Hoje, dedico meu texto à uma amiga que a vida me deu. Seu nome é Marcia Chagas, mais conhecida como Marcinha.

Além de ser uma amizade com raízes, gerou frutos: ela torcia para o Botafogo e hoje é tricolor de coração.

A vida muitas vezes reserva surpresas: na minha, uma das maiores foi a amizade da Marcia.

Algo que nasceu e frutificou em nome da afinidade, cumplicidade, carinho, dedicação e companheirismo.

Quem é amigo de tricolor apaixonado tem que saber: boa parte da nossa vida gira em torno do futebol e do Fluminense.

Ser amiga de tricolor amiga de tricolor apaixonada tem um agravante; geralmente, as meninas que torcem com moderação falam de seu time quando está em alguma final, se ganhou um campeonato ou um clássico.

Já nós, torcedoras do Fluminense que temos essa paixão que nunca acaba, somos diferentes e pra ter amizade conosco tem que saber que nossa rotina tem futebol, que muitas vezes substituímos cinema pelo estádio e que, ao estarmos por exemplo num shopping, entramos nas lojas de esportes para vermos novas modas tricolores.

Somos chamadas à atenção às vezes, por deixà-las fora de contexto numa roda de amigos, onde o assunto é futebol e, por muitas vezes, sabemos mais do que os meninos.

Ser amiga de tricolor, é ter a certeza de não se errar no presente de aniversário. No meu ultimo, ganhei variados presentes com o tema do nosso Flu, até bolas de futebol e gostei demais.

Ser amiga de tricolor é ligar pra dar aquela força quando acontece uma derrota mais marcante.

Na ultima rodada do Campeonato Brasileiro de 2013, tive amigos pra me zoar, mas também os que vieram em casa me buscar e me levaram pra comer, só porque precisavam me tirar daquele estado.

Marcinha entrou na minha vida pra ficar. Uma amiga querida, linda e que tem bom gosto.

Ao entrar na minha vida, viu que eu paro tudo por causa do Fluminense.

Uma das primeiras perguntas que fiz quando nos conhecemos foi “Qual é seu time?”. Ela me respondeu que era botafoguense.

Percebi um carinho dela pelo alvinegro, vi uma ou duas camisas que ela pouco usava, mas rolava aquela zoação de ambas as partes quando o jogo era o Tricolor e o Alvinegro.

Um belo dia, ela me pediu pra levá-la em algum jogo do Fluminense. Mais precisamente, dia 09 de agosto de 2014, na décima-quarta rodada deste Brasileirão, Fluminense x Coritiba, nos preparamos e fomos ao jogo.

Eu não pedi que colocasse uma camisa do Fluminense; ela me pediu uma emprestada sem que eu falasse nada. Eu mostrei algumas, e ela escolheu a grená com dourada.

Fez selfie no carro, postou nas redes sociais “Partiu Maraca”, sem se preocupar com as zoações por estar com a camisa tricolor e fomos felizes da vida.

Nunca vou me esquecer dos olhos da Marcinha ao olhar as cores da nossa torcida. Ela não hesitou em dizer que se rendia à beleza de nossa torcida. Quis aprender as músicas, pulou, mas manteve-se firme na posição de torcedora alvinegra, visitando outra torcida.

Nas semanas subsequentes, todo jogo que ela me via indo ficava querendo ir junto.

Os elogios dos seus amigos tricolores e não tricolores também, dizendo que ela estava linda e que realmente tinha a cara da torcida do Fluminense, a deixaram pensativa.

Um belo dia ela pediu a minha camisa grená com dourado e eu prontamente disse um sonoro não, pois não encontraria aquela camisa fácil, porque a edição foi limitada.

Quando soube que teria o clássico mais emblemático do País, Fla-Flu, ela me pediu que lhe comprasse um ingresso.

Dia 21 de setembro, na rodada 21, ela chegou comigo para estacionar na UERJ e se apresentou ao segurança como tricolor.

Eu levei um susto e perguntei se ela estava falando aquilo pelo contexto do jogo ou se era verídico. Disse-me que não tinha dúvidas de que a torcida e o Fluminense tinham a cara dela e que passou a ter um outro parâmetro de futebol, pois as idas ao estádio, torcendo pelo time preto e branco, eram totalmente diferentes.

Neste jogo, tivemos a volta do pó de arroz, e eu, claro, a batizei perante meus amigos daqui do PANORAMA. Ela não reclamou e sorriu dizendo “Agora eu sou tricolor e quero a minha camisa”.

Nossos amigos a chamaram de vira-casaca, mas ela nem ligou pra isso.

Marcia estava com planos de ir morar na Inglaterra, estava resolvendo pendências para partir, mas eu mesma nunca acreditei que ela teria coragem de sair daqui para trabalhar e estudar em Londres.

Há um mês, ela me mostrou a passagem e meu coração doeu.

Eu passei por uma saga para conseguir comprar uma camisa grená com dourado, pois ela me pediu com todas as letras e afirmou que, assim que chegasse, tiraria foto no Big Ben, referência londrina, mostrando que era brasileira e que tinha orgulho da beleza de time que ela escolheu torcer.

Consegui a camisa aos 49 do segundo tempo. Acho que nem ela acreditava, pois eu disse que seria difícil encontrar.

Anteontem, ela estava em minha casa arrumando as malas e eu fiz a surpresa. Na hora em que estávamos ouvindo a rádio do PANORAMA, eu a presenteei com a cobiçada camisa.

Ela ficou muito feliz e agradeceu demais. Vestiu prontamente e ficou se admirando no espelho.

Neste exato momento, ela está voando para a terra da Rainha e leva consigo um novo sentimento pelo futebol, graças ao Tricolor das laranjeiras.

Já está querendo chegar e assistir a partidas do Arsenal, Manchester City, Chelsea e cia, mas também disse que fará questão de ir com a camisa do Fluzão. Inclusive já me encomendou mais duas que gostou e quer que eu mande pra lá.

Estou com o coração partido por saber que não terei a minha amiga perto de mim, mas tenho a certeza de que estaremos unidas apesar da distancia.

Ela deixa comigo um orgulho por eu tê-la apresentado ao meu time amado e de não ter feito muitos esforços para convertê-la ao melhor que ela poderia se tornar.

O amor pelo meu time é eterno e ter uma grande amiga, que entrou em minha vida e passou a ser tricolor por vias do nosso convívio, é um sentimento maravilhoso.

Desejo toda a felicidade e sucesso à Marcinha e que ela mostre à Europa que torce para o time mais lindo do País do Futebol.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @ericammatos

Imagem: em