O Fluminense se classificou para as oitavas de final da Copa do Brasil, depois de perder para o Bragantino e contar – mais uma vez – com uma atuação marcante de Marcos Felipe. Assim não fosse, muito provavelmente teria seguido o caminho de Palmeiras, Cruzeiro e Corinthians, grandes equipes eliminadas na competição ontem.
O final do jogo em Bragança Paulista não ofereceu felicidade, mas alívio.
Conforme tenho dito aqui há algumas semanas, o que constrói um time campeão ou que, ao menos, brigue por títulos é a consistência e a regularidade de boas atuações.
Depois de um breve intervalo de qualidade a partir da vitória sobre o River Plate, precedida por uma atuação humilhante na decisão do Campeonato Carioca, o Fluminense parece ter retornado ao estágio anterior. Em boa parte do jogo, parece um bando.
Muitos torcedores que acompanham futebol há décadas, bem antes da existência de Roger, veem no Fluminense uma situação no mínimo estapafúrdia: ao insistir em manter Nenê e Egídio como titulares absolutos, o treinador precisa colocar quase metade do time para “protegê-los”, correndo fora de posição, se desgastando e pouco produzindo. É uma situação inédita na história do clube, acostumado historicamente a coletivos guerreiros onde ninguém tem que levar ninguém nas costas.
Talvez fosse compreensível se essa proteção acontecesse com Fred. Os motivos? Segundo maior artilheiro da história do clube, maior ídolo tricolor do século XXI, campeão carioca e brasileiro além da Primeira Liga. É um símbolo e aí faria sentido.
Nenê teve um ótimo momento pelo Fluminense. Não ganhou nenhum título. Não ganhou nada. Fez um grande gol de falta ontem. Só.
Egídio é um daqueles nomes que fazem o torcedor refletir muito. Perto dos 35 anos, sem velocidade e um marcador horrendo, passou a vida em grandes clubes e foi defenestrado de todos eles. Na última vez, foi dispensado pelo Cruzeiro quando foi rebaixado. Virou solução no Fluminense.
Para Roger, pessoas como eu só dão opinião. Ele é que sabe muito, impondo uma situação que invariavelmente leva os torcedores do Fluminense à loucura, que qualquer criança de sete ou oito anos de idade sabe detectar. Sabe muito ou se submete a algo ridículo por fatores extracampo?
Como jogador, teve uma grande carreira, longe de ser craque. Marcou seu nome na história do Fluminense, marcando o gol que deu o título da Copa do Brasil ao Flu em 2007. E ao sair, deixou uma bela carta para os torcedores. Treinador há alguns anos, conquistou alguns títulos estaduais onde já entrava com 50% de chances de ser campeão e, ao provavelmente ignorar as opiniões dos torcedores, não conseguiu manter nenhuma sequência, sendo demitido de todos em meio às temporadas.
Nesta quarta, ao subestimar o que a torcida vê facilmente nos jogos, Roger reviveu um famoso personagem da TV brasileira: Ofélia, consagrada pela atriz Sônia Mamede e com remake posterior feito por Cláudia Rodrigues, ambas atuando ao lado de Lúcio Mauro, decano do humor brasileiro que interpretava seu companheiro Fernandinho. A marca de Ofélia era constranger o marido na frente de terceiros com sua ignorância colossal, dita com total naturalidade.
Todo mundo falha e com Roger não é diferente. Talvez a insistência em utilizar um vocabulário pernóstico para sugerir erudição tenha confundido suas ideias. Mas o treinador precisa levar em conta que o terrível momento pandêmico acaba lhe poupando nas arquibancadas: se insistisse com suas teses mofadas havendo público permitido, dificilmente escaparia no Maracanã de um tremendo coro de BUUUUUUUUR-RO, BURRRRRR-RO, especialmente ao manter Nenê e Egídio se arrastando em campo.
O Fluminense se classificou e esse é o único destaque do meio de semana. Nem sempre a sorte vai sorrir, ainda mais em jogos eliminatórios da Copa do Brasil e da Libertadores, onde a teimosia estúpida costuma ser punida com eliminações.
Ainda temos tempo para arrumar a casa. Só que não ganhamos absolutamente nada, estamos há quase nove anos sem títulos relevantes e, sinceramente, não é o espírito de Ofélia que vai levar o Fluminense a ser campeão.
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Em tempo: antes do jogo, nas redes tricolores rodava o print de algum torcedor com um levantamento onde em X derrotas desde o ano passado, talvez oito, onde Egid19 esteve presente em uma delas e Danilo nas supostas sete.
Não quero desanimar os amigos que querem crer nesta sentença, que se baseia nas escalações apenas, sem determinar a participação decisiva de um e outro nos insucessos, mas o que posso dizer é que, do ponto de vista estatístico, não tem qualquer relevância. Aliás, virou uma febre esse negócio de sofisma, às vezes amparado até por números, para justificar a presença de um jogador como titular.
Ah, só para lembrar: o Fluminense só não perdeu para o São Paulo graças a um pênalti não marcado, cometido pelo Egid19. No domingo passado, ia entregando a paçoca para o Cuiabá.
Danilo Barcelos é melhor? Em nada.
O maior problema é a vontade de Dom Eduardo Uram.
É o Cadinho que decide se pode ter faixa de Voto On Line.
É o Zé Pereba que diz que a torcida assina cheques.
Com personagens assim, não precisávamos de Roger em noite de Ofélia.