“Faz tempo que o Fábio não erra uma saída de bola”, foi um pensamento que me ocorreu na última semana. E fazia tempo mesmo, quase um ano, salvo engano.
O mau pressentimento, infelizmente, se confirmou contra o Vasco. Um erro do Fábio, ao sair jogando com os pés, foi determinante para o gol do adversário e para o empate ao fim do jogo.
É claro que, ter sido determinante, não quer dizer que tenha sido o único motivo para a perda dos pontos. O Fluminense enfrentou um adversário atulhado no seu próprio campo de defesa, e que só saiu para o jogo esporadicamente, marcando corretamente e tendo, no seu goleiro, o destaque da partida.
Com quase 80% de posse de bola, 23 finalizações, e com verdadeiros milagres realizados pelo goleiro vascaíno, o gol único de Lima foi muito pouco diante da produção ofensiva Tricolor, sobretudo na segunda parte do confronto. E foi insuficiente para a vitória.
Mas é sempre bom lembrar que, embora o Vasco tenha se limitado a se defender como um time pequeno, foi a estratégia escolhida e acabou dando certo. Por outro lado, trata-se de um clássico, e clássico é clássico.
Voltemos ao Fábio e ao erro que, ao fim, acabou ganhando relevância em virtude do empate. Não teria sido assim, e talvez a falha tivesse sido esquecida ainda durante a noite de sábado, se o Fluminense saísse vitorioso, e esteve muito perto disso. Bastaria só mais um gol, entre as vinte e tantas tentativas, uma hesitação do goleiro, um Cano mortal, como costuma ser.
O sistema de Diniz funciona com a participação efetiva do goleiro na saída de bola, e assim tem encantado a torcida Tricolor e o Brasil. E é claro que, jogando dessa forma, arrisca-se a perdê-la e a sofrer um gol, como aconteceu. Faz parte e, se colocarmos na balança, veremos que uma falha fatal, como essa, tem ocorrido com cada vez menos frequência, o que revela o amadurecimento do esquema. Em contrapartida, é com essa estratégia que vitórias, inclusive épicas, foram alcançadas.
De toda a sorte, a falha ocorreu. Não pode ocorrer num mata-mata decisivo, onde a atenção deve ser redobrada, e o recurso do chutão deve ser utilizado se o risco de perder a bola for iminente.
Dito isso, Fábio está absolvido. Não apenas porque tem crédito, e tem muito, mas porque jogando no fio da navalha, correndo sempre o risco de um passe interceptado pelo adversário, estar há quase um ano sem cometer um erro fatal como o que cometeu no sábado, nosso goleiro mostra que evoluiu e, Diniz, que a sua estratégia permanece inatacável.