O Fluminense jogava a final do Carioca de 2005 contra o Volta Redonda. Todo tricolor lembra desse jogo. Depois do controverso título de 2002, era a nossa grande oportunidade de vencer um campeonato. O time de Abel Braga àquela altura precisava vencer a partida por dois gols de diferença. Eu não pude estar no Maracanã naquela ocasião por conta do aniversário do meu avô. A casa estava cheia de familiares e, como já disse aqui em outra oportunidade, quase todos são flamenguistas. Portanto, assisti ao jogo sozinho no meu quarto, onde eu poderia xingar, gritar e fazer o que eu quisesse, sem que alguém me importunasse. Como meu pai sempre é o responsável pela churrasqueira, não tive sua companhia.
O jogo se encaminhava para uma zebra retumbante: o Volta Redonda seria campeão carioca pela primeira vez na história sobre o clube com o maior número de títulos do estado.
Mas o que quero contar sobre esse episódio é o seguinte:
Eu estava deitado no sofá que ficava no quarto e perdia as esperanças de que poderíamos ainda fazer um gol, que seria do título. Pressionávamos, mas nada dava certo. Já havíamos virado em gols chorados de Tuta e Marcão. O último gol não poderia ser diferente. Levantamento à distância de Leandro na área. Surge o zagueiro Antônio Carlos, que permaneceu no ataque e subiu junto com o goleiro Lugão, que falhou. A bola bate no cocuruto do nosso jogador e a bola morre no gol adversário. Eu dei um salto do sofá e levantei os braços com força. O ventilador de teto estava girando na potência máxima e minha mão direita o acertou. O ventilador se desprendeu do teto e ficou preso apenas pela fiação. Eu desci correndo as escadas para gritar que era gol do Fluminense como se nada de mais grave tivesse acontecido. Minha mãe gritou:
– Olhe sua mão.
Estava toda banhada em sangue. Eu não sentia dor, apenas uma alegria imensa por mais um título, daqueles bem com a cara do Fluminense. Houve algo de Nelson Rodrigues naquela comemoração. Eu tinha dado meu sangue pelo time.
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Em 2011 encontrei o zagueiro Antônio Carlos em um restaurante no Recreio dos Bandeirantes e tive a oportunidade de agradecê-lo por aquele gol “sem querer querendo”.
Panorama Tricolor
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