Tricolores de sangue grená, o “líder por uma semana” de Nelson Rodrigues atacou novamente, para desespero da mídia USPiana e da Flapress, que estão ávidas para juntar numa mesma manchete as palavras “líder” e “dissidência”. Não estamos dando vida fácil para nossos detratores de sempre, em que pese as sete vitórias seguidas terem sido, em sua maioria, e como já bem apontado pelo querido Andel, contra quase ninguém. Ainda é pouco, bem pouco, muito pouco para o que queremos para 2022. Se antes as equipes de menor investimento tornavam o estadual ao menos interessante com o dinheiro que recebiam da Globo, agora é quase como um treinamento contra clubes que jogariam a Série E se ela existisse.
Em verdade, esse jogo contra o Volta Redonda só serviu para mostrar que ter um armador no time não pode ser “opção”. É uma necessidade. Se esse cara vai ser o Ganso, o Nathan ou ambos, é outra discussão. Foi animadora a presença deles, deu para ver que “algo” mudou. Nós temos bons volantes, com qualidade até para criar jogadas, mas não é a mesma coisa. O elenco precisa ser utilizado. Quem pode decidir jogos não pode nunca ficar de fora, principalmente se for para manter “convicções”. Nesse sentido, foi ótimo golearmos em um jogo em que Ganso foi titular. Abel precisa entender, de uma vez por todas, que a torcida não é idiota, cega ou faz tudo por motivos políticos. Ela é soberana e sabe muito bem o que é melhor para o Fluminense.
Quaisquer que sejam as “convicções” (aspas muito necessárias) de Abel, elas não podem ser mais fortes do que o Fluminense precisa para vencer – e vencer bem – seus jogos. O “só vencer” que estávamos praticando, o “1 a 0 e fecha a casinha” uma hora não será o suficiente. O placar mínimo vale três pontos até o momento em que não valha mais. Até o momento em que tomamos o empate, a virada, em que temos um jogador expulso, em que o juiz resolve apitar contra o Flu, em que esse 1 a 0 nos leva para uma decisão por pênaltis, entre outras situações. “Fazer” o resultado sempre será a maneira mais segura de seguir vencendo e não depender das intempéries. Mas, para isso, o time precisa jogar para tal, produzir para tal e ter esse objetivo muito claro e definido.
É muito melhor ver um time jogando pra frente, querendo a vitória a cada minuto, do que times covardes como vimos nos últimos anos, reativos, que jogavam por uma bola ou dependiam da bola parada exclusivamente para decidir suas partidas. O que nos traz ao jogo de terça. Esse será o primeiro jogo “a vera” que a equipe enfrentará. Não, não estou considerando os clássicos, pois foram disputados em pontos corridos. Uma bobeada, uma escolha errada de Abel, um deslize na altitude e o ano todo vai pela latrina. É preciso concentração e, sobretudo, sabedoria nas escolhas nesse momento. Que a presidência e a “empresariância” fiquem fora da preleção, pelo menos dessa vez.
Desnecessário dizer que a Libertadores é o nosso Santo Graal. Apesar de sempre ter sido uma competiçãozinha meio feia, algumas edições trouxeram confrontos de alto nível e a valorizaram. A dívida de 2008 precisa ser paga eventualmente, e nada melhor do que fazer isso em 2022. A equipe do Millonarios é a segunda colocada no campeonato colombiano, que talvez tenha um nível próximo da Série B daqui. Não importa o que digam, o Fluminense é o favorito para esse confronto, e temos que agir como tal. Passando, aí pegaremos carne de pescoço, sendo ou Olímpia ou Atlético Nacional, dois times de peso histórico no cenário sul-americano. Eliminando-os, chegaremos com moral para a fase de grupos. Mas, para isso, Abel precisa deixar suas convicções abaixo do que o Fluminense precisa. Dois a um sempre será melhor que zero a zero.
Curtas:
– Terminar o primeiro trimestre sendo campeão carioca e jogando a fase de grupos da Libertadores é praticamente uma obrigação. Fazer isso convencendo e mostrando que o time pode galgar maiores conquistas e fazer um Brasileiro seguro, talvez até para brigar por título, é o ideal. O elenco tem potencial para tal, basta o treinador deixar.
– Olhando hoje o desempenho dos jogadores, eu iniciaria, contra o Millonarios, com Marcos Felipe, Nino, Felipe Melo e David Braz, Yago ou Calegari (ala direita), André, Martinelli, Ganso e ala esquerda [escolha um, quem sabe Arias por ali?], Luiz Henrique e Cano. Manoel, Nathan, Calegari (ou Yago), Bigode e talvez Fred seriam opções para a segunda etapa. O ideal seria John Kennedy, mas…
– Parece que teremos mais um ano pesadeleando com a lateral esquerda. Se na direita estamos conseguindo encontrar algumas soluções para a fase hedionda de Samuel Xavier, na esquerda temos o peladeiro Cris Silva, o fraquinho Pineida, o machucado e com contrato curto Marlon, além do impronunciável DB, que ainda não saiu do clube. Até Caio Paulista foi testado ali (o que eu imaginei que poderia até dar certo), mas não deu em nada, o que só fez acelerar a necessidade de esse rapaz trocar de profissão.
– Palpites para as próximas partidas: Millonarios 0 x 1 Fluminense, Fluminense 2 x 0 Vasco.