Pobre Campeonato Carioca. Outrora o mais charmoso e importante do país, foi sendo sucateado com perda da qualidade técnica, arbitragens calamitosas e bastidores indecentes, a tal ponto que muitos passaram a desprezá-lo.
É triste, mas é preciso encarar a realidade. De toda forma, eu não desprezo: entendo que toda competição que o Fluminense dispute, é para ganhar, pouco importando se o time é misto, junior etc. É laboratório, é treino, é isso, é aquilo mas estou há nove anos sem vencer e, por isso, quero ganhar.
Não concordo com o fim dos estaduais. Minha lógica é simples: futebol é paixão, é rivalidade e disputa. Hoje, ela só pode ser exercida no Carioca, dado que o Rio de Janeiro está esfacelado no Brasileirão e sabe-se lá quando terá de volta os quatro grandes reunidos. E se matar a rivalidade, esquece: pode jogar todas as teorebas de marketing e rentabilidade no lixo, porque o futebol perde interesse. Com todo respeito ao maravilhoso desfile de Carnaval que já me dá tanta saudade, alguém quer ver a Sapucaí sem Portela, Mangueira, Beija-Flor e Sangueiro, por exemplo? Acho que não, e olhe que, no Carnaval, a rivalidade é infinitamente menor.
Até 1980 não se falava em Campeonato Brasileiro. Só passou a ser divulgado quando o time de estimação da mídia o venceu pela primeira vez. Libertadores também. Claro, o mundo mudou e, com ele, se tenta criar uma rivalidade continental que não existe, às custas de uma competição superior. Superior? Quase metade dos times brasileiros da Série A jogará a Libertadores. Antes ia um, no máximo dois. Virou um farofão. Claro, todos queremos vencê-la, é óbvio.
Vamos lá: quero vencer o Resende e pronto. Bora.
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A cada dia que passa, num país onde o primitivismo virou regra, encontramos bobagens disfarçadas de análise.
Nem vou falar de estatísticas no futebol brasileiro. Uma coluna inteira seria pouco.
A nova besteirada agora é não poder criticar uma contratação porque o jogador criticado não “performou” ainda pelo clube – quer algo mais ridículo do que “performar”? Às vezes um jogador pode chegar sem cartaz e fazer a diferença fundamental, sem dúvidas, mas quantos conseguem isso? Vamos pensar no Fluminense dos últimos 40 anos. Assis, ok. Super Ézio. Conca. Thiago Silva, voltando ao clube em 2006. Quem mais?
Ora, bolas, vamos parar com a hipocrisia. Escrevo aqui há nove anos em todo começo de temporada: contratação é uma coisa, reforço é outra. Reforço é quando você traz um jogador para melhorar o time, sendo um titular melhor do que seu antecessor. Contratação pode ser qualquer coisa, e disso o Flu entende como ninguém com o carrossel de vaivém dos últimos anos.
Ninguém é obrigado a viver num planeta lisérgico para defender o clube de coração, enxergando ouro em lata. Grandes clubes conquistam títulos contratando reforços, não apenas rodando jogadores de empresários.
Foi muito legal voltar à Libertadores, bacana, mil vezes melhor do que lutar para não cair, ótimo, mas passou. Acabou. Não parece, mas estamos em outra temporada. O Fluminense agora deve lutar pelos títulos que irá disputar em 2021. Títulos.
Exemplo claro o desse rapaz, Wellington, que será anunciado para suprir a vaga do possante Hudson. Tem 30 anos, nunca foi unanimidade em nenhum clube, jogou em vários e recentemente era banco do Athletico para o… Richard, que jogou no Flu, no Vasco, no Corinthians e tal. Então não adianta a conversa mole de que tem experiência internacional – tem gente experiente que nunca venceu nada. Pode dar certo? Pode. O histórico recomenda? Não. Então a possível contratação pode ser criticada sim. Se mostrar futebol a ponto de ser titular absoluto e melhorar o time, é só o cronista pedir desculpas e reconhecer o talento que ninguém tinha visto antes. Ninguém é senhor da razão. Acontece, contudo, que quem tem pouco dinheiro e um elenco com deficiências precisa se reforçar em vez de apenas contratar.
O tal de Rafael Ribeiro fica pra depois.
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Se tudo correr bem, o Fluminense estará na fase de grupos da Libertadores, com tempo suficiente para preparar a equipe e reforçá-la. Assim seja.
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A pandemia é cada vez mais grave. Cuide-se. Não abra mão da máscara nem dos protocolos. Só saia de casa se for inevitável.
Trata-se de uma questão de vida ou morte.