Tricolores de sangue grená, há épocas da vida em que nos encontramos numa situação de quase estase temporal – por um lado, sabemos que algo está prestes a mudar ou a acabar; por outro, nos recusamos a mudar imediatamente e acabamos por deixar que o tempo se encarregue disso. Essa iminência do acontecimento parece durar eternamente, tal qual o tempo extra em uma partida decisiva, que precisa ser desempatada.
Vejo o Fluminense vivendo situação similar. Desde o início da Florida Cup (e talvez até antes disso), testemunhamos a proximidade de um evento: a demissão de Eduardo Baptista. Os dois únicos resultados positivos do ano foram contra times muito, mas muito abaixo da crítica. Não há muitas maneiras de negar esse fato. Quase toda a torcida pede sua saída e a contratação de um técnico de ponta que, sinceramente, não sei se podemos pagar – mas deveríamos poder.
Confesso que não gostei da contratação de Baptista, como não gostei da de Cristóvão, Drubscky e Enderson Moreira. Não são treinadores que me despertam confiança. É claro que a torcida pediu a cabeça de Abel e Cuca no passado, por exemplo, em determinados momentos, mas há, claramente, uma diferença de perfil. Não torço contra o atual treinador, mas observo seu trabalho como a vítima da estase supracitada: sei que a qualquer momento, em breve, ele será demitido.
Acho muito difícil, embora torça por isso, que eu queime gravemente a minha língua. Quero que o Fluminense atropele o Cruzeiro no Mineirão, vença o Fla-Flu e o “Americano com sorte”. Isso manterá o treinador no cargo para que ele possa conquistar títulos. É isso que, como torcedor, eu desejo. Mas meu lado racional não consegue enxergar esse cenário. Talvez, se a diretoria agir como fez nos casos Cristóvão, Luxemburgo e, por último, Enderson, possa ser que Baptista só caia se a maionese desandar no Brasileiro, depois de sairmos dos dois torneios que disputamos atualmente.
Infelizmente, seu lado técnico deixou a desejar em vários jogos, com substituições esdrúxulas, escalações incorretas, falta de tato e de comando para lidar com certas situações e inversão de posicionamento de vários jogadores, entre outras bizarrices. O elenco do Fluminense é bom, mas precisa de treino. Para treinar, não adianta “treineiro”. Tem que ser treinador. Pode ser que ele reverta o cenário e dê certo? Pode. Andrade, que não tinha nome algum como técnico, foi campeão brasileiro pelo Flamengo, do dia pra noite. Acontece, mas não com frequência. Torço para que seja a nossa vez.
Enquanto isso, a prorrogação segue. Estamos na etapa complementar e tá na hora do gol decisivo sair. Invariavelmente, um terá que sair.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: AS / PRA
Será que esse gol foi ontem nos 4×3???
O engraçado, ou patético sei lá: a zaga (junto com os laterais junto) são uma baba; sem Frederico em campo parece que o pessoal corre bem mais, Marco Jr faz muitas faltas desnecessárias, ou será implicância minha?
Que tenha sido o jogo da virada.
ST
Amém, Carlos!