Saudade do Mago (por Marcus Vinicius Caldeira)

DecoNa última sexta-feira, Deco se despediu de vez dos gramados ao realizar seu jogo de despedida no estádio do Dragão em partida realizada entre Porto e Barcelona, dois gigantes do futebol mundial onde o craque jogou e foi multi campeão.

Foi batizado Anderson Luis de Souza, mas é conhecido no meio do futebol simplesmente como Deco. Dono da camisa vinte que sintetiza muito bem o futebol dele, afinal vinte é duas vezes dez e a camisa dez é dada ao grande craque do meio-campo nos times de futebol.

Deco nasceu em 27 de agosto de 1977 na cidade de São Bernardo do Campo, São Paulo. Iniciou sua carreira no Guarani de Campinas em 1995 e dois anos depois já estava no futebol europeu atuando pelo Benfica de Portugal. Dispensando pelo time português, foi parar no rival Porto, onde brilhou ao conquistar duas taças nacionais, a Taça da UEFA e a Liga dos Campeões da UEFA, na qual se tornaria bicampeão ao também vencê-la com o Barcelona.

Depois do Barça, foi para o Chelsea e em seguida realizou seu sonho voltar de jogar profissionalmente no Brasil em um grande clube do país, uma vez que antes de ir para Portugal teve apenas uma breve passagem pelo Corinthians.

Foi no Fluminense que Deco encantou a todos. Apesar de lidar constantemente com um problema crônico de contusão, o gajo – também é conhecido assim por ter se naturalizado português e jogado pela seleção portuguesa – jogou o fino da bola e foi duas vezes Campeão Brasileiro (2010 e 2012) e também Campeão Carioca (2012).

O Mago teve sua estreia em uma partida contra o Vasco da Gama, pelo Brasileiro de 2010 e marcaria seu primeiro gol pelo Tricolor em um jogo contra o São Paulo. Pelo Fluminense, Deco marcou sete gols. Mas, o que brilhava era seu repertório de jogadas, passes maravilhosos e assistências para gol. E ele deixou muita gente cara a cara com o gol pra marcar: Sheik, Washington, Fred e Wellington Nem que o digam.

Algumas jogadas dele ficarão marcadas para sempre em nossas memórias. O gol da virada contra o América do México, por exemplo, no Engenhão. Quem não se lembra do antológico e plástico balãozinho no jogador do Avaí, quando ele dominou um passe pelo alto e sem deixar a bola cair aplicou um chapéu clássico. Lindo! Espetacular! Aliás, chapeuzinhos era o que mais gostava de distribuir.

E o gol contra o Vasco na final da Taça Guanabara de 2012? Todos esperavam um cruzamento da lateral e o Mago chutou de lá mesmo, pro fundo da rede.

Lembro-me muito bem do Fluminense x Boca Juniors em La Bombonera em 2012. Eu estava lá. Ganhamos por dois a um, com Deco jogando muito e fazendo o gol da vitória.

O ano de 2012 foi seu ápice no Fluminense. Livre de contusão, jogou várias partidas e foi fundamental nas conquistas do Campeonato Carioca e Brasileiro daquele ano.

Quem não se lembra no final daquela partida no Estádio Independência em Belo Horizonte (eu estava lá) quando mesmo ganhando, a torcida, o time e o técnico do Galo se prestaram a um chororô gigantesco – inversamente proporcional ao Atlético que é clube pequeno – e ele declarou no final: “Eles ganharam hoje, mas nós seremos os campeões”. E fomos.

Infelizmente, no ano seguinte, Deco voltou a ser assombrado pelas contusões e resolveu parar com o futebol, dando a seguinte declaração: “Fisicamente poderia jogar, mas os meus músculos não suportam mais”. Ainda sofrera com uma punição por dopping, que foi revista e retirada mais tarde.

Uma pena. Jogava muito.

Sinto saudade dele em campo. Um dos mais clássicos jogadores de meio-campo que tive a oportunidade de ver jogar.

Alguns seres humanos não deveriam morrer. Alguns jogadores de futebol não deveriam parar de jogar.

Deco era um deles.

Mais uma vez: obrigado por tudo, Mago!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @mvinicaldeira

Imagem: Lancenet

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