Resolvam esta merda, por favor (por Zeh Augusto Catalano)

Maio de 2014. Já morando em Brasília há quatro anos, eu não perdia oportunidades de ir ao Maracanã. Andel me chamou. Fomos assistir ao último jogo antes do fechamento para a Copa. Fluminense x São Paulo. Tiba tava lá. Ernesto também. Foi divertidíssimo. Walter acabou com o jogo. Cinco a dois.

Sábado de Carnaval, 2007. Nas falecidas cadeiras brancas, assisti com Andel e Prazeres a um excelente 4 x 4. O Flu abriu 4 a 2, parecia ter o jogo nas mãos, mas no final ficou tudo igual.

Por uma dessas coincidências da vida, tenho mais amigos tricolores do que vascaínos, inclusive nas arquibancadas. Gente com quem tenho mais amizade do que com muitos que partilham do meu amor clubístico. Mas hoje, esse programa de doze anos atrás se tornou uma impossibilidade, por conta dessa querela do lado da arquibancada.

Vou me abster de tecer considerações acerca do problema em si, sobre quem tem razão ou não no assunto, pois isso é secundário. O que é fato é que quatro instituições (Fluminense, Vasco, Maracanã e FFerj) têm um problema para resolver há anos e (com perdão da palavra) cagam baldes para o assunto até as vésperas de novo encontro entre os times. Ai, cada um se mune de suas verdades, se ampara em suas leis e pronto.

Na hora do jogo, eu, você, a sua família, sua filhinha, sua mulher, que têm o direito de ir ao jogo, que se lixem e que levem porrada da polícia porque uma meia dúzia de imbecis não resolvem um problema que tem hora marcada para acontecer. Vai acontecer de novo agora no segundo turno, daqui a menos de dois meses. E os caras vão, de novo, cagar para a gente, vascaínos e tricolores, pra gente que gosta de futebol e não torce por nenhum dos dois times. Comprei meu ingresso pra partida no sábado pela manhã e ajudei um casal de franceses de meia-idade a comprarem ingresso pro jogo. Foi deles que lembrei naquele caos. Que vergonha pro Brasil, pro Rio.

Aliás, esse é outro ponto que me espanta nessa história. O poder público (polícia, prefeitura e outros) também ignora o problema, como se este não lhes dissesse respeito. Ou seja, estes não interferem no que consideram um evento privado. Mas a porrada come é na rua. A polícia, que ontem foi absurdamente truculenta na Eurico Rabelo, lotada de crianças, mulheres e idosos, é obrigada a intervir porque nossos dirigentes não querem tomar atitude.

Ontem, o presidente do Vasco teve a pachorra de dizer que o problema não diz respeito ao Vasco, mas a Flu e Maracanã. Se esquece que as duas torcidas estão correndo risco igual nas ruas. Inaceitável. Coloca a bandeira do mais protegido na camisa do time, cheio de solidariedade, mas deixa a própria torcida se expor a essa zona. Hipocrisia!

O resumo: o problema existe e todas as partes envolvidas agem como se este não existisse. Até que alguém morra.

Este ódio que vem sendo cultivado não vai nos levar a nada que preste. Tricolores e vascaínos querem ver futebol.

Que algum desses dirigentes tenha a hombridade de convidar o outro a sentar e decidir, juntos, alguma forma de resolver essa situação, antes que seja tarde. Isso está criando e fomentando um ódio que nunca existiu entre as duas torcidas. Que as partes sentem, exponham suas razões e arrumem uma saída para esse problema.

Panorama Tricolor

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