“Pague a Série B!”, livro recentemente lançado por Renato Breves no Clube de Autores, aborda a história de todos os times que já terminaram o Brasileirão entre os últimos colocados e não precisaram jogar a Série B.
Como diz a sinopse: “A esmagadora maioria dos grandes clubes do futebol brasileiro já terminou ao menos um Campeonato Brasileiro (ou a competição equivalente) entre os últimos colocados. Essas equipes, no entanto, não foram rebaixadas, ou porque não havia uma segunda divisão, ou porque a disputa contava com “trocentos” times e rebaixava apenas dois clubes. Nesta obra, o jornalista Renato Breves Giglio faz um detalhado apanhado sobre as mudanças – algumas bizarras – no regulamento do ‘Brasileirão’ desde 1967.”
Abaixo, uma entrevista com o autor do livro, Renato Breves Giglio:
1) Renato, qual foi o principal motivo para lançar o livro?
Eu identifiquei que faltava um livro sobre o assunto que abordasse a história de todos os “Brasileirões”, começou em 1967, e sobre a coisa do “Flamengo nunca caiu…” ou “Flamengo é incaível…”. Isso não existe.
Primeiro que essa questão do rebaixamento não quer dizer nada, o Campeonato Brasileiro foram muitas edições sem ter um rebaixamento, ou então com 300 times e dois sendo rebaixados, tudo isso para proteger os grandes clubes.
Essa coisa da torcida do Flamengo de “incaível”, o Flamengo já terminou entre os últimos, e não caiu porque foram campeonatos que protegiam os grandes ou foram campeonatos que simplesmente não rebaixavam.
2) Como explicar um pouco a complexidade dos regulamentos sem atacar diretamente A ou B?
Você explicar a complexidade dos regulamentos é muito fácil, era simplesmente para defender os interesses dos times grandes, para que não houvesse perda dos times grandes; já naquela época time grande cair para a segunda divisão seria financeiramente horroroso. Até hoje existe uma preocupação, naquela época já existia, era basicamente isso; era máfia mesmo, uma coisa fechada mesmo dos times, os clubes se uniam e se protegiam.
3) Você acredita que, com uma certa interferência da FIFA no regulamento das competições nacionais, os escândalos sobre rebaixamentos ficaram mais escassos?
Com a interferência da FIFA ali no final da década de 1980 houve uma escassez, uma diminuição dos problemas que ocorriam num campeonato que era feito à moda “culhão” né? Fazia do jeito que fazia e não dava em nada.
A partir da interferência da FIFA a situação começou a melhorar, ficou mais estabilizado; em 1993 voltou a dar problema, em 1996 novamente. Mas com certeza o dedo da FIFA ajudou bastante.
4) O regulamento de pontos corridos norteou o Campeonato Brasileiro para um período de normalidade?
O regulamento é fácil, é simples. Quem faz mais pontos é o campeão, os últimos quatro são rebaixados. O campeonato começou começou muito organizado lá em 1967, acabou que nas décadas de 1970 e 80 a política inteirou e acabou criando essa confusão de regulamentos loucos nos campeonatos. Mas com certeza os pontos corridos a partir de 2006 acabaram se estabilizando e norteou o campeonato a um período de normalidade. Com relação aos pontos corridos eu acho muito difícil de ser alterado, acredito que nunca mais seja alterado. Ainda mais que existe a Copa do Brasil que é eliminatória, acredito que essa estabilidade deva se manter.
5) Você acredita num futuro de estabilidade institucional do futebol brasileiro?
Com relação a crise na CBF, institucional; eu não vejo e não duvido nada que daqui a pouco mandem o Dorival Jr. embora, depois de dois ou três resultados ruins, e coloquem outro no lugar dele, não vejo muita firmeza no comando do nosso futebol, tudo pode acontecer. Essa situação do John Textor nós temos que ficar de olhos abertos, vamos ver o que será apurado, o que a Polícia Federal vai apurar com relação a essas denúncias; pode realmente acabar explodindo uma bomba, de novo. Como foi aquele escândalo de 1996, depois teve o escândalo daquele árbitro Edilson, que teve que refazer alguns jogos. Pode acabar estourando outra bomba.