Se eu fosse o senhor, Peter… (por Crys Bruno)

heat fogo contra fogo

De um lado, um técnico que só sabe usar dois modelos de jogo. Um, que não se encaixa na característica dos jogadores escalados. Outro, a “genial” saída: formar um triplé com três volantes, porque se embaralhou com os coringas

Do outro lado, um vice de futebol alheio a isso.

Resultado? Oito derrotas nos últimos dez jogos.

Quando Abel foi demitido naquele péssimo 2013, havia se fechado aquele ciclo. O treinador e aquele elenco, campeões meses antes, após uma Libertadores pífia já não conseguiam se reinventar. A troca era necessária, embora a escolha do substituto tenha sido desastrosa.

Desde então, foram seis treinadores. O clube que mais mudou de treinador.

Por quê?

Simples: porque os contrata mal.

Manter Cristóvão, já desgastado com a torcida, num mês (dezembro) em que o mercado tinha opções, formando o elenco à sua visão, foi o primeiro grave erro que desencadeou nos outros dois: Ricardo Drubscky e Enderson Moreira.

PS: manter treinador desgastado com a torcida é tiro no pé porque, numa queda de rendimento mínima, a pressão fica insuportável. Por isso, a demissão do Cristóvão era favas contadas e questão de tempo. Mas confesso que nunca vi um técnico perder oito das últimas dez partidas e não ser demitido.

Voltando… O que vi o Enderson fazer no último jogo foi tão surreal e assustador quanto catatônico. Um show de erros. E o pior: bancado pelo vice de futebol, Mário Bittencourt. Afinal, somente isso pode explicar a manutenção dele para a partida de hoje em Curitiba.

O trabalho de Enderson desandou, mas a diretoria tricolor – que não é do ramo nem aprende com os incontáveis erros dos últimos anos – acredita que será o comandante que colocará o time nos trilhos novamente.

Ah, a diretoria tricolor! Insiste num perfil de treinador equivocado, não exige dele uma filosofia equilibrada de jogo, aceita esse excesso de medo que posta o Fluminense com oito, nove jogadores atrás da linha da bola, isolando um solitário ataque, por quê? Até quando? Estou cansada e começo a achar que isso ocorre porque o dirigente tricolor seja igualmente receoso, medroso, com a mesma pequena mentalidade.

Se eu fosse o senhor, presidente Peter, que merece elogios pelo trabalho nas partes financeiras e jurídicas, mas peca na gestão do futebol, contratava dois profissionais: um técnico, com perfil mais boleiro que, ao chegar, teria o respeito do jogador – dois nomes entre os possíveis, eu gosto: Petkovic e Fernando Diniz.

O outro profissional seria um coordenador técnico para ajudar seu vice-presidente e diretor executivo, no futebol, especialmente no relacionamento com o elenco. Um coordenador técnico boleiro, do ramo, claro.

Depois de manter Cristóvão e contratar Ricardo Drubscky, prestigiar um técnico que perdeu oito dos últimos dez jogos (repito para crer), mostra que seu departamento de futebol está novamente tropeçando nas próprias pernas e retirando as chances do Fluminense fincar-se nos trilhos.

Se eu fosse o senhor, presidente, tomava o leme do barco das mãos do departamento de futebol, que precisa ser reforçado. Mário Bittencourt e Fernando Simone não estão dando conta sozinhos. Em dias, saímos do G4 para nos aproximar do Z4: surreal e absurdo.

Podemos vencer o Coritiba, hoje, o que acho muito difícil, mas Peter não pode deixar a sujeira ir para debaixo do tapete. A necessidade de chacoalhar o departamento de futebol e a comissão técnica urge e não DEVE ser mais ignorada. Precisamos de um novo técnico e, até, de um coordenador técnico para auxiliar seus gestores.

UM PASSE LONGO:

Pessoal, depois da torcida, patrimônio maior de qualquer clube, o jogador é o mais importante personagem do futebol. É ele que joga o jogo, que representa a nossa paixão. Não gosto de treinador que coloca seu ego acima do elenco para disciplinar. Futebol não é um quartel e, Enderson, visivelmente, não é mais respeitado.

Verdade, Edson! Você não precisa ser bonzinho. Clube de futebol não é paróquia de Igreja. Não existe disciplinar noitadas de jogador. Existe apenas multar o mesmo caso tenha sido no seu horário de trabalho. Mais nada. Da porta do clube ou da concentração para fora, não quero saber de nada sobre vocês. Clube de futebol não é paróquia.

Impor respeito é resultado de que o profissional já não o tem. Impôs, punindo os jogadores com barrações e afastamento. No futebol, como na vida, quando o perdemos, já era. Por tudo isso, me acorde quando tivermos um novo treinador.

Era para “ontem”, porque ainda tínhamos chance de reagir. Com três vitórias seguidas, voltaríamos ao bolo. Mas com técnico e diretoria desprestigiados pelos únicos que podem recolocar o Fluminense de volta aos trilhos, com ambiente chumbado, só quero hibernar, sob um efeito anestesiante, porque cansei.

Mas… me acorde quando tivermos um novo treinador.

TOQUES RÁPIDOS:

– O forte do elenco é o naipe de meias, mas Enderson escala Marcos Jr na posição…

– Gustavo Scarpa, “aleluia, senhor”, volta ao meio-campo. O jogador mais lúcido, com visão de jogo, dribles e passes, jogava de lateral, com Marcos Jr. armando.

– Tanto se pediu o segundo atacante de lado de campo mas Enderson o barrou. Ele prefere mesmo é o “cracaço” Marcos Jr. armando, centralizado, com Cícero ou Gerson de ponta direita e Osvaldo no banco. Pobres centroavantes. Pobre meio-campo que tem que correr por setenta metros durante noventa minutos. Pobre time sem poder de fogo!

– Falando sobre o solitário centroavante e único atacante nesse modelo, Michael, que não joga há “setecentos” meses, que sumiu dos treinos algumas vezes durante a suspensão por uso de cocaína, sem ritmo, será titular de novo. Wellington Paulista e Magno Alves, jogadores que estão mais preparados e entrosados com o jeito de jogar da equipe, sentam no banco. Qual sentido disso, pelo amor de Deus?

– O ego do técnico do Fluminense está superando todos os limites e estamos sendo punidos como torcida por conta disso. Ele não é comandante de um quartel general, nem padre. Pode transferir seus erros e sua máxima culpa ao jogador “A”, “B”, “C”. A mim, não engana mais.

– Me acorde quando tivermos um novo treinador.

– “Não quero ter razão, quero ser feliz” (Ferreira Gullar, poeta brasileiro), e ver feliz a nós, tricolores, apaixonados por essa instituição ímpar, limpa, linda.

Abraços fraternos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @CrysBrunoFlu

Imagem: “Heat”, Robert de Niro 1996

o fluminense que eu vivi tour outubro 2015

3 Comments

  1. Parabéns, Crys! Ótimo texto!!! Desligo-me do futebol, mas não de sua sabedoria! Abc

    1. há,há, pare com isso. rs Logo logo o Fluzão voltará a nos dar alegrias!

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