A equipe reserva do Fluminense mereceu ser derrotada pelo voluntarioso time do Nova Iguaçu. Sofremos três gols por falhas defensivas, mas não é hora de crucificar a dupla de zaga feita pelo Nogueira e o Reginaldo, que desde o começo deste ano, sempre que exigida, se comportou de forma impecável. Existem dias em que nada dá certo… Ontem foi um deles. Vida que segue.
“Vamos ter calma. Nós já estamos classificados. Esse time é o reserva. Quero vê-lo por outras vezes e o Abel também. A defesa falhou três vezes e se o Pedro, que tem qualidades, não tivesse perdido três gols, teríamos vencido. O Fluminense teve maior posse de bola. Essa garotada vai nos dar muita alegria ainda, se os corneteiros não atrapalharem” (by Paulo Studart)
Mas o que me motiva a escrever esta coluna é um assunto triste, lamentável e que me revolta o estômago… É claro que envolve o Fluminense… E falo na lata, doa a quem doer: O PÉSSIMO MOMENTO QUE VIVEM AS ARQUIBANCADAS DO FLUMINENSE.
O que aconteceu na noite da última quarta-feira (14/03/16) em Edson Passos, quando o GEPE ordenou que todas as Torcidas Organizadas do Fluminense retirassem as suas faixas, não passa de mais um “péssimo capítulo” da novela que perfeitamente poderia se intitular “O inimigo mora ao lado mas o diabo vive aqui”.
As faixas da Flunitor e da Jovem Flu (quantos componentes têm essas torcidas?) foram colocadas no alambrado do setor C das arquibancadas do estádio Giulite Coutinho, num espaço que não lhes correspondiam nem por antiguidade e, menos ainda, por falta de representatividade;
A Força Flu (Torcida Organizada histórica do Fluminense, a mais antiga) chegou depois e não encontrou mais espaço para colocar a sua enorme faixa. Pelo visto, atropelou e colocou a sua por cima dessas Torcidas Organizadas pequenas.
Eu não vi isso acontecer… mas aconteceu!
Quando adentrei a arquibancada C, reluziam três faixas nas grades das arquibancadas: Força Flu, Young Flu e Fiel Tricolor.
Mas o pior estava por vir… Uma dessas “torcidas pequenas” (a micro Jovem Flu) procurou ao GEPE e fez a sua denúncia, relatando o SUPOSTAMENTE ACONTECIDO.
Em outras palavras, DEDO DURO.
E o que fez o GEPE (brilhante grupo especial da Polícia Militar do Rio de Janeiro, com expertise em atuações em estádios de futebol, modelo a ser seguido por todas as polícias do Brasil)?
Tomou uma decisão salomônica… Se não tem espaço para as torcidas pequenas, não tem para nenhuma… Sendo assim faixas fora.
Vamos por partes: se realmente a Força Flu tomou essa atitude, ela errou… MAS EU ENTENDO!
Na década de 1970 e na de 1980, isso eu vivi em primeira pessoa: os melhores lugares sempre foram para a Força Flu e para a Young Flu; enquanto Diretor e Presidente da Força Flu, várias vezes atuei assim…. Fosse em Campos, em Volta Redonda, em Moça Bonita, no Canindé, no Couto Pereira ou na Fonte Nova.
Que conste: hoje eu não tenho opinião formada. Entretanto, podemos enumerar MILHARES DE MOMENTOS onde a história dessas duas agremiações se cruza com a do Fluminense.
E de saída podemos afirmar que somente a Força Flu e a Young Flu JAMAIS ENCERRARAM AS SUAS ATIVIDADES por um dia sequer.
Todas as outras – Jovem Flu, Flunitor e Fiel, fundadas nos anos 1970 e a Garra, fundada nos inícios dos 1980 – já ficaram anos sem representatividade no Maracanã (não vou citar a FluMulher, pois sua data de fundação é deste século).
Sem faixas, sem bandeiras, sem componentes.
Então a primeira leitura que deve ser feita é que os nomes Força Flu e Young Flu SÃO GIGANTES, com uma representatividade de mais de 46 anos seguidos… sendo assim… na minha opinião, no que tange a espaço para as suas faixas devem sempre se fazer representar.
Entretanto, isso não significa que eu esteja de acordo com o que tanto a Força Flu, assim como a Young Flu, estejam fazendo… mas disso falarei mais adiante.
Cheguei cedo ontem à Mesquita, com o tempo suficiente para conversar com amigos das organizadas que tenho de muitos anos.
Ouvi todos os relatos com calma. Até descobri que pelo visto, uma das pequenas citadas acima enviou um e-mail (atitude típica em alguns que freqüentam o Conselho Deliberativo do Fluminense e que não chegaram ao mesmo por apoiar o candidato vencedor) para o GEPE.
Ou seja, DEDO DURO DUAS VEZES!
Entro no estádio, vou para o lugar de sempre, a arquibancada A. Vejo três faixas… pela ordem… Força, Young e Fiel… A da Bravo 52 foi colocada sobre o túnel de entrada… e o CHATO da Jovem Flu, enchendo o saco com uma bandeira que moveu pela grade, de um lado para o outro, até repousá-la de um lado entre as faixas da Força e da Young.
Começa o jogo… haviam os seguintes grupos de pé:
1) Garra Tricolor – Umas 25 cabeças; pelo visto está em processo de reorganização;
2) Força Flu – Umas 50 cabeças; é visível o DNA de se reinventar através da Baixada;
3) Young Flu – Umas 100 cabeças; é nítido, e as arquibancadas do Fluminense sentem, que não vive o seu melhor momento;
4) Fiel Tricolor – Umas 40 cabeças; é um trabalho de resistência… hoje é quem mais se parece à filosofia do começo dos 1970;
5) Bravo 52 – Umas 150 cabeças; é nítido que vive um problema de identidade, se apequena em determinadas situações onde não deveria ter receio de ser voz ativa, principalmente com as relações Institucionais.
Vamos lá então…
De saída um fato… nem a Jovem Flu, nem a Flunitor movem quantidades de pessoas que possam fazer qualquer tipo de barulho… Sendo assim ZERO de possibilidades que possam discutir qualquer espaço de faixa, menos ainda em se achar importantes ao ponto de terem cacife para quererem ditar o ritmo.
A largura do gramado de Edson Passos é de 75 metros, portanto podemos dizer que ontem, a cada 15 metros tínhamos um grupo organizado, com as respectivas soluções (bateria e/ou palmas) em percussão…
O rola o jogo… a hora passa… E A ARQUIBANCADA NÃO CARBURA.
Se por um lado, a Garra cantava o “te amar é minha raiz”, por outra a Força com “Nós somos guerrilheiros” (música que é de minha autoria de 1983) delimitava o seu espaço… Se por outro lado a Young cantava friamente, a bateria da Fiel (que é a melhor dos dias de hoje) se perdia entre tanta música atravessada, enquanto a Bravo 52 não abria mão de cantar o “eu canto Nense se o time vai bem, eu canto Nense se o time vai mal… um gol sofrido não vai me abater” (canção que eu particularmente eu odeio porque representa todos os conceitos que não me representam como torcedor do Fluminense)…
Com perdão da expressão: UMA GRANDE MERDA!
Só que com um detalhe no final das contas: o gelo da arquibancada faz com que ela não influencie dentro do campo.
Nossas torcidas organizadas na sua totalidade agonizam; as pequenas desaparecendo e as grandes resistindo como podem… A verdade é uma só: não se prepararam para o dia em que o clube parasse de dar ingressos… E olha que isso foi um costume que durou mais de 20 anos.
Sendo assim, levam três anos batendo cabeça, sem encontrar o caminho e o rumo correto para a sobrevivência…
Além de que, o que está claro é que as suas lideranças envelhecem, tanto fisicamente, como no pensar sobre o Fluminense.
Pera lá: uma Torcida Organizada do Fluminense nunca pode estar ou se sentir acima do clube. Não me venham com os mesmos discursos de sempre… Cada um olhando para o seu umbigo, achando que os seus problemas são os maiores do mundo e que o resto se dane…
Traduzindo o terror de ontem à noite… Aproximadas 365 pessoas presente nos cinco grupos de organizadas, o que dá uma média de 73 cabeças por bolo, com cada bolo se achando dono do pedaço…
Ou essas pessoas entendem que isso tem que mudar ou terão que entender de uma forma mais didática, lúdica: a razão maior tem que ser o Fluminense.
O resto… essas vaidades de merda terão que ser extirpadas…
Agora imaginem se a gente tivesse um bloco só, com 365 cabeças juntas no jogo de ontem…
Blocão compacto, 20 peças de bateria juntas, mentalidades desprovidas de vaidades… a gente teria incendiado o jogo.
Fica a dica: A UNIÃO É A ÚNICA SAÍDA!
E se continuarem com a mente mesquinha, o futuro não existirá… quando muito uma INFERNO Rubro do América e, quem sabe, com uma frase de efeito: “A cor do pavilhão é a cor do coração!”…
É isso o que queremos? Nos apequenar por causa de uma arquibancada que leva tempos dividida.
Não!
Se não sabem responder, rezem!
Orem para o Seu Armando, para a Tia Helena, para o Tato e para o Soró e se perguntem como eles estariam agindo agora… Ou vocês acham que eles estariam colocando as suas vaidades acima do clube?
Ora senhores, TEMOS QUE JUNTAR ESSA ARQUIBANCADA.
Outra coisa: o GEPE (brilhante grupo especial da Polícia Militar do Rio de Janeiro, com expertise em atuações em estádios de futebol, modelo a ser seguido por todas as polícias do Brasil) tem que entender que o Fluminense é que é o dono do espetáculo, é o Tricolor que tem os gastos de operação do estádio…
Traduzindo… É O FLUMINENSE QUEM MANDA NA FESTA; portanto o GEPE não pode, nem deve tomar a atitude que tomou em vetar todas as faixas… sem esse visual quem se prejudica é o Fluminense, é mais um motivo para que a torcida esfrie.
Assim sendo, URGE que se estabeleça uma relação Institucional com a PM, através do GEPE. O Fluminense tem que ter advogados que representem os interesses da sua torcida. Isso de limitar a 50 quilos de talco (senha de identidade da nossa torcida) o poder da nossa festa, eu gostaria que me mostrassem onde é que está escrito…
Outrossim, é preciso que a diretoria do Fluminense entenda que isso não é jogo para juvenis e que qualquer ação que se proponha tem que ter respaldo de quem de direito. Faz-se necessário um trabalho conjunto, mas com as pessoas certas sentadas à mesa.
Dei o meu recado, mas não posso terminar este texto sem mandar o meu abraço para o GRANDE Tricolor e Jornalista Caio Barbosa, que foi vítima de demissão do jornal O Dia, por interferência direta da prefeitura da cidade… Para você Caio, a minha solidariedade!
Para o dono do jornal um pequeno toque: Você não passa de um bundão! Quanto à prefeitura da cidade, falta vergonha na cara!
O cronista Antonio Gonzalez presidiu a Força Flu de 1980 a 1986, e foi seu Diretor de 1978 a 1980 e de 1994 a 1996.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: ago
Traduziu tudo o que está acontecendo, texto genial!