Tricolores de sangue grená, o Fluminense é, como diz meu camarada Paulo-Roberto Andel, um desafiador de definições. O mesmo time que perde de 3 a 0 pro Volta Redonda consegue levar a Taça Rio em cima do protegido da mídia, bem como amargar uma derrota pro time do energético no meio de semana e conquistar uma vitória, até com certa autoridade, sobre o Fhuracão na casa deles, com grama sintética e tudo, depois de cinco anos sem trazer de lá os três pontos e – pontue-se – num frio do cacete. É claro, nada acontece por acaso, e se na quarta-feira vimos um Fluminense até jogando bem durante parte do jogo, a saída de Nenê para a entrada de Ganso matou o time, que recuou até sofrer o gol derradeiro que decretou a derrota. Logo, a saída de Nenê para a entrada de Ganso seria a bala de prata para também sofrermos um revés no Paraná, correto? Pois é… eis que na partida sem transmissão da TV, disponível apenas em sites com olho de vidro, mão de gancho e perna de pau, Ganso resolve estrear pelo Fluminense em 2020, jogando uma bola que não vemos há bastante tempo. E aí?
E aí que Odair, ao “poupar” o time (exceto Julião, que foi barrado mesmo) para a partida desta terça-feira contra o Figueirense pela Copa do Brasil, acabou por “achar” um time. Ganso, escalado onde deveria jogar desde que foi contratado, tendo Michel Araújo como uma bela válvula de escape pela direita e o menino Luiz Henrique cheio de pernas pela esquerda, fez a bola rodar como o maestro que é. Se Marcos Paulo não estivesse em fase tão tenebrosa e o árbitro não enxergasse pelo em ovo, nossa vitória não seria por um sufocante 1 a 0 com atuação nível Taffarel de nosso bravo Muriel. Com Evanílson escalado no lugar de Marcos Paulo, que merece um banquinho pra ver se acorda, e a volta de Nino no lugar de Digão (e talvez a eventual volta de Hudson no lugar de Yuri), acredito que tenhamos aí a formação ideal ou próxima disso para o resto do ano. Mas aí vem a pergunta fulcral: e Nenê? Como preterir o maluco que, até o início dessa rodada, era o artilheiro do campeonato?
Esse é o grande “xis” da questão. Por enquanto, se a lesão de Luiz Henrique se confirmar, é só enfiar o Nenê por ali e tá tudo resolvido. Quando ele cansar, bota o Wellington Silva ou o Pacheco. Mas… sabemos que Odair provavelmente não vai escalar Ganso e Nenê juntos. E se Ganso retornar ao banco, voltamos à murrinha do time que entrou contra o Bragantino. Ao menos, é um alento o fato de Calegari ter ido tão bem, pois nos dá uma preocupação a menos. Pela primeira vez em muito tempo, Odair terá uma “dor de cabeça” para escalar o time, não pela ausência de peças, mas por ter encontrado, provavelmente por acidente, uma formação que fez o time jogar algo similar ao futebol que a torcida quer ver, com o Fluminense atacando e sendo protagonista. Sabemos que, pela necessidade de substituições (algo em que Odair erra mais do que acerta), esse estilo de jogo tem prazo de validade, mas se conseguirmos uma vantagem enquanto o time rende com os titulares, já será um ganho.
A partida contra o Figueirense nesta terça principalmente e contra o Vasco no sábado exigirão que busquemos o protagonismo. Precisaremos muito mais do Fluminense incisivo e malemolente que dominou boa parte do jogo contra o Athletico e no primeiro tempo contra o Bragantino do que o que tomou sufoco do time paranaense no final do jogo e em boa parte do segundo tempo contra o time paulista. Nosso técnico tem a faca e o queijo na mão não apenas para recuperar sua popularidade e sua credibilidade, mas para manter o Fluminense na principal competição onde tem chance de título, além de buscar os pontos no Brasileirão para tranquilizar a torcida. Muriel, Calegari, Nino, Luccas Claro e Egídio; Yuri (Hudson), Dodi, Michel Araújo e Ganso; Luiz Henrique (Marcos Paulo ou Nenê) e Evanílson. Esse é o provável time que eu escalaria para a decisão na Copa do Brasil. Nenê é finalizador e acho que dá pra ele ter uma vaga no time numa posição mais próxima do Evanílson. É tudo questão de montagem. Que a cabeça branca de Odair Hellmann esteja iluminada e nos traga a vaga.
Curtas:
– Impressiona como Luccas Claro ganhou mesmo a posição, com atuações de alto nível e segurança. Ferraz e Digão vão ter que suar muito pra tentar retomar seu lugar na zaga.
– O Figueirense é o 11º colocado na Série B, que tem Cuiabá e Operário-PR no G4. Vem de vitória sobre o Botafogo-SP que está em 10º, e antes havia perdido de Cruzeiro e do próprio Operário, e conquistado um empate contra o Vitória. Eles têm um jogo a menos, pois a partida contra o Sampaio Corrêa foi adiada. Olhando apenas para os números, fica claro que temos totais condições de impor uma derrota a eles jogando em nossos domínios. Claramente virão com um ferrolho daqueles, e será missão do Odair escalar um time bastante ofensivo, posto que precisamos de gols. Nada de 1 a 0, pois sabemos como são os pênaltis. Uma goleada é o mínimo que a torcida espera.
– Vejo muitos tricolores com um certo “medo” do Vasco. Escrevi essa coluna antes da partida entre Vasco x Grêmio, e a verdade é que o Cruz-maltino tem, como destaques, o goleiro Fernando Miguel e o centroavante Cano, que é o principal artilheiro deles. Mas se analisarmos com frieza a tabela, até aqui só pegaram babas. Sport, São Paulo de Diniz (que perdeu pra gente ano passado em São Paulo, quando estávamos numa draga só) e Ceará. Tabela que foi uma mãe. Acompanhemos a partida contra o Grêmio com atenção. Ela nos dará uma ideia melhor do quanto precisamos realmente “temer” o time da colina.
– Palpites para as próximas partidas: Fluminense 3 x 0 Figueirense; Fluminense 2 x 1 Vasco.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
#credibilidade