Pelo menos, a consciência de que o Fluminense está ruim (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, não tem nada pior do que não termos a consciência de que o ruim é ruim. O ruim tem disfarces, ele se disfarça nos resultados. Quem não se lembra das 12 vitórias seguidas e coisa e tal? Culminaram na eliminação vergonhosa diante do Olímpia.

Vendo o primeiro tempo do jogo de ontem à noite, tivemos uma espécie de repeteco do que aconteceu em Assunção. Um Fluminense apático, sem iniciativa e sem qualquer plano visível de jogo, acuado em seu campo o quanto o adversário se dispôs a nos proporcionar a pressão.

Talvez Abel Braga acredite que se posicionar defensivamente e especular ofensivamente seja um plano de jogo. Daquele tipo que você sofre durante 45 minutos, caso necessário, sofra durante mais 20 minutos e, no final, como num milagre, a vitória aconteça em lances aleatórios.

Quase faz lembrar a vitória de 2 a 0 no Fla-Flu. Ou seja, parece que faz sentido jogar assim, só que a exceção não pode ser tomada como regra. Não foi assim contra o Olímpia, não foi assim contra o Botafogo e não foi assim na noite de ontem, contra o Júnior, que deu um banho de bola no Fluminense nos primeiros 45 minutos e administrou os 45 minutos finais, até chegar a um terceiro gol fácil.

O Fluminense, taticamente falando, é o espelho da ideia inicial de Abel para a temporada: algo parecido com o 3-4-1-2. Só que Abel nunca foi capaz de construir um time a partir dessa ideia, ou mesmo do 3-4-3. A boa impressão que pudemos ter do Fluminense está circunscrita ao que vimos em três ou quatro jogos do Campeonato Estadual, em que atuamos, quase sempre, no 4-4-2.

Mas não é só o 4-4-2, ou a ausência dos três zagueiros, é o conceito de jogo. Eu não sei de que mente prodigiosa ele partiu, mas o conceito de jogo do Fluminense naqueles três ou quatro jogos foi tudo o que eu espero de futebol. Sem querer ser repetitivo: marcação pressão, aproximação entre as peças, posse de bola defensiva no campo do adversário, jogo associativo, deslocamentos inteligentes e compactação defensiva.

Parece que eu estou falando de coisas de outro mundo. Eu estou falando de fundamentos de jogo. Que podem caber ou não em determinada proposta, eu reconheço, mas alguém conseguiu reconhecer uma proposta de jogo no que o Fluminense fez ontem, que foi o mesmo que fez contra o Olímpia e o Botafogo? Que fez no primeiro jogo da final contra a Dissidência?

Depois do primeiro tempo tétrico, com 2 a 0 para o adversário no placar, Abel troca os laterais e, mais à frente, finalmente coloca Martinelli para termos meio. Porém, não demora muito e tira Cano e Árias para colocar Fred e William? Com que propósito? De matar nossa possibilidade, ainda que exígua, de reação?

Amigas, amigos, com tanta aleatoriedade, seria motivo para demissão sumária. Porque até no futebol as coisas têm que fazer sentido. Eu espero que o banho de realidade motive algo, pelo menos na torcida, que é, última forma, quem melhor escala o time. Não fosse a torcida a insistir com Ganso, nem o Flamengão estaríamos comemorando agora, apesar de todos os problemas da Dissidência.

Abel se escora em Ganso para manter algo que não faz sentido, só porque deu certo em um (e não dois) Fla-Flu. Está há três meses trocando peças para não mudar um modelo que sequer pode ser chamado de modelo de jogo, porque ninguém entende sua manutenção sem Felipe Melo, que talvez volte daqui a dois meses.

Poupa Ganso num Fluminense e Santos pela estreia do principal campeonato que disputamos, que deveria ser nossa tara e profissão de fé. Para jogar um jogo de Sul-Americana com um time sem qualquer ambição ofensiva? Jogamos contra quem? Eu repito que o Junior não é essa baranga que apregoam, mas ainda é o Junior. O Junior contra o Fluminense, cacete!

Pelo menos agora temos uma visão clara de que não está bom. E não vai ficar bom com três zagueiros. Não como Abel os concebe. Não com o deserto de ideias e trocas de peças quando a água bate no pescoço, que não são só para agradar a torcida, mas rendições ao óbvio.

Espero ver uma nova postura contra o Cuiabá, que é possível, porque temos elenco para isso, mas será que temos treinador para pelo menos reconhecer o óbvio?

Saudações Tricolores!

2 Comments

  1. Se nada for feito, após dançarmos nas copas, lutaremos contra o rebaixamento neste ano. E com poucas chances de êxito. FORA MARIO! FORA ABEL! FORA BOLSONARO! RUBRONECAS QUE SE LASQUEM!!!

  2. Estou imaginando que contra o Cuiabá ele vai tirar os alas e deixar os zagueiros.

    Fábio,
    Nino(zagueiro-ala), Manoel(zagueiro-central) e Brás(zagueiro-ala)
    André, Yago, Ganso, Martinelli,
    L. Henrique, Cano e Árias

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