Hoje é aniversário do gigante Oscar Alfredo Sebastião Cox, nascido em 20/01/1880. É importante frisar o “Sebastião”, ou “Tião” para os mais íntimos, para demonstrar o quão de brasilidade havia nesse garoto. Seu pai era diplomata e entusiasta do esporte, em especial do cricket, contribuindo diretamente para a fundação do Rio Cricket em Niterói, onde também seria presidente e, coincidentemente, onde ocorreu a primeira partida de futebol formalizada no Brasil, pelas mãos do menino Sebastião Cox.
Eu digo “formalizada”, porque sim, já havia a prática do futebol no Rio, seja por marinheiros ingleses no porto ou a peãozada em algumas fábricas que se espalhavam na cidade, porém, organizado e estruturado, a partir de regras oficiais desenvolvidas pela Federação Inglesa (a primeira), com súmula e as ferramentas específicas para sua prática, é registrada a partir de Cox com a oficialidade e ampliação, caso contrário, esse esporte seria naturalmente extinto.
Cox fez parte do que seria o “ensino médio” na Suíça, impactada, como toda a Europa, pela II Revolução Industrial e o entusiasmo pelo esporte como ferramenta para desenvolvimento do ser humano, no que se dizia em uma nova etapa “civilizatória” do mundo, portanto, iniciando lá a prática do futebol na escola já em meados da década de 1890 e se entusiasmando com o novo esporte. A racionalidade, o senso de coletividade, a sofisticação tática e a disciplina, eram algo novo, diante de outras modalidades esportivas que prezavam o individual ou supervalorizavam o físico.
Oscar Cox comemorando o título carioca
Ao retornar a um Rio de Janeiro, o garoto de 17 anos percebeu que havia espaço para a constituição desse esporte em uma cidade ruralizada, tomada pelo litoral e empolgada pelas competições do remo. Os reduzidos esportes terrestres eram o turfe e o cricket, praticados geralmente por ingleses. Com a continentalização da cidade, a partir das Reformas Pereira Passos, no início do XX, o apreço aos esportes terrestres tomavam uma outra importância e os marítimos iam se enfraquecendo.
Cox investiu e foi pioneiro no futebol, seja organizando amistosos (até interestaduais) e na fundação do Fluminense, porém, o que pouco se fala, seu maior legado foi o protagonismo da formação da Liga Metropolitana de Football em 8 de julho de 1905. Ela seria responsável por organizar o primeiro Campeonato Carioca da história em 1906, destacado por uma geopolítica de clubes de um Rio de Janeiro pouco conectado, com um clube de Andaraí, Bangu, Niterói, Laranjeiras, Botafogo e Flamengo (o Paysandu Cricket).
Símbolo da Liga Metropolitana de Football
Essa iniciativa mudaria pra sempre o futebol do Brasil, pois introduzia na capital da república, um vício, ou como dizem por aê, a “cachaça” de muitos brasileiros: o futebol. Enquanto Charlles Miller organizava “peladas” numa secundarizada São Paulo, que tinha pouco referência no cenário nacional, Cox ia além: funda um clube para a prática exclusiva do futebol e realiza incursões de trem num Rio de Janeiro desconhecido para fomentar o novo esporte.
Enquanto isso, o cricket, que crescia, se estagnava, e o remo, naturalmente, se minimizava, já o futebol se popularizava de maneira embrionária. O que era pra ser um esporte de clubes tomava uma outra dimensão, se ampliava, a geografia do Rio permitia isso. As crescentes favelas, as fábricas, ocupavam, com curiosidade, as partidas, e bicavam qualquer coisa esférica nas ruas, ainda numa época amadora que duraria três décadas.
Sebastião Cox fez história, formulou, desenvolveu e organizou um esporte pouco desconhecido, até exótico na capital da república. Mesmo com todos os “poréns”, contribuiu diretamente para a prática dessa modalidade que iria culminar diretamente numa seleção única, com cinco estrelas na camisa. Cox é o pai do futebol brasileiro!
ST****
Registre-se para que se saiba. Repita-se para que se lembre.
Permita-me, Felipe, afirmar o óbvio ululante para que se repita:
Oscar Cox, pai do futebol brasileiro e do Fluminense Football Club.
O Fluminense, por sua vez, berço da Seleção. Não é coincidência.