Seis exibições tricolores de glória (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, a torcida do Fluminense saiu do Maracanã neste sábado cantando o tradicional “seremos campeões”. Em outros tempos, isso não seria sequer motivo de citação, mas estamos em tempos de mídias sociais, em que até uma ida à padaria para comprar pães franceses repercute como fora o acontecimento do ano.

O que quer dizer a torcida do Fluminense com isso? Que seremos campeões? Não, quer dizer que acreditamos que o Fluminense tem todos os ingredientes para conquistar o pentacampeonato brasileiro.

Ao longo das últimas seis partidas vitoriosas, o Fluminense manteve um padrão de exibições que vai do bom ao absurdo, e isso nem inclui os 7 a 0 no Volta Redonda. Tudo isso atuando sem dois de seus principais jogadores: Manoel e Martinelli. Mais que isso, rodando jogadores de uma partida para outra e ao longo dos jogos.

O Fluminense recente vem mostrando que tem um elenco para suportar uma temporada longa e desgastante, que, é bom que se diga, é longa e desgastante para todos os times de ponta do país. Campeonato Brasileiro não se ganha com modelo de jogo ou com um grande onze titular, se ganha com elenco, e o Fluminense já mostrou que o tem, embora, na minha humilde opinião, precisemos de um lateral esquerdo para a reserva de Marcelo, que seria Jorge, cuja situação clínica conhecemos e não nos deixa qualquer esperança de com ele podermos contar ainda nessa temporada.

Tirando este fato, o Fluminense vai bem em todas e mostrou isso na luminosa tarde de ontem no Maracanã. Se tem uma palavra que resume o que vivemos contra o Athletico, essa palavra é “felicidade”. Cheguei ao Maracanã duas horas antes do jogo e o clima era de extrema leveza. Já na arquibancada, a torcida cantava e pulava de forma entusiasmada, ajudando o time a encurralar o Athletico em sua defesa, praticando um futebol de beleza, competitividade e precisão inegáveis.

O resultado de 1 a 0 que levamos para o intervalo no sábado, com gol de Lima, foi enganoso, embora o Furacão tenha andado se assanhando ofensivamente no final da primeira etapa. O que se repetiu no início da segunda, chegando a colocar em risco a nossa vitória, mas o sonho paranaense durou pouco.

Mal recobrou o domínio da intermediária, o Fluminense marcou o segundo, em jogada ensaiada na cobrança de escanteio. Alexsander recebeu entre a linha lateral do campo e a da área e sabia exatamente onde tinha que colocar a bola. No ponto onde encontraria Nino, que daria dois passos para trás, se livrando do marcador e, a exemplo do que acontecera no jogo contra o The Strongest, cabeceando livre, com um lindo gesto técnico, fazendo com que a bola fosse lá no ângulo, onde dizem que a coruja dorme.

Fluzão 2 a 0, substituições e Lelê tentou repetir com Cano a cena do segundo gol contra o América MG, há uma semana, mas Cano tentou pegar de primeira, quando deveria ter dominado a bola pererecante, e mandou nas nuvens. Aliás, o argentino deve ter pesadelos noturnos até o próximo jogo, porque está a duas partidas sem balançar as redes, não que não tenha feito por merecer em dois lindos arremates no primeiro tempo.

O Fluminense é hoje um time de repertório farto, que se faz notar a cada partida. Conseguimos vitórias com alto padrão de exibição, mas a forma de ganhar nem sempre é a mesma. Com a derrota da Dissidência para o Inter na manhã de domingo, o Tricolor se isolou na liderança do campeonato. Então, devemos dizer, que o campeonato terá o líder certo, aquele que joga o melhor futebol do Brasil no momento. Devo, inclusive, chamar atenção para o fato de que o título brasileiro é o mais provável para o Fluminense. Não que os demais sejam improváveis. O Fluminense, tenho dito isso desde antes da temporada começar, pode ganhar tudo esse ano. O fato, porém, é que o Brasileiro prega sustos, enquanto o mata-mata, por sua vez, propõe armadilhas letais.

Um time que tem vocação para manter com regularidade um alto padrão sempre se beneficiará das características do campeonato de pontos corridos. Tivéssemos um grande time com elenco limitado, a probabilidade de ganhar a Copa do Brasil ou a Libertadores seria maior. Isso não sou eu que digo, mas a própria história. É só pensar no Atlético MG de 2012 / 2013. Depois de arrancar na liderança do Brasileiro em 2012, acabou, por falta de um elenco robusto, atropelado pelo Fluminense ao longo da competição, mas conquistou, com o mesmo elenco, a Libertadores de 2013. E por aí vai.

O Fluminense pode ganhar tudo e pode não ganhar nada, mas tem algo que tenho dito a todos os tricolores com quem converso. Vamos curtir a jornada. Cada jogo do Fluminense é uma experiência saborosa para quem gosta de futebol. Então, que saboreemos cada momento, porque isso não vai acabar tão cedo.
Saudações Tricolores!

2 Comments

  1. O Brasileiro é enganoso e nem sempre ganha o melhor, mas o que soube dosar o esforço e que apesar das oscilações físico-técnicas chega no final no auge. O São Paulo de Diniz de dois anos atrás foi oscilar no finalzinho, deixando o título para os mulambos.

    Nem no time do ciclo 83-85, que tinha um conjunto muito bom e nem nos elencos 2007-2012 vi uma combinação de elenco, conjunto, técnica, estratégia como esse de agora. Já fomos campões apenas por destaques individuais, por preparo físico, apesar do técnico, por causa do técnico, mas estamos no melhor momento do Fluminense que presenciei.

    ST. Fernando – Laranjeiras/Tijuca – Rio de Janeiro.

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