O ano era 1967 e, consequentemente, muito diferente da atualidade. O futebol já existia há mais de meio século no Brasil e o esporte, outrora rejeitado por alguns que preferiam o remo, já havia cativado a população com toda a arte, elegância e paixão que emitia, despertando, assim, o amor das pessoas e levando-as aos estádios. Leônidas da Silva, Heleno de Freitas, Didi e tantos outros craques já tinham se aposentado e dado espaço a uma nova geração que, da mesma forma, marcaria os corações e as memórias dos admiradores do futebol.
Dentre os craques que nela estiveram incluídos, um teve a façanha de se destacar e conquistar o apreço das pessoas pelo mundo afora: Pelé. Majestoso com a bola nos pés, ele marcou época e entrou no rol dos maiores jogadores de todos os tempos, desfilando com a camisa do Santos durante dezoito anos. Neste ínterim, salvo os títulos estaduais e internacionais, Pelé colecionou seis campeonatos brasileiros, fazendo da equipe santista soberana e quase invencível dentro dos territórios brasileiros. O Fluminense, feliz e merecidamente, está dentro dessa lista. E é figura repetida: venceu em cinco ocasiões. Em uma delas, surpreendentemente, aplicamos um placar elástico no Peixe: 3 a 0.
O jogo deu-se no domingo de 30 de abril de 1967 – o mesmo ano que citei no início do texto –, no Maracanã, válido pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, conhecido popularmente como “Robertão”. Foram pouco mais de trinta mil torcedores que puderam ver um show em campo e jogadores colossais de ambos os times, como Altair, Denilson, Roberto Pinto, Samarone e Lula defendendo o Fluminense, na companhia de Buglê, Edu, Carlos Alberto Torres e Pelé, o rei do futebol, defendendo as cores do Alvinegro Praiano. O Flu soube se impor dentro de casa e imortalizou o triunfo com Lula e Jorge Costa – este duas vezes – marcando os gols, tendo Humberto como goleiro que parou o monumental ataque santista.
Houve piadas de que o Santos não estava em uma boa fase, o que é pura falácia: no ano seguinte, ele viria ser, novamente, campeão do Brasil e, mais tarde, Pelé contribuiria para mais um título do Brasil em Copas do Mundo. Com mérito, o Tricolor das Laranjeiras orgulhou seu torcedor e venceu não só o Santos, mas uma eterna legião de craques lembrada por tudo que fizeram pelo futebol brasileiro. Passaram os anos, os times, os jogadores, até mesmo as grandes festas nos estádios, mas uma coisa não: a essência das partidas, das rivalidades. Ela está viva nos campos, nos escudos e nos corações de cada torcedor. Atravessou o tempo e as tempestades, mantendo-se viva e acesa até os dias de hoje.
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Cinquenta e três anos depois, Fluminense e Santos permanecem como potências históricas do futebol brasileiro e se encontram, neste domingo, no mesmo palco onde duelaram tantas vezes: o Estádio Mário Filho.
Tudo mudou, mas, como disse, a essência futebolística perdura. A torcida, idem, apenas órfã do velho Maracanã que se foi, cenário de tantas festas maravilhosas coloridas pelas bandeiras e lindas nuvens de pó de arroz.
Virá, portanto, mais um capítulo desse confronto carregado de histórias e belas vitórias para os dois lados, que há anos enriquece o nosso futebol.
Torçamos por mais uma página contando uma vitória tricolor.
30/04/1967
Fluminense 3 x 0 Santos
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Árbitro: Etelvino Rodrigues
Renda: NCr$ 46.601,20
Público: 28.870 pagantes + 6.395 menores (35.205 presentes)
Gols: Lula, aos 15′ do primeiro tempo; Jorge Costa, aos 15′ do segundo tempo; e Jorge Costa, aos 38′ do segundo tempo.
Fluminense: Humberto; Oliveira, Valtinho, Altair e Severo (Bauer); Denilson e Jardel; Mário Tilico (Samarone), Cláudio Garcia (Jorge Costa), Roberto Pinto e Lula. Treinador: Tim.
Santos: Cláudio; Carlos Alberto, Joel Camargo e Rildo; Clodoaldo (Lima) e Orlando; Amauri, Buglê, Ismael (Toninho), Pelé e Edu. Treinador: Antoninho.
Panorama Tricolor
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#credibilidade
Se o Santos não é mais o mesmo de antigente, o Fluminense também não é.
Os dois clubes passaram nos últimos anos a ter papel meramemte figurativo nos campeonatos.
Esperemos uma boa partida desta vez, e com Vitória tricolor de preferência.
Olá, Tarcisio! Concordo plenamente com seu comentário, tanto é que sempre defendo em minhas colunas a necessidade do Flu sair do marasmo em que se encontra nos últimos anos. Saudações tricolores.