Não era fácil ser garoto em fins dos anos 1970 para se ver um jogo de futebol. Pouquíssimos passavam na maravilha tecnológica chamada televisão.
As maiores partidas do mundo rolando no Maracanã e só havia uma alternativa: torcer para o pai chamar para o jogo. Não havendo, ficava a belíssima narração das grandes rádios, mas e para ver?
Outro desafio para quem tinha escola de manhã, mas necessário: esperar acabar a mesa redonda da TVE no domingo e, à meia noite de, se deparar com as imagens mais bonitas do mundo: o velho Maracanã, imperdível e velho Maracanã.
Uma voz ditava o ritmo: a de Januário de Oliveira. Também tinha José Cunha às vezes, mas Januário era a presença.
Narrou e apresentou uma década de partidas gloriosas. Já tinha uma longa carreira mas naqueles anos ele foi a voz televisiva de timaços do futebol carioca, com seu coração tricolor batendo forte pelos tricampeões de 1983 a 1985.
Nos anos 1990, sua história com o Fluminense passou do sentimento à eternidade: além de batizar o super-herói Ézio, Januário foi praticamente o locutor oficial de uma das maiores jornadas da história tricolor: o Campeonato Carioca de 1995. Ao lado de Gerson e Pierre Carvalho, Januário de Oliveira foi uma testemunha viva de tudo o que aconteceu, muitas vezes em jogos com pouquíssimo público, disputados e transmitidos às segundas-feiras – foi uma competição que poucos torcedores viram do começo ao fim. Por tudo isso, mereceu narrar o maior gol de todos os tempos. E seu trabalho foi tão marcante que ele mesmo, Januário, tornou-se um ídolo feito aqueles que fazem gols imortais.
Afastado há anos da locução por problemas de saúde, Januário de Oliveira já tinha cadeira cativa nos corações tricolores desde sempre. Sua voz potente continua a ecoar em bordões como “Sinistro, muito sinistro”, “Tá lá um corpo estendido no chão” (genialmente tirada da letra de Aldir Blanc), “E o gol!” e tantos outros, que levam os garotos de 1980 às lágrimas em 2021 por saberem que, mais do que uma grande voz, ali estava também um irmão mais velho de arquibancada.
Descansa em paz uma voz que jamais se calará para os corações tricolores. Respeita Januário de Oliveira!
Cresci assistindo ao carioca pela Band, ao lado do meu falecido irmão, ouvindo o Januário sempre dizendo:
“i o gol!!!!”
Com sua voz inigualável.
Mais um Tricolor assumindo seu lugar na eternidade!!!
Belo texto, apenas uma correção, era Adilson Coutinho, no lugar de Pierre Carvalho.
Pense aí tb o que foi Januário de Oliveira na minha adolescência, ouvindo rádio, lá em Sumé!!! Rs