Final de semana sem jogo do Fluminense, a turma ainda animada com a festa do Thiago Silva no Maracanã. Terça tem o Botafogo e não será nada fácil. Tudo bem.
Se no Brasileiro há preocupações visíveis, exceto para quem vive dentro da realidade prática, na Libertadores temos uma grande folga de preparação até confronto diante do Grêmio. Que ninguém se engane: a barra será pesada.
Então eu conversava com meu querido amigo Alfredo Sertã no WhatsApp. Divagávamos sobre o grande Fluminense tricampeão dos anos 1980, que acabou de completar o aniversário de 40 anos do segundo título brasileiro tricolor, ainda hoje muito celebrado por parte dos torcedores.
Dois jogadores daquele grande time não tiveram o devido reconhecimento à época, mas que merecem todas as loas.
Um deles é Aldo. O tempo mostrou que ele foi o grande lateral direito do Fluminense nos últimos 40 anos, sem sombra de dúvida.
Outro jogador esse ainda mais cult em termos de Fluminense é Jandir.
Bem lembrou o Alfredo: Jandir era um jogador com vigor físico espetacular, uma capacidade de combate impressionante e, ao contrário do que se dizia, sabia sair jogando. Tinha um bom futebol, que aparecia apenas ocasionalmente porque nosso volante não era prioridade de saída de bola do Fluminense, que contava com o próprio Aldo, mais Branco, Ricardo Gomes e Duílio, todos em alto nível.
Jandir chegou ao Fluminense em 1982. Era uma época difícil: o Flu acabou em quinto colocado no Campeonato Brasileiro, mas execrado pela torcida, com a fúria potencializada pela venda de Edinho. No Campeonato Carioca, nossa campanha foi muito fraca, assim como no Brasileiro de 1983, mas aí o grande time de Assis começou a reescrever a história.
Num time sempre referenciado pelas qualidades técnicas de jogadores como Romerito, Assis, Washington, Tato, Deley e Branco, Jandir se destacou pelo combate, pela dedicação e desarme. Ele era o tipico volante que tomava a bola para imediatamente passar aos homens de criação do time tricolor. Talvez poucos se lembre, mas o estilo de Jandir era muito parecido com o de outro jogador que foi muito criticado e depois merecidamente teve o grande sucesso: Dunga. Por sinal os dois atuaram juntos pelo Internacional. Só que Dunga teve a possibilidade de não somente fazer uma carreira internacional, mas também chegar à Seleção Brasileira sendo capitão da equipe e campeão do mundo.
Como quase sempre acontece, Jandir não deveria ter saído do Fluminense, mas acabou acontecendo: foi jogar com Edinho no Grêmio no fim dos anos 1980, foi supercampeão por lá e em 1994, ainda retornou brevemente para as Laranjeiras antes de encerrar. Atuou com a bravura de sempre. E aí então com seu velho companheiro Branco, já como armador da equipe tricolor, o Fluminense montou um time forte para naquela temporada. Pena que o título não veio, com a derrota para o Vasco no último jogo da competição, mas a equipe deixou pelo menos duas ótimas lembranças: os 4 a 2 sobre o Flamengo com três gols de Super Ézio e o inesquecível 7 a 1 sobre o Botafogo. Nosso time contava com jogadores excelentes, tais como o goleiro Ricardo Cruz, o zagueiro Luiz Eduardo, o lateral esquerdo Lira, além dos próprios Jandir e Branco, os meias Luiz Antônio e Luiz Henrique, os gols de Ézio e o arranque de Mário Tilico na ponta direita.
Nunca é demais lembrar: se o Fluminense foi tão consistente na década de 1980 e teve um dos maiores times de sua história, é porque jogadores como Jandir davam o máximo de si em campo para que os craques pudessem mostrar seu potencial. O operário, o jogador responsável por brigar e desarmar, que pouco aparecia para a torcida e nas manchetes dos jornais, mas que era muito importante para o equilíbrio da equipe tricolor.
Pouco afeito a entrevistas, Jandir tem a visibilidade bem menor do que merece. O Fluminense deve a ele o reconhecimento à altura. Com 319 partidas disputadas pelo clube e apenas 61 derrotas, os números mostram bem o que significou sua atuação em campo. E aos que erroneamente apontam Jandir como um jogador violento, basta dizer que em nove temporadas disputadas pelo Flu, ele foi expulso apenas seis vezes de campo.
O Fluminense de Jandir era um símbolo de obstinação pela vitória.
Paulo, este era meu ídolo maior do time tricampeão .