Qual é o time titular do Fluminense? (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, eu já devo ter dito isso por aqui, mas vale reiterar que eu construiria meu time tendo como pedra fundamental a figura de Paulo Henrique Ganso.

Não é só por considerar Ganso um craque e reconhecer nele a capacidade de ser o núcleo de uma proposta de jogo, mas porque eu vi no jogo contra o Volta Redonda que ele pode ser essa figura.

Mas aí, amigas, amigos, é o que eu penso, e isso é o menos importante, porque temos que nos ater à realidade, e nossa realidade são as ideias do Abel e sabe-se lá que ideias mais.

Pelo que tenho notícia, o Fluminense irá a campo hoje com: Fábio; Nino, Felipe Melo e David Braz, Calegari, André, Yago e Cristiano da Moldávia; Luís Henrique, Fred e Willian.

Em outras palavras, o mesmo time engessado que vimos nos primeiros jogos da temporada. Uma lástima e um risco grande para nossas pretensões na competição, sobretudo porque temos pela frente um adversário jovem, rápido, e veloz, embora com jogadores inexperientes.

É praticamente impossível não pensar no pior, ainda mais num jogo disputado na altitude, que tem andado longe de ser, nos últimos anos, nosso principal adversário. Já vencemos jogos lá, mas jamais com um ataque com William e Fred.

Eu elenquei quatro jogadores para entrarem no time concebido como titular por Abel Braga. Tudo isso depois de muitas observações. Eu juro que tenho acompanhado os jogos com telescópio. São eles: Calegari (no lugar de Samuel Xavier), John Árias (no lugar de William), Germán Cano (no lugar de Fred) e Ganso (no lugar de Cristiano da Moldávia).

Não vejo nenhum dos jogadores que estou, hipoteticamente, tirando do time, exceto Fred, como problemas, exceto como sendo titulares. Só não entendo que eles tenham que ser titulares, embora eu dê aí um desconto para o Cristiano da Moldávia, que vem evoluindo no decorrer dos jogos e está longe de ser essa bomba que andam pregando por aí. Aliás, gostei da evolução do Pineira no jogo com o Volta Redonda, o melhor que jogamos na temporada.

Eu até aceito que o Ganso não entre no lugar do Cristiano, porque isso implicaria uma mudança mais complicada, que mudaria o esquema tático para um 4-3-1-2, com Árias voltando para fazer a ala e Luís Henrique atuando ao lado de Cano da dupla de ataque.

As demais substituições, mantendo o 3-4-3, no entanto, me parecem óbvias. Aliás, pelo que tenho visto, parecem óbvias para 101% dos tricolores e 102% dos não tricolores, menos para Abel e para quem sabe-se lá que escala o time.

Então, para clarear um pouco, eu viria com: Marcos Felipe, Nino, Felipe Melo e David Braz; Calegari, André, Yago e Cristiano; Luís Henrique, Germán Cano e John Árias. Isso é o simples do simples para termos um time mais intenso, combativo e com poder de fogo ofensivo. Um time rápido, veloz e capaz de colocar pressão no adversário, mesmo sem ter um meio de campo criativo, como o que tivemos no último sábado.

Será que é difícil ver isso ou eu ando tendo alucinações?

Não estou criticando nenhum jogador, apenas colocando em campo aqueles que são mais produtivos, exceto o Ganso, mas por uma questão de não provocar um trauma tático. Muito embora, Abel tenha atuado com o Volta Redonda num simulacro de 4-4-2.

Aliás, há nisso um ponto positivo para o trabalho de Abel, que é o de fazer o time jogar com diferentes configurações táticas. O louco disso tudo é que, independentemente da configuração tática, o time joga melhor na mesma medida em que atua sem os titulares.

Isso é preocupante? Não, é uma evidência. Mas se torna preocupante na medida em que vemos a insistência nos erros. Aliás, uma marca registrada de todos os técnicos nos últimos dois anos. Que nos expõe a riscos desnecessários e decepções.

Vejo o jogo de hoje com muita preocupação. Não pelo elenco do Fluminense, que é muito melhor do que a média da opinião pública percebe. Aliás, tem mostrado isso. O que me preocupa é o Fluminense oferecer um banquete ao adversário em plena Libertadores.

É a desoladora e insistente visão de que torcemos para um clube que não se leva a sério e que não respeita aqueles que o amam. Eu não vou nem dizer que “tomara que eu esteja errado”. Eu não estou errado, porque ninguém pode estar errado ao falar do óbvio. O óbvio que todo mundo enxerga.

Eu só posso é torcer para que o incauto desafio ao óbvio não nos imponha um revés irreversível.

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Mas eu tenho que falar do Marcos Felipe, porque há coisas que não podem passar.

Qual foi a sequência de falhas ou jogos ruins a justificar a perda da titularidade? O que fez Fábio, a quem respeito e admiro, para conquistá-la, exceto uma única grande defesa?

Que tipo de gestão de elenco é essa em que o principal jogador do elenco em 2021, com grande campanha em 2022, é barrado sem qualquer razão lógica num jogo de Libertadores, competição na qual foi o grande responsável por termos idos às quartas de final?

Que mente prodigiosa concebe isso? Qual é a visão de grandeza, de meritocracia e justiça devemos depreender disso? Qual é, sequer, a visão pragmática que sustente tal decisão? Como reage um elenco diante de tal injustiça? Como se vai passar seriedade? Quem mais vai acreditar que as decisões são sérias no futebol do Fluminense? Quem vai?

Com todo respeito, claro, ao Fábio, de quem sou um admirador. Mas não há absolutamente nada que justifique essa decisão, e isso mina a confiança do elenco na correção de quem decide, e é muito confortável transferir a decisão para os preparadores de goleiro.

Afinal, quem é que entende de decisões de preparadores de goleiro? Talvez seja a única forma de percebemos o que fomos incapazes de perceber durante todo ano de 2021, que tudo que Marcos Felipe fez, incluindo esse ano, foi fruto da nossa imaginação.

Que os Deuses nos protejam e nos redimam de tanta precariedade moral!

Saudações Tricolores!