Não podemos desanimar, tricolores (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, curiosamente ou não, o perde-e-ganha que estamos enfrentando já era algo sobre o que falei aqui. Estamos numa situação bem cabeluda, vendendo o almoço para comprar a janta, e não dá pra esperar que o time ganhe todas as partidas, ainda que sejam em casa, com as limitações que tem. Porém, nesse sábado, contra o Grêmio, um dos melhores times do campeonato – com reservas que fazem inveja aos nossos titulares – foi muito castigo não termos saído do Engenhão com um pontinho ao menos. Pelejamos de igual pra igual, tivemos chances, mas a bola não entrou a nosso favor. O futebol é assim mesmo. Restou ao maldito Everton, que odeio desde os tempos de mulambada, definir o placar do jogo. Para nossa sorte, Bahia e América-MG, que estão atrás de nós, apenas empataram em casa, e o Cruzeiro, que poderia se distanciar de nós, perdeu para o Palmeiras. O Corinthians também somou só um ponto. Isso vai bastar para nos manter no bolo.

Como tivemos essa derrota para o Grêmio, precisamos vencer o Paraná a qualquer custo para manter a média salvadora de uma vitória a cada duas partidas que tem nos mantido em uma posição confortável na tabela de classificação e longe da zona de descenso. Ao batermos a Chapecoense dentro da Arena Condá, onde só tinham perdido uma vez nessa competição, a uruca foi embora de vez e nos recuperamos do revés contra o Atlético-PR na Arena da Baixada. Em dois jogos fora, conseguimos uma vitória. Nessa pequena sequência de dois jogos em casa, que venham também os três pontos. Depois, é pensar no que vem a seguir: Fla x Flu com quem quer ser campeão, mas não consegue nem ganhar do Bahia e o jogo contra o Galo no Maracanã. Não sei bem em qual destas partidas conquistaremos os três pontos: se contra o Tricampeão da Taça Cheirinho 2018, ou contra o clube que aguarda quase cinquenta anos para ganhar outro Brasileiro, mas o resultado positivo precisa vir em um dos dois jogos.

Mas no meio de semana, quinta-feira próxima, temos a verdadeira razão para acompanhar com afinco o Fluminense no ano: a maravilhosa Copa Sul-Americana. A festa está programada, vai dar casa cheia – embora o conceito de casa cheia atualmente seja bem destoante de eras passadas – e a torcida vai dar show, tenho certeza disso. Nossa vantagem é muito larga, mas não podemos sentar em cima dela. Não vejo força no Deportivo Cuenca para fazer dois ou três gols aqui, mas todo cuidado é pouco. Temos que jogar com o coração na ponta da chuteira, respeitando a tradição tricolor ao máximo para conseguirmos outra vitória e assegurarmos a classificação. Na próxima fase tem jogo contra o Nacional do Uruguai, adversário cascudo, copeiro, que eliminou o San Lorenzo após uma desvantagem de dois gols no jogo de ida – a mesma vantagem que temos hoje. Por isso, é bom ficarmos espertos. Como vimos ano passado, a Sula castiga quem não a joga com seriedade.

Isto posto, meu recado é diretamente para a torcida. É o óbvio ululante dizer que todo mundo está puto com a derrota pro Grêmio no apagar das luzes no Engenhão, mas temos que ter consciência que o nosso time é limitado mesmo. Não dá pra esperar que vençamos todas em casa, principalmente contra o pelotão de cima. O time vai ratear, vai alternar boas e más partidas, o técnico vai cometer erros e acertos, e infelizmente temos que ser compreensivos. Os caras estão dando a vida em campo, isso ninguém pode negar. Mesmo com atrasos salariais, ninguém ali tá jogando de sacanagem. Então, meus queridos, nós também não podemos “torcer de sacanagem”. É apoiar nas boas e nas más, criticando quem tiver que ser criticado, mas não deixando o Fluminense à míngua. Você, que ia ao compromisso do quinta, mas desistiu depois dessa última derrota, repense. Vitórias e derrotas fazem parte da vida de qualquer clube, mas o Fluminense joga pra fazer história. Seja parte dela.

Curtas:

– Marcelo Oliveira já está me irritando com essa mania de colocar Kayke em campo jogo sim, outro também. Puxa logo o Marcos Paulo da base, cacete!

– E o Marcos Jr.? Nem sombra do titular do Campeonato Carioca. O que será que aconteceu com ele?

– É hora de começar a treinar variações táticas ao 3-5-2 que façam sentido, pois o time não rende bem no 4-4-2. Aliás, passou da hora. Não sou treinador nem treineiro, mas no meu humilde e limitado saber tático, eu começaria a treinar o time num 4-5-1 meio diferentão. Gum e Digão na zaga, com Marlon (ou Ibañez na esquerda) e Léo de LATERAIS, isso mesmo, preocupados em marcar. No meio, entraria com Ayrton Lucas e Everaldo como alas, os dois volantes e Sornoza. Na frente, apenas o Luciano. Essa é uma formação que pode funcionar como ofensiva e defensiva, tem um quê de imprevisibilidade e aproveita os pontos fortes do time. Talvez substituir um volante pelo Gilberto e esticar um pouco mais o Everaldo à frente (mantendo-o na esquerda pra dialogar com Ayrton Lucas) possa fazer sentido também. Algo novo precisa surgir pra começarmos a vencer as partidas mais difíceis.

– Meu palpite para o jogo contra o Deportivo Cuenca é o mesmo placar do jogo de ida: 2 x 0.

Panorama Tricolor

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