhuma dessas coisas? Que não primava pela raça, disso sabíamos. Mas não podíamos negar o quanto era decisivo. Aliás, o é até hoje.
Ainda posso ouvir, em meus pensamentos, meu pai me dizendo: “Mas como é estranho esse Cícero. Quase não percebemos sua presença em campo na maior parte do tempo. Move-se como uma sombra e, de repente, surge livre na área para decidir.”
Move-se como uma sombra – dessa jamais eu esqueci. Pois a expressão retrata com exatidão o que vem a ser Cícero, um fantasma sorrateiro que ronda a área sem ser percebido até o momento do bote fatal. A torcida há de concordar: após a saída de Fred, quem é a nossa maior esperança de gol? Sim, Cícero.
Pois é a Cícero, nosso artilheiro neste período de reconstrução, que agradeço pelos gols marcados e pela oportunidade de falar sobre o meu pai mais uma vez. Pois além do amor pelo Fluminense, dividíamos afinidades múltiplas, cujas lembranças apertam o coração conforme vai se aproximando o segundo domingo de agosto. Sorte minha poder passar a meu filho esse sentimento que supera qualquer explicação.
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Aos poucos, Levir Culpi vai fazendo do Fluminense um time competitivo. Os reforços aumentaram as opções e alguns jogadores estão voltando a render bem. Não sejamos hipócritas: nossa missão no Brasileirão deste ano é cumprir apenas uma participação digna. Mas o título da Copa do Brasil é possível. Se passarmos pelo Corinthians, podemos acreditar. Temos camisa para isso.
Panorama Tricolor
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Imagem: paro